terça-feira, 26 de maio de 2009

Quando se deixa de ser criança

Foto: Roberto Nemanis/ SBT

Barra-bandeira, casinha de boneca, pega-pega, 31 alerta, brincadeira de roda, “seu rei mandou dizer”, patinete com rolimã, empinar papagaio, ouvir historinhas da vovó, jogar pião e bolinha de gude.

Estas eram algumas das brincadeiras de uma criança de 7 anos de idade na época das nossas avós, nossos pais e muitos outros que vivenciaram momentos tão inesquecíveis, quando se era permitido ser de fato criança.

Na sociedade da mídia a inocência é algo descartável ou líquido, como diz o sociólogo europeu, Zigmunt Bauman. Ouvir perguntas simples ou singular de uma criança de 7 anos implica dizer que ela não está conectada com a nossa época. Que suas atitudes são bobinhas e não estão desenvolvidas como o “filho de fulano” e a “filha de sicrano”.

Comparar faz parte da era tecnológica. Exigir sabedoria e discurso de adulto para uma criança de 7 anos faz parte do repertório da maioria dos pais na sociedade midiática. Sem isso a criança não se mostra competitiva já que o mercado é assim.

Então, estar com 7 anos e pensar socialmente no parâmetro dessa idade são ações impossíveis para as crianças em geral. Afinal, não são elas que passam pelo ridículo de não saber e sim os pais que passam pelo incômodo de não ensinarem seus filhos a se superarem, ou melhor, superarem os outros.

Quando se superam antecipam atitudes que deveriam chegar um pouco mais tarde como a sexualidade, por exemplo, experiências com bebidas alcoólicas e cigarros e o jeito adulto de se vestir e se sentir ‘homem’ ou ‘mulher’.

A menina Maisa Silva (apresentadora do programa de Silvio Santos) de apenas 7 anos de idade é um desses produtos do marketing comercial e midiático.

Bom para a audiência de Silvio Santos, refrigério para seus pais que estão de olhos fechados para as conseqüências do amanhã e pensam nela como a representação dos seus sonhos (também criados, em muitos casos, pela própria mídia) e estratégico para realimentar o desejo de tantos outros pais em ver seus filhos fazerem o tal sucesso na maior janela aberta do mundo: a TV.

Tudo parece ser mesmo natural. No entanto, a infância que tem sinônimo de inocência está perdida em algumas das baias e coxias da TV, na maquiagem implantada para melhor se expor e no discurso que de tão ‘bonitinho’ parece quase que claramente vem de uma imposição seja dos pais, seja da construção do repertorio absorvido por Maisa quando ainda era menor do que aparenta ser.

A maior janela do mundo nunca deu conta do seu poder e da sua interferência nos lares, do seu estrago na formação societária, na construção de uma sociedade.

Maisa está triste, diz a própria mídia, porque está longe dos holofotes já que a Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Osasco (SP) revogou a licença da menina para gravar no Programa Silvio Santos (24/05/09).

Sua tristeza (acompanha por um psicólogo) tem sentido. Afinal, entre o ambiente do seu lar repleto de tentativas de mostrar o quanto ela se supera no vídeo, sua boneca tranqüila em cima da cama a espera de um momento de ninar, Maisa está muito mais envolvida no glamour midiático dessa sociedade espetacularizada que consegue matar uma das características mais natural de uma criança: sua inocência.

Para ela, Maisa, o mundo se resume entre o brilho das luzes produzidas no palco, microfones, produtores e colegas de escola pedindo autógrafos e perguntando o que fazer (?) para ser igual a ela.

Artigo no Observatório da Imprensa

Gente,
O texto "Quando se deixa de ser criança" , referente ao caso da menina/apresentadora Maisa, está no Observatório da Imprensa.

