TV Câmara confirma contato de Gilmar Mendes, mas nega censura
Sérgio Matsuura, do Rio de Janeiro
O diretor da TV Câmara, Manuel Roberto Seabra, confirma que assessores do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, reclamaram com a emissora sobre o programa “Comitê de Imprensa”, exibido no dia 13/03. Entretanto, nega qualquer tentativa de censura.
Segundo Seabra, o programa saiu do seu objetivo, que seria o debate sobre a cobertura da revista Veja no caso das investigações contra o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, e se transformou em um palco de acusações pessoais.
A decisão de retirar o link foi tomada pela própria emissora. A ideia era inserir um direito de resposta no vídeo e recolocá-lo no ar.
“A gente recebeu muitas reclamações sobre a matéria. Ela teria sido ofensiva e saía do tema. Houve uma tentativa de responder a isso, ouvindo as partes atingidas: o ministro Gilmar e um representante da CPI dos grampos. A ideia era inserir isso no programa, como um direito de resposta. Os assessores deles ligaram e reclamaram. Tentamos entrevistar o ministro Gilmar e o representante da CPI, mas como isso não se consumou, resolvemos voltar com o link no ar”, explica.
Mudanças no programaPor causa desse episódio, a TV Câmara pretende reformular o “Comitê de Imprensa”. A partir de agora, as pautas serão mais fechadas e os apresentadores estarão avisados para evitar novos ataques pessoais.
“Só com jornalista acontece isso. Parece que a gente não obedece o que a gente ensina. O episódio chegou a nos envergonhar por não termos o outro lado, mas essa não é a proposta do programa. Não é um programa para acusar ninguém, é para debater a mídia”, afirma Seabra.
No início da semana, o correspondente da Carta Capital em Brasília Leandro Fortes, um dos convidados do programa, afirmou que o link teria sido retirado do site da emissora por pressões do ministro Gilmar Mendes.
Na terça-feira, a Federação Nacional dos Jornalistas protocolou ofício na Câmara dos Deputados pedindo explicações sobre o caso. No mesmo dia, o diretor da Secretaria de Comunicação da Câmara, Sérgio Chacon, emitiu nota negando qualquer tipo de censura, lembrando ainda que o programa foi exibido cinco vezes e ficou com chamada em destaque na página da emissora nos dias 13,14,15 e 16/03.
“Asseguro-lhe que não houve pressão de quem quer que seja para que fosse interrompida sua exibição. Igualmente não foi cerceada a liberdade de expressão dos participantes do ‘Comitê de Imprensa’ e nem ocorreu qualquer tipo de censura ao programa. Tais procedimentos, além de incompatíveis com a prática e a tradição da TV Câmara, são repudiados pela Câmara dos Deputados”, afirmou Chacon.As imagens abaixo mostram o site da emissora no dia 23/03 e hoje.
O link para o vídeo foi recolocado no ar.
Fonte: Site Comunique-se
quinta-feira, 26 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário