terça-feira, 25 de novembro de 2008

Os novos secretários de Petrolina e Juazeiro


Este blog já postou alguns textos sobre a escolha de secretários para as pastas municipais em Petrolina/PE e Juazeiro/BA.

O assunto vem à tona, novamente, num momento em que alguns nomes estão sendo cogitados e outros já foram até confirmados. (?) E qual é a preocupação básica do eleitor, da comunidade?

É o compromisso (ou não) que estas pessoas devem (deveriam...) ter para com a questão pública. Algumas coisas que não são bem resolvidas ficam expostas quando as escolhas dessas pessoas deixam de passar por um crivo técnico, responsável, ético e de credibilidade.

É preciso então fazer uma reflexão (coisa que este blog vem tentando fazer a muito tempo...). Como pode um engenheiro, por exemplo, ligado a uma empresa que venha a ser beneficiada pela prefeitura, assumir uma secretaria chave que atua na área de urbanismo?

Como pode um repórter, radialista ou jornalista (por formação) assumir a função de secretário de imprensa e ao mesmo tempo estar ligado a um veículo de comunicação? Haverá isenção na sua cobertura como repórter do veículo?

De que forma uma Secretaria de Ação Social pode avançar em projetos de desenvolvimento para o coletivo se a pessoa que responde pela pasta não entende coisa nenhuma sobre social e pouco ou quase nada pisou na periferia da cidade?

Haverá avanços na área da educação, por exemplo, se a escolha do secretário(a) passar apenas por uma indicação (conchavo) política já que o escolhido(a) não sabe nem o que é educação doméstica? Haverá avanços?

Fazer uma campanha política (sobretudo aqui no Brasil, sobretudo no interior desse Brasil...) não é uma tarefa fácil. Até porque a tirar pelos ilustres candidatos, tanto à prefeitura como a vereança, se imagina o nível de comprometimento com a coisa publica.

No entanto, fazer a escolha do quadro de profissionais que vão gerir o município junto com o prefeito é uma definição muito importante e que requer uma análise, sobretudo, sociológica da realidade local e regional.

O significado das possíveis variações entre o agir comunitário, os conflitos urbanos e rurais, as questões macro e micro que envolve a administração de uma cidade devem ser pensados considerando todo o conjunto problemático que permeiam as comunidades.

Assim, é mais do que importante e relevante à escolha de secretários que tenham o perfil adequado para gerir essas questões, que vão muito além de uma campanha política.

É preciso profissionalismo (agarrado com decência). Estas são as palavras chaves. O resto? Vamos aos ajustes.

domingo, 23 de novembro de 2008

Estou no Recife

Gente,
Estou no Recife (onde tem a Orla mais linda do Nordeste) e quase não posso postar no blog. Hiper, mega, super ocupada...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Compesa, prefeitura e o povo…a novela continua


Nos capítulos anteriores, meses que antecederam as eleições, dizia a Compesa (ou era a prefeitura??) que estava resolvendo questões estruturais de solo e tubulação para então solucionar as enormes crateras abertas pela empresa em várias ruas de Petrolina.

Mas os serviços estão paralisados, inacabados e são verdadeiros transtornos à população. Há locais que a tabuleta da Compesa está até empenada de tanto esperar o trabalho.

Tem rua que aguarda o tal ajuste da empresa há mais de um ano... isso tudo pra não falar da água que não chega em muitos bairros mas a fatura vem todo mês normalmente.

E o povo? Vai às ruas, às rádios, faz reclamações na própria empresa, entra na justiça contra a Compesa... e nada. Por que será que esta empresa é tão blindada e parece que nada chega até o topo do poder.

Como pode uma empresa se dizer prestadora de serviços, abrir frente de trabalho em ruas importantes em circulação de carros e não concluir o trabalho?

A novela da Compesa vem rendendo audiência e muito a imprensa regional. A pauta dos rádios é uma repetição diária e por mais que a temática venha à tona parece que as coisas não andam.

De que forma o Ministério Publico pode agir para fazer valer o direito do cidadão? Por que nós, pobres mortais, que pagamos religiosamente a conta de água com serviço temos que engolir seco este descaso para com a sociedade?