Que bom que podemos provocar o debate sobre a mídia do espetáculo. Dessa forma contribuímos com a mudança.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pra gente não deixar de rir







O exército de uma blogueira só

Jornal do Commercio (só pra assinante)
24.05.2009

Como uma mulher de 34 anos, casada e com filhos abala o regime castrista somente com o relato do cotidiano de uma cubana comum de Havana

Luiz Zanin Oricchio

Agência Estado

Em muito pouco tempo a cubana Yoani Sánchez saltou do anonimato à condição de uma das pessoas mais conhecidas na rede mundial de computadores. Conseguiu o feito graças à mais democrática das ferramentas da web, um blog pessoal.

Mas não pense que Yoani é apenas mais uma celebridade instantânea, que conseguiu fama com a prática comum da autoexposição. Nada disso. Ela é casada, mãe de um filho, mora em Havana e usa seu blog como ferramenta de resistência. Quem conta essa história é o jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo em seu livro A ilha roubada – Yoani, a blogueira que abalou Cuba (Barcarolla, 180 páginas, R$ 32).

Para colher material para o livro, Sandro foi a Cuba, onde conversou não apenas com a blogueira. “Eu fiquei quase um mês só em Havana e falei com muitas pessoas comuns, do povo, convivi com várias delas, visitei casas de famílias, falei com o embaixador do Brasil, Bernardo Pericás, falei com empregados na área de serviços, funcionários do comércio, vendedores clandestinos de charutos, pintores e músicos de rua, donos de paladares, os restaurantes privados, mas não usei nenhum testemunho ou depoimento”.

A ideia é que a realidade cubana fornecesse apenas um pano de fundo. E que o foco fosse colocado na figura principal, a blogueira solitária.

Yoani, motivo desse esforço de reportagem, mora num apartamento modesto em Centro Havana, bairro pobre da capital cubana. É lá que pensa e escreve esse blog (http://desdecuba.com/generaciony) de posts simples, breves, que falam do seu cotidiano na ilha de Fidel e Raúl.

Ou seja, relata as dificuldades de sobreviver, de marcar uma consulta médica, deslocar-se pela cidade e pelo país. Tal simplicidade, direta e sem rodeios, atingiu o alvo de maneira extraordinária. Como diz Vaia, talvez Yoani seja hoje a blogueira mais conhecida do mundo.

O blog começou de forma modesta em abril de 2007 e hoje alguns dos seus posts recebem até 6 mil comentários. É o sonho de consumo de qualquer blogueiro.

ESFORÇO DE GUERRA

Mas colocar esse blog no ar é, literalmente, uma operação de guerra. Como na ilha a internet é controlada, Yoani não tem acesso ao próprio blog. Para postar, ela escreve o texto em um computador sem conexão com a internet. Salva o texto num disquete, vai até um hotel ou lan house e o envia por e-mail a amigos.

Estes o traduzem em vários idiomas e mandam o texto para o servidor, hospedado fora de Cuba. São esses amigos internacionais que administram os comentários e mandam uma versão condensada para que Yoani os leia.

Não adianta tentar acessar o blog Generación Y de qualquer posto público em Cuba. A resposta do computador é sempre a mesma: “Error”. Mas, fora da ilha, pode-se lê-lo em nada menos que 17 idiomas fora o espanhol.

Compreensivelmente, a maioria dos comentários vem dos Estados Unidos, onde é grande a comunidade cubana dissidente. Em seguida vem a Espanha.

Apesar de todo o controle, a repercussão em Cuba também parece grande. O público-alvo está expresso no próprio nome do blog. Yoani, que tem 34 anos, explica em sua home page: Generación Y destina-se aos nascidos em Cuba nos anos 70 e 80 “marcados pelas escolas no campo, bonequinhas russas, saídas ilegais e a frustração”.

Com isso, tornou-se uma espécie de porta-voz dessa geração e fez do blog um ponto de encontro e resistência, embora não tenha perfil de dissidente clássica.

“Yoani não teve formação ideológica, a resistência dela ao regime é dirigida à sua falta de funcionalidade, que se expressa nas carências da vida cotidiana, nas restrições à liberdade de expressão, na prevalência sufocante de um pensamento único.

