Resolvi entrar no debate dos professores Cosme Santos e
Josemar Pinzoh em relação aos principais personagens, José Dirceu e José
Genoíno, envolvidos no chamado Escândalo do Mensalão (2005), do governo Luis Inácio
Lula da Silva.
Digitando os nomes dos dois no “pai de todas as palavras” e
conexões desse planeta, o Google, você se depara com tudo de mais recente que
existe sobre a temática Mensalão, Supremo Tribunal Federal e o mais “novinho” dos
termos, os tais “embargos infringentes”.
O que
o professor Cosme Santos quase chama de “passado glorioso” e histórico dos dois
personagens parece soar distorcido em relação a tudo que estamos vivenciando,
hoje, através da chamada grande mídia e especificamente (prefiro ficar com essa
ala) os estudiosos do caso, a exemplo de Antonio Vila, historiador e professor do
Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos/SP.
Para os que não viveram (ao vivo e em cores) os tempos de
chumbo (eu me incluo no contexto) e não são estudiosos da história
política/social do nosso país, achar alguma coisa que nos leve a conhecer o
real significado desses personagens durante uma época especifica, não é tão
complicado assim.
Detalhe: podemos buscar através do pai das palavras e
conexões (repetindo): o Google. E, claro, os livros, que retratam muito bem
esse período histórico (1964/1985) e posterior desdobramento com as Diretas Já
(1984) e finalmente a eleição de Lula (2003/2006/2010), o 1º presidente
metalúrgico, que foi pobre, é nordestino, veio da base sindicalista/metalúrgica
e foi legitimado pelo voto do povo. Outro acervo quase infinito de informações
são as dissertações e teses sobre a temática encontradas nas universidades.
Navegando por esse universo de dados podemos ter um resumo
geral da importância desses dois, digamos assim, “representantes da democracia”
brasileira. Verificamos suas lutas,
desafios, organizações e estratégias (até plástica/mudança de nome e tudo mais)
para conquistar o tão sonhado sistema democrático de direito.
Essa história/memória nunca poderá ser apagada. Nunca. No
entanto, faremos aqui um divisor de águas. Antes dos personagens entrarem no
PODER e depois de se embriagar (literalmente, também) com ele.
Longe
de parecer aqui a baluarte da verdade e conhecedora das entranhas políticas
desse sistema, penso que seria infinitamente impossível, absolutamente irreal, fantasmagoricamente
incompreensível que as negociatas realizadas e todo o dinheiro
(reconhecidamente circulante por todos envolvidos no processo) do Mensalão, acontecessem
sem o conhecimento e, orientação e sobretudo aprovação de José Dirceu e o acompanhamento
de José Genoíno.
Todos
os intelectuais, militantes, apreciadores e apaixonados pelo PT sabem perfeitamente (e falam) que o Zé sempre foi
centralizador, estrategista (pra não dizer maquiavélico) e “comandava” (comanda?)
com mão de ferro o partido, e basicamente todos os associados (inclusive as
alas que divergem).
Todos
comentam abertamente sua soberba em relação ao poder com a qual ele se vangloria.
Este é o modus operandi de ser do Zé. Todos sabem o quanto ele é determinado e
um “trator” para fazer valer a sua vontade, que se pode dizer até que seja pela
tal “luta democrática”, desde que a perpetuação do poder (jamais a alternância)
seja estabelecida.
Assim
sendo, pensar que esses personagens embrenhados no sistema político
estabelecido na nossa democracia possam ser “inocentes”, “não sabem de nada” e
que tudo isso é fruto de uma “mídia golpista”, é abusar demais da nossa
tolerância cerebral.
Qualquer
um que entre na máquina não passa isento desse sistema político. Caso contrário
é engolido por ele. Não existe exceção. Se existiu, já morreu!
Não
acreditar que o Zé tenha envolvimento com toda essa articulação/negociata
financeira é o mesmo que aceitar que a intelectualidade do Marco Willians Camacho, mais conhecido
como Marcola, jamais o levaria a comandar o
maior núcleo do narcotráfico brasileiro com conexões internacionais, o PCC (1º Comando
da Capital). Qualquer semelhança estrategista do Zé com este elemento... é mera
coincidência.
O que
transformou o Zé e manchou sua memória, sua história de luta de classe pela tão
sonhada democracia foi a embriaguez pelo poder. Maquiavel pode explicar muito
melhor...mas isso é outra história.
Ainda
que a grande imprensa não seja na sua totalidade a verdade absoluta dos fatos,
ela tem colaborado, sim, com toda a sociedade. Ela tem exercido o seu maior
papel: ser a ouvidoria do cidadão.
Faz
sentido a gente recordar que não foi a imprensa que desvendou o Mensalão
(inclusive ela andou a reboque de). Foi exatamente um dos pares (na época) do
Dirceu, o deputado Roberto Jefferson, que jogou a bomba no colo da sociedade.
Daí, o
silêncio dos esquerdistas...todos estão atônicos. Nunca esperavam que tudo isso
fosse acontecer ...pelo menos não esperavam que quase tudo fosse descoberto.
Acreditar
na inocência desses personagens é também acreditar na existência dos Duendes,
Papai-Noel, Chapeuzinho Vermelho, Mula sem cabeça, Homem Aranha, Super Homem...