Finalmente, as ruas serão consertadas? Os serviços serão concluídos? Quando? As perguntas ficam no ar e no blog.

domingo, 16 de novembro de 2008

Poeisa pra gente ser feliz

ILUSÕES DO AMANHÃ

'Por que eu vivo procurando
Um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?

Procuro em todas, mas todas não são você
Eu quero apenas viver
Se não for para mim que seja pra você.

Mas às vezes você parece me ignorar
Sem nem ao menos me olhar
Me machucando pra valer.

Atrás dos meus sonhos eu vou correr
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.

Se a vida dá presente pra cada um
O meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.

Talvez eu seja um tolo,
Que acredita num sonho
Na procura de te esquecer
Eu fiz brotar a flor
Para carregar junto ao peito

E crer que esse mundo ainda tem jeito
E como príncipe sonhador
Sou um tolo que acredita ainda no amor.'
PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE)

Este poema foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade, de 'excepcional'.
Excepcional é a sua sensibilidade!
Ele tem 28 anos, com idade mental de 15 e peço que divulgue para prestigiá-lo.
Se uma pessoa assim acredita tanto, por que as que se dizem normais não acreditam?


(observações feitas por Liliana Falangola enviadas à Elizbeth Moreira)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A caixa preta da prefeitura de Juazeiro


Depois de uma eleição, e neste caso estamos falando do município, é muito natural (pelo menos deveria ser) o processo de transição entre o ainda atual prefeito e o novo que vai sentar na cadeira a partir de janeiro.

Em Juazeiro/BA, parece que as coisas não são tão naturais assim. Aliás, não é um privilegio só de Juazeiro, mas Jaboatão dos Guararapes (juntinho do Recife/PE) tem um processo de transição pra lá de conturbado e, diga-se de passagem, muito pior do que a cidade vizinha a Petrolina.

E por que uma transição tem que ser tão complicada? O que existe de tão importante na “caixa preta” da prefeitura?

Imaginemos quando mudamos de casa. Fazemos uma geral em tudo e jogamos no lixo (às vezes) uma série de coisas que vão amontoando com o tempo e a gente não se dá conta do quanto isso cresce em volume.

É mais ou menos por aí que uma prefeitura em final de gestão faz. Agora, o difícil é fazer isso tudo e passar informações preciosas que estão guardadas a sete chaves mas que devem ser reveladas independentemente do partido que vai assumir.

Xiiiiii...aí é onde mora o problema. Afinal, lembrando novamente da nossa mudança de casa, temos tantas coisas guardadas que não queremos expor. Coisas que são nossas e devem ficar bem escondidinhas. No entanto, em se tratando de uma prefeitura não podemos pensar da mesma forma.

As gavetas devem ser esvaziadas dos guardados a sete chaves. Tudo tem mais é que ser exposto, apresentado, conhecido, revelado...
Como uma nova gestão pode começar a planejar em médio e longo prazo sem o conhecimento dessas informações?

Vale ressaltar algo interessante. Tudo, absolutamente tudo que faz mover uma gestão municipal deve ser de conhecimento público.

Isso porque até onde sabemos, elegemos pessoas para gerir a coisa pública, aquilo que pertence de direito ao povo, uma vez que é este mesmo povo que paga os salários dos gestores.

Já que vamos pagar a fatura é mais do que justo cobrarmos o extrato.

O povo só quer entender



Existe realmente a tal fidelidade partidária?

Se existe por que os tais representantes do povo pulam tanto de galho em galho?

Por que alguns candidatos não honram o nome do partido durante as eleições?

Por que os partidos que não têm nada a ver um com o outro ficam juntinhos nas eleições e depois começam a briga de foice pelos cargos no poder?

O povo só quer entender.

Se os representantes desse povo puderem explicar, a democracia agradece.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vereador Justino Figura já está gastando por conta


O vereador Justino Figura, aquele do partido Sem Nexo, personagem assíduo da Emissora Rural, que foi eleito por uma junção de compra de votos e desvio de verbas, já está usando o exercício da vereança antes mesmo de assumir a função na Câmara de Petrolina, a partir de janeiro de 2009.