Se você perguntar se ela tem uma idéia clara do que colocar no lugar, eu diria que não”, diz Sandro.

Mas esse mal-estar parece generalizado, na impressão do repórter que é Sandro Vaia. “A impressão geral do contato com o povo cubano, que tem um espírito alegre e tolerante, é que ele está esperando que de repente alguma coisa boa vai acontecer e que a a vida deles vai melhorar.

Eles têm um pensamento entre cético e mágico e são capazes de achar que o milagre pode vir até mesmo de Raúl Castro. Um motorista de táxi – sempre eles – me disse uma coisa que outras pessoas comuns me deram a entender com outras palavras: o regime está ‘anquilosado’ e precisa de uma boa dose de ar fresco.” Como discordar?

Poesia

A aprendizagem amarga
Thiago de Mello

Chega um dia em que o dia se termina
antes que a noite caia inteiramente.
Chega um dia em que a mão, já no caminho,
de repente se esquece do gesto.
Chega um dia em que a lenha não chega
para acender o fogo da lareira.
Chega um dia em que o amor, que era infinito,
de repente se acaba, de repente.

Força é saber amar, perto e distante,
com o encanto de rosa livre na haste,
para que o amor ferido não acabe
na eternidade amarga de um instante

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Quando a imprensa não faz o seu papel

Durante o dia de ontem (20/05) a assunto em pauta na mídia local e até em nível estadual foi o estupro de uma aluna de Direito na Facape*, ocorrido por volta do meio-dia da segunda-feira (19), dentro de uma das salas da instituição, de acordo com as informações veiculadas.

Algo realmente digno de publicação pela mídia, indignação pela sociedade e providencias das autoridades cabíveis.

Até aí se pode entender. No entanto, alguns pontos ficam obscuros: A mídia cobre o fato e volta para a mesma história sem desdobramento e apuração.

1º Dados sobre exame médico pericial que comprove o ato e/ou fato consumado (estupro);

2º Uma declaração da delegada responsável pelo caso para informar as providencias encaminhadas e os próximos passos.

Até mesmo para que a matéria pudesse seguir em nível estadual era mais do que necessário o desdobramento dos fatos para melhor esclarecimento à população.

Quando a imprensa não faz o seu papel, perde a imprensa e a sociedade.


* Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina/PE

sexta-feira, 15 de maio de 2009

RESPOSTA BRILHANTE

Recebi este e-mail do meu amigo Bráulio Wanderley e resolvi socializar com os meus amigos blogautas.

Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta:

- Qual a diferença entre Político e Ladrão ?

Chamou muita atenção a resposta enviada por um leitor :
- Caro Millôr, após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: a diferença entre o político e o ladrão é que um eu escolho, o outro me escolhe. Estou certo? Fábio Viltrakis, Santos-SP.

Eis a réplica do Millôr :
- Puxa, Viltrakis, você é um gênio... Foi o único que conseguiu achar uma diferença!

Ainda sobre as farras das passagens - parte 2

Só pra entender, por que os deputados e senadores da bancada de Pernambuco como Sergio Guerra (PSDB); Marco Maciel (DEM); Jarbas Vasconcelos (PDMB), Gonzaga Patriota (PSB); Pedro Eugenio (PT), Fernando Ferro (PT)... só pra citar alguns... não propuseram derrubar a legislação instituída na Casa que beneficiava a todos com bilhetes aéreos?

Legislar contra a causa própria não deve ser mesmo uma tarefa fácil, nobres representantes.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ainda sobre as farras das passagens

A ex-senadora Heloísa Helena se sentiu muito ferida na sua alma em relação a matéria veiculada no site Congresso em Foco sobre a farra das passagens. Respondeu de forma enfática que usou as passagens “ totalmente de acordo com o que estabelecia a Legislação Vigente”.

