Recebi esta obra prima poética da minha amiga Bet. Exatamente para não esquecermos que a poesia não morre. O poeta foi... mas a palavra está aqui.
Canto dos Emigrantes
Alberto da Cunha Melo (1942-2007)
Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.
De uma quadra a outra do tempo,
de uma praia a outra do Atlântico,
de uma serra a outra das cordilheiras,
todos emigram.
Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos,
para sempre todos emigram.
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