Começou comprando um apartamento na Orla II e uma Hilux preta. Semana passada esteve visitando um dos bancos da cidade (não é aquele da fusão, não!) para saber como investir seus próximos recursos quando receber o salário de vereador.

Discurso complexo, “achistico”, “nexitado” e digno de alucinação em pleno delírio, Justino Figura conversou com a funcionária Anne Keilla que de tão esperta se aproveitou dos adjetivos para exaltar sua retórica. Isso o deixou cheio de si a ponto de fazer vários seguros de carro e de vida, claro.

Tudo isso ele fez contando com o aumento salarial que vai receber (pago com nossos impostos) antes mesmo de fazer qualquer coisa como vereador e continuar não fazendo.

Justino Figura é a expressão legitima da representação do povo no poder. É a figura que se apresenta vez ou outra na Emissora Rural com seu palavreado complexo para explicar o inexplicável em seu discurso sobre uma legislação fraudulenta e corrupta.

O triste desse personagem humorístico é que boa parte das suas brincadeiras narradas de forma tão cômica e inteligente se transforma em verdade para as pessoas.

São tantos os “justinos figuras” na região e no Brasil que muitas vezes confundimos a realidade com a ficção.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Senador faz alguma coisa pelo povo...



É tão raro (não lembro quando aconteceu) esse blog elogiar um político, que ao fazê-lo nem sabe mesmo como começar o texto. Então vamos tentar....

Por incrível que possa parecer o senador Jarbas Vasconcelos do PMDB-PE... sim, isso mesmo, não é do PT é do P-M-D-B -- aquele partido que não tem bandeira ideológica e pega a onda com qualquer um para estar no poder -- fez uma proposta de emenda à Constituição obrigando os chefes do Poder Executivo, presidente da Republica, governadores e prefeitos, a deixarem os cargos seis meses antes da eleição que forem concorrer.

Este blog faz questão de aplaudir o senador pela iniciativa da emenda, já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, uma vez que os postulantes a renovação dos cargos usam e abusam (e nem são C&A) da máquina publica e negam até o fim que não fazem tal coisa.

Dizem fazer campanha e ao mesmo tempo estarem exercendo suas funções como prefeito ou governador ou presidente.

Nem Albert Einstein consegueria resolver este enigma: como um corpo pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Só os nossos políticos podem explicar esse fenômeno físico.

A emenda ainda será votada em dois turnos no plenário do Senado, antes de passar pelas mãos dos deputados.

Esperamos que os aloprados senadores e deputados reflitam um pouco. A sociedade está cansada do descaso e das roubalheiras seqüenciais.

Só um lembrete: o ano de 2010 está chegando...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama lá... o roubo aqui...Os escândalos que a mídia pouco mostra



Voltada totalmente para as eleições americanas, a agenda midiática em todos os veículos homogeneizou a mais de um mês, de uma forma tão absurda que as pautas mais relevantes em termos de prestação de serviços foram praticamente engavetadas.

A idolatria pelos americanos chega ao ápice do desespero quando a Globo, perdendo audiência no Jornal Nacional, coloca o seu ancora, William Bonner, para transmitir de Washington a tão propagada eleição.

Vale ressaltar ainda a presença de Pedro Bial, sempre com cara de BBB, fazendo comentários pitorescos para não perder o hábito bigbrodiana e os outros correspondentes em vários estados americanos e na Europa que já fazem coberturas diárias. Entre uma matéria e outra dos telejornais a temática era Obama.

Folha de São Paulo, O Globo, O Dia, O Estadão... os maiores portais do Brasil... todos com a mesma agenda abarrotada de informações para brigar por um pedaço da audiência.

Que as eleições americanas são importantes, é inegável. Que a grande imprensa deve cobrir da melhor forma possível para deixar a sociedade informada, é indispensável.

Agora, é preciso fazer uma reflexão dessa cobertura espetacularizada e, com efeito, de idolatria máxima. O novo super-herói, o “salvador” do mundo, a grande revolução, um negro no poder da maior potencia do mundo, o melhor país em termos de democracia... e por aí vai...

