quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha cresceram

Primeiro foi Mônica e sua Turma agora é Luluzinha e Bolinha. Todos cresceram. Ficaram adolescentes. Realmente a realidade bate a porta e nos faz pensar, refletir, despertar para era da tecnologia, internet, blogs, orkut, MSN, Twitter e tantas outras coisas que a sociedade midiática nos obriga a engolir.

A abordagem narrativa mudou e as historinhas também. Os desafios corriqueiros do cotidiano, o cuidado com as árvores, comer muita melancia, a rejeição do banho, dormir cedo, jogar no campinho, briguinhas sem sentido... foram trocados por textos insinuantes, sensuais, com intenções diversas, o conhecer das armadilhas da vida e o fazer adulto de uma forma tão rápida.

Isso porque os teens, os jovens, não namoram, “pegam”, “ficam”. Sentimento? Parece não fazer parte do vocabulário dessa geração “estilosa”, que está muita mais preocupada com o modelo do celular que chegou ao mercado do que nas pessoas, muito menos na família.

Mônica agora tem curvas, perdeu alguns quilos para entrar no tipo magricela e sensual e fazer parte do gueto. Num grupo, à lá geração malhação, muito antes do pensar em ser pessoa o sexo já entrou de mente a dentro e transformou o corpo e uma vida que ainda estão por vir.

Quando a Turma da Mônica e o grupo de Luluzinha e Bolinha cresceram (de gibi infantil para linguagem teen) foram com eles a beleza da inocência nas narrativas e a ausência da maldade.

Crescer faz parte da vida. Não há dúvidas. No entanto, para uma prática de vida tão real apresentada todos os dias nos telejornais, nas novelas nos seriados e enlatados americanos, por que temos que reproduzir a mesma coisa em gibis que estão nas bancas para nos alegrar?

Por que temos que reforça o discurso da competição, excelência, magreza, beleza, superioridade que já está sendo ingerido diariamente no nosso cotidiano?

Desabafo à parte, a reflexão está muito mais calçada na possibilidade de novas maneiras de expor esse tal real que vivemos. Onde deixamos de exercitar o lúdico, os sonhos, as cores primarias, a ficção, os erros e falhas do apreender a crescer e colocamos tudo isso de forma engessada na prateleira do mercado midiático como um produto à venda em prestação ou à vista.

Os “erros” do Cebolinha no trocar o “r” pelo “l” nunca antes foi absorvido por nenhuma criança por se identificar com essa imagem. A forma “dominadora” de Mônica em querer administrar a situação não interferiu no crescimento de muitas meninas depois das leituras. A sujeira do Cascão não foi exemplo seguido até então por ninguém a ponto de comprometer a saúde das crianças. O “comer, comer” de Magali não deixou garotas obesas por achar tudo normal.

Nenhuma mulher virou feminista porque entendeu que Luluzinha era super poderosa sozinha e não precisava dos meninos. E os garotos não rejeitaram as meninas porque Bolinha tinha um clube só de “homens”.

Se nada disso aconteceu, o que tem a ver a evolução tecnológica com o discurso inocente dos gibis da Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha?

Parece que adulto não gosta mesmo de falar para criança. Gosta de escrever para jovens que já pensam que são adultos.

4 comentários:

  1. Você não acha que também existe muita criança que não quer mais saber dos gibis da turma da Mônica, e começaram a mudar sua leitura para os famosos mangas (O mangá ou manga) “é a palavra usada para designar as histórias em quadrinhos feitas no estilo japonês”. No Japão designa quaisquer histórias em quadrinhos.
    Vários mangás dão origem a animes para exibição na televisão, em vídeo ou em cinemas, mas também há o processo inverso em que os animes tornam-se uma edição impressa de história em sequência ou de ilustrações.
    Acredito na mudança de Mauricio, quando quis que seus personagens virassem jovens, foi com um intuito de atingir esse público que estava esquecendo nossas histórias, que também podem ser interessantes tão como as de fora.
    Sei que não podemos nos igualar que temos capacidade sim de fazer algo melhor. Só que diante da realidade de uma mundo capitalista, onde o lucro, o ganhar, fica sempre em primeiro lugar, acredito que os leitores dos gibis da turma da Mônica, até mesmo os mais velhos (como eu) não vão deixar de ler os gibis. Até por que quando criança acreditamos que um dia nossos personagens pudessem, sim, crescer junto com a gente.
    Eisla Araújo.

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  2. Teresa,
    Lamentável que nessa sociedade de "liquidez artificial" as pessoas pensem mais no ter do que no ser.
    Parabéns pelo artigo.

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  3. Adorei Teresa , legal viu.

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  4. Discordo totalmente de voce Teresa!!
    Eu acho que voce está sendo muito mesquinha e egoísta, pois não existe apenas voce lendo Turma da Monica, existe MILHARES DE PESSOAS, e a revista não pula no seu colo e manda voce comprar!
    voce compra se voce quiser, não há necessidade de fazer um protesto como o seu, e outra,com certeza, voce não leu Turma da Monica jovem, se leu não entendeu, pois o enredo fala de amizades que existem a décadas, e não de sexo e mente poluida!Namoros???
    E daí? Iso existe desde as antigas nas revistinhas:Titi&Aninha era um exemplo clássico disso.
    Então feche a boca e para de postar tanta besteira, sem antes provar.
    Abraços

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