A senadora parece que não entendeu o foco da cobertura sobre este caso. O questionamento da grande imprensa e da sociedade em geral não é o fato de se ter quebrado ou não a legislação estabelecida, mas as razões pelas quais nenhum parlamentar, inclusive a própria senadora, propôs derrubar essa legislação institucional por achar que a mesma é imoral, oportunista e absurda.

Resumo da opera: a farra das passagens, legitimada pelos parlamentares, é um roubo do dinheiro publico.

Congresso Nacional: uma sarjeta constituída


‘Nunca antes na história desse país’ o Congresso Nacional foi tão desmoralizado como agora. ‘Nunca antes na história desse país’ a profissão político, especialmente deputado e senador, foi tão chacoalhada, esculhambada e registrada merecidamente pela mídia.

Entre a cobertura de uma tragédia tsunamica onde muitas cidades do Nordeste estão embaixo d’água, segue depois uma matéria de escândalo político seja no âmbito do Congresso Nacional -- local com maior número de corrupto por metro quadrado no Brasil – ou de qualquer outra instituição publica tipo prefeitura, câmara de vereadores.

A pauta da plenária da Câmara ou fala do “vamos limpar a casa e moralizar” ou dos discursos evasivos dos deputados que trazem alguns pontos abortados nos seus estados e fingem que estão trabalhando.

E pra completar tem deputado que pensa que comissão de trabalho é resultado de apoio $$.

Entre uma mudança interna e outra o Senado não tem rumo. Vai pra contramão da sociedade tentando se explicar sobre as várias despesas faturadas com desvios de verbas....

Na busca de indicar uma reserva moral do Congresso fica um questionamento no ar. Existe algum representante?

O Congresso Nacional é uma sarjeta constituída de elementos de alta periculosidade e dispostos a continuar na luta por uma imunidade parlamentar sem fim, respaldados por uma impunidade para todos que compõem a Casa.

Mês de junho bate a porta, vem o recesso e pula para o fim do ano. E o que é mesmo que foi votado de relevante pelos tais parlamentares?

2010. Um novo Congresso. Uma nova sociedade.

Poesia pra ser feliz

A Mulher e a Casa
João Cabral de Melo Neto

Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,

uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;

pelos espaços de dentro:
pelos recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,

os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Congresso Nacional: todos são culpados até que provem o contrário



Os congressistas sofrem de tanto trabalhar. Afinal, esconder o que não se pode mostrar não tem sido uma tarefa fácil já que a imprensa está fazendo o dever de casa direitinho (em algumas coisas).

A Câmara gasta seu tempo em fazer levantamento de passagens áreas para amigos, namorados, amantes, sindicalista e família dos deputados e nós pagamos a conta no final do mês. Pra engrossar o caldo, o presidente Lula solta na imprensa o texto de que ta tudo bem e que as pessoas veem coisas demais e que por aqui como em todo o lugar do mundo tem problemas.

O Senado começa a mostrar os bastidores da Casa com desvios de verbas em gabinetes, em contratos superfaturados com empresas de terceirização nas áreas de limpeza e segurança quando nem bem começou o escândalo do
ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi que já emboçou quase R$ 2,3 milhões usando uma firma “laranja” no nome de uma babá com 83 anos que jamais sonharia com essa quantia.

Nem bem um escândalo entra numa página de jornal (ou site ou blog) e um novo já começa a brotar. Em se tratando de fertilidade no quesito roubalheira nosso políticos são pioneiros.

Uma questão começa a pairar no ar. É mesmo verdade tudo isso que está acontecendo de uma vez toda ou é um filme de ficção?

Quando se trata do Congresso Nacional parece mesmo que todos são culpados (creio que devem ter exceções!!!) e não há como provar o contrário.

Assim é demais...







segunda-feira, 4 de maio de 2009

Resultado enquete

Como você avalia os 4 meses de governo do prefeito de Petrolina, Julio Lossio?

Positiva. Ele melhorou muitas coisas na cidade............ 0%

Negativa.Tudo que ele disse na campanha até agora não fez nada....... 56% (9)

Ainda é cedo para avaliar...... 43% (7)