Emoção de jornalistas, lágrimas de desconhecidos em vídeo, detalhes sobre a família de Obama e algumas coisitas sobre a relação Brasil X EUA. A imprensa americana toma posições e escolhe lados. A nossa também.

Enquanto exalta os americanos o efeito Obama toma conta da cena brasileira.
Os políticos começam a mexer as pedras em Brasília e em todos os estados. A mídia cobre lá fora e abafa o caso por aqui. Os larápios fazem à festa. Eles estão amando esse momento brasileiro-americano de ser...

A grande imprensa chega aos detalhes da vida do novo presidente americano (lá... de lá...) e aqui não aprofunda nenhuma matéria sobre estes aumentos de salários dos representantes do povo (que povo? Deve ser o povo da casa deles!) e deixam de estimular o debate social sobre um fato que diz respeito diretamente a nós brasileiros.

Vocês se lembram da cobertura da imprensa americana quando Lula foi eleito pela 1ª vez? E a 2ª vez? Vocês se lembram? Também temos um descendente de negro no poder. Também temos uma representação da base, do povo, no poder. E nem por isso os jornalistas americanos choraram com as nossas eleições.

Enquanto a grande mídia puxa o saco dos americanos (que não tão nem aí pra gente...) nossos políticos que são maestros em falcatruas mandam a fatura pra gente no próximo mês e ainda vem no envelope com selo americano para não cair no esquecimento.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Por que a eleição municipal virou barganha?


É a chamada globalização da política. A eleição municipal deveria ser de exclusividade dos munícipes e em prol dos mesmos. Afinal, a preocupação do cidadão que paga os tributos à prefeitura é saber se os impostos são usados em benefícios da comunidade, do seu bairro, do município.

É pra isso que se elege um prefeito. Simples, não?

Engano nosso. Como a eleição é local, mas o jogo político é estadual/nacional com visão futurista para o próximo pleito a fatura para o município chega mais cedo.

E de que forma? Quem está no poder em nível de estado faz suas indicações para compor as secretarias e cargos tidos como “chave” que vão arregimentar os “soldados de campanha” para os próximos pleitos: 2010 e 2012.

Mas isso já acontece de agora? Por incrível que pareça, sim. E o que fazer em termos de projetos estruturadores para a cidade? Vai depender dessa composição.

É importante ressaltar que a barganha não é um privilegio do partido X ou Y. Até porque as funções partidárias estão misturadas quando há interesses em comum. E em termos ideológicos há muito tempo (e que tempo...) as bandeiras dos partidos já foram queimadas e nem as cinzas ficaram pra fazer a história.

É nesse momento que radicais xiitas defendem com unhas e dentes os seus cargos eleitorais num duelo de titãs com os conservadores de Maomé que barganham espaço na composição do governo atual mesmo sendo da gestão anterior. Isso não faz diferença.

Assim, vai se costurando e alinhavando o circo municipal que a depender da resistência da lona pode rasgar em menos de um ano. Para o acabamento são chamadas algumas figuras midiáticas ou da própria imprensa que se deixam envolver pelas cifras a receber ou pelo status na sociedade ou pelas duas coisas, desde que não percam o poder.

A geografia do voto municipal está para o cenário nacional assim como os cargos políticos estão no grau de importância elevado para compor o tal projeto de governabilidade local e estadual.

Globalizar a política (municipal) é também individualizar os ganhos e socializar as perdas. O que isso tudo tem a ver com Petrolina/PE e Juazeiro/BA?

Nas eleições de 2010 e 2012 todos vão saber.

domingo, 2 de novembro de 2008

Quem foi o poeta Patativa do Assaré


Minha amiga Bet Moreira me enviou (como sempre faz todos os domingos) uma bela poesia.

Dessa vez do jeito que eu mais amo: bem nordestina. E aí passou também um resumo da vida do grande poeta, Patativa do Assaré, que eu socializo aqui para meu colegas blogautas. A poesia está postada logo abaixo...

Antônio Gonçalves da Silva (Assaré CE, 1909 - idem 2002). Freqüentou a escola por apenas quatro meses, em 1921, mas desde então vem "lidando com as letras", como ele mesmo afirmou.

Agricultor, em 1922 já atuava como versejador em festas, e a partir de 1925, quando comprou uma viola, deu início à atividade de compositor, cantor e improvisador. Em 1926 teve um poema publicado no Correio do Ceará, mas seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, seria lançado trinta anos depois, em 1956.

Em 1978 publicou o livro Cante Lá que Eu Canto Cá, e em 1979 iniciou, com Poemas e Canções, a gravação de uma série de discos, entre os quais se destacam Canto Nordestino (1989) e 88 Anos de Poesia (1997).

Seu último livro, Cordéis-Patativa do Assaré , é de 1999. A poesia de Patativa, que verseja em redondilhas e decassílabos, traduz uma visão de mundo "cabocla", muitas vezes nostálgica e desapontada com as mudanças trazidas pela modernidade e pela vida urbana.

Sua obra aborda os valores e os ideais dos camponeses do interior do Ceará, em poemas que tematizam da reforma agrária ao cotidiano dos sertanejos cearenses.

Aos Poetas Clássicos


Patativa do Assaré (*)

Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;

Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.

Eu nasci aqui no mato,
Vivi sempre a trabaiá,
Neste meu pobre recato,
Eu não pude estudá.

No verdô de minha idade,
Só tive a felicidade
De dá um pequeno insaio
In dois livro do iscritô,
O famoso professô Filisberto de Carvaio.

No premêro livro havia
Belas figuras na capa,
E no começo se lia:
A pá — O dedo do Papa,
Papa, pia, dedo, dado,
Pua, o pote de melado,

Dá-me o dado, a fera é má
E tantas coisa bonita,
Qui o meu coração parpita
Quando eu pego a rescordá.

Foi os livro de valô
Mais maió que vi no mundo,
Apenas daquele autô
Li o premêro e o segundo;
Mas, porém, esta leitura,
Me tirô da treva escura,
Mostrando o caminho certo,
Bastante me protegeu;

Eu juro que Jesus deu
Sarvação a Filisberto.
Depois que os dois livro eu li,
Fiquei me sintindo bem,
E ôtras coisinha aprendi
Sem tê lição de ninguém.

Na minha pobre linguage,
A minha lira servage
Canto o que minha arma sente
E o meu coração incerra,
As coisa de minha terra
E a vida de minha gente.

Poeta niversitaro,
Poeta de cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia,
Tarvez este meu livrinho
Não vá recebê carinho,
Nem lugio e nem istima,
Mas garanto sê fié
E não istruí papé
Com poesia sem rima.

Cheio de rima e sintindo
Quero iscrevê meu volume,
Pra não ficá parecido
Com a fulô sem perfume;
A poesia sem rima,
Bastante me disanima
E alegria não me dá;
Não tem sabô a leitura,
Parece uma noite iscura
Sem istrela e sem luá.

Se um dotô me perguntá
Se o verso sem rima presta,
Calado eu não vou ficá,
A minha resposta é esta:
— Sem a rima, a poesia
Perde arguma simpatia
E uma parte do primô;
Não merece munta parma,
É como o corpo sem arma
E o coração sem amô.

Meu caro amigo poeta,
Qui faz poesia branca,
Não me chame de pateta
Por esta opinião franca.

Nasci entre a natureza,
Sempre adorando as beleza
Das obra do Criadô,
Uvindo o vento na serva
E vendo no campo a reva
Pintadinha de fulô.

Sou um caboco rocêro,
Sem letra e sem istrução;
O meu verso tem o chêro
Da poêra do sertão;
Vivo nesta solidade
Bem destante da cidade
Onde a ciença guverna.

Tudo meu é naturá,
Não sou capaz de gostá
Da poesia moderna.
Dêste jeito Deus me quis
E assim eu me sinto bem;
Me considero feliz
Sem nunca invejá quem tem
Profundo conhecimento.

Ou ligêro como o vento
Ou divagá como a lêsma,
Tudo sofre a mesma prova,
Vai batê na fria cova;
Esta vida é sempre a mesma.

Só pra gente rir (ou é chorar??)