Gente,
Leiam esse blog Café História. Fantástico...
Um passeio pela história de ontem e de hoje ...muito bom..
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Ausência de post
Meus caros colegas blogautas. Estou hiper, mega, ocupada e totalmente sem tempo para postar no blog.
Isso porque não é apenas escrever. É preciso pensar em conteúdo, tratar a informação, dar um caráter critico, reflexivo.. isso demanda tempo...
Prometo (palavra de Teresa e não de político) voltar logo, logo...
Obrigada pelo apoio e compreensão.
Bjs em todos.
Isso porque não é apenas escrever. É preciso pensar em conteúdo, tratar a informação, dar um caráter critico, reflexivo.. isso demanda tempo...
Prometo (palavra de Teresa e não de político) voltar logo, logo...
Obrigada pelo apoio e compreensão.
Bjs em todos.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Desabafo de uma recifense
Meus alunos e amigos sabem o quanto acho à cidade do Recife linda, sobretudo, a orla que digo sempre ser a mais bela do Nordeste.
Beleza à parte, não posso deixar de reconhecer que faltam muito para se ver o Recife mais limpo e sua arquitetura colonial preservada. Ajuntando a isso vêm os índices de violência com espetáculos de “arrastões” em avenidas consideradas importantíssimas.
Canais a céu aberto, lixo entre o meio fio e o medo de ser assaltado em qualquer esquina de qualquer lugar fazem parte da rotina dessa cidade que vende uma imagem de Carnaval exorbitante e turismo sexual a noite em boa parte da orla (pra não dizer o dia todo).
Nasci aqui e posso dizer de carteirinha, até porque amo esta cidade, que pouco se evoluiu em termos de desenvolvimento urbano. Daí uma reflexão básica: cidades menores, como Petrolina não tem toda tecnologia de exportação nem essas praias lindas de águas mornas e piscinas naturais, no entanto, podemos andar mais tranqüilos pelos parques e orla, o índice de violência é bem menor e as pessoas param o carro na faixa de pedestre e deixam o transeunte passar.
Às vezes a tranqüilidade de cidades menores, meio interiorana como costumam chamar, tem uma qualidade de vida bem superior a grandes metrópoles.
Recife, ainda amo você. Mas estou dividindo este amor com outros espaços bem mais aconchegantes.
Beleza à parte, não posso deixar de reconhecer que faltam muito para se ver o Recife mais limpo e sua arquitetura colonial preservada. Ajuntando a isso vêm os índices de violência com espetáculos de “arrastões” em avenidas consideradas importantíssimas.
Canais a céu aberto, lixo entre o meio fio e o medo de ser assaltado em qualquer esquina de qualquer lugar fazem parte da rotina dessa cidade que vende uma imagem de Carnaval exorbitante e turismo sexual a noite em boa parte da orla (pra não dizer o dia todo).
Nasci aqui e posso dizer de carteirinha, até porque amo esta cidade, que pouco se evoluiu em termos de desenvolvimento urbano. Daí uma reflexão básica: cidades menores, como Petrolina não tem toda tecnologia de exportação nem essas praias lindas de águas mornas e piscinas naturais, no entanto, podemos andar mais tranqüilos pelos parques e orla, o índice de violência é bem menor e as pessoas param o carro na faixa de pedestre e deixam o transeunte passar.
Às vezes a tranqüilidade de cidades menores, meio interiorana como costumam chamar, tem uma qualidade de vida bem superior a grandes metrópoles.
Recife, ainda amo você. Mas estou dividindo este amor com outros espaços bem mais aconchegantes.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Globo X Record: quem ganha com isso? Parte 1
Impossível não falar sobre a guerra das TVs, ou melhor, dos maiores grupos de comunicação do país, Globo X Record, apresentada em rede nacional (e internacional) na ultima semana (e ainda em percurso) para que todos possam acompanhar e fazer apostas nos possíveis vencedores dessa disputa.
Pelo registro em memória, nunca antes na história comunicacional brasileira se viu tantos bombardeios em nível de imprensa, em especial, o telejornalismo de dois grupos, como estão sendo protagonizados pelas emissoras em destaque.
Longe de querer defender ou acusar quem quer que esteja por traz dessa lavagem de roupa suja, alguns pontos precisam ser esclarecidos.
1º) Por que a Globo trouxe à baila (forçando a barra junto ao Ministério Publico de São Paulo) o caso do Bispo Edir Macedo, leia-se, Igreja Universal do Reino de Deus, que é um fato já transitado e divulgado com ampla cobertura midiática?
2º) O que de fato precisa ser esclarecido pela Igreja Universal, sua relação direta com a concessão publica de canal de televisão, a Rede Record, e o uso indevido do dinheiro dos féis da igreja?
A título de esclarecimento, de fato, a igreja sobrevive e deve ser sustentada pelos seus participantes diretos, neste caso, os membros que congregam na denominação. Isso é lícito e está descrito em várias partes da Bíblia Sagrada, a exemplo do livro de Malaquias 3: 8 a 10.O ato existe para que não haja dependência ou melhor, ligação financeira da igreja com o Estado.
Ressalto um ponto fundamental nessa análise é que este provimento deverá ser utilizado unicamente na manutenção do templo, espaço de congregação, obras sociais, que envolvem inclusive o evangelismo (sustentação de obreiros em diversas localidades para pregação do evangelho); bem como sustentação de pastores e os chamados ministros de música e educadores cristãos, para que eles possam trabalhar exclusivamente na obra.
Os demais encargos referentes a manutenção das obras e dos templos como luz, água, limpeza, equipamentos e outros também são pagos pela própria igreja a partir dos proventos recebidos.
Qualquer que seja a razão pela qual o dinheiro dos membros não tenha sido aplicado nessas atividades se caracteriza desvio de conduta e sobretudo ausência de compromisso com a pregação da Palavra de Deus. Ponto.
(segue parte 2)
Pelo registro em memória, nunca antes na história comunicacional brasileira se viu tantos bombardeios em nível de imprensa, em especial, o telejornalismo de dois grupos, como estão sendo protagonizados pelas emissoras em destaque.
Longe de querer defender ou acusar quem quer que esteja por traz dessa lavagem de roupa suja, alguns pontos precisam ser esclarecidos.
1º) Por que a Globo trouxe à baila (forçando a barra junto ao Ministério Publico de São Paulo) o caso do Bispo Edir Macedo, leia-se, Igreja Universal do Reino de Deus, que é um fato já transitado e divulgado com ampla cobertura midiática?
2º) O que de fato precisa ser esclarecido pela Igreja Universal, sua relação direta com a concessão publica de canal de televisão, a Rede Record, e o uso indevido do dinheiro dos féis da igreja?
A título de esclarecimento, de fato, a igreja sobrevive e deve ser sustentada pelos seus participantes diretos, neste caso, os membros que congregam na denominação. Isso é lícito e está descrito em várias partes da Bíblia Sagrada, a exemplo do livro de Malaquias 3: 8 a 10.O ato existe para que não haja dependência ou melhor, ligação financeira da igreja com o Estado.
Ressalto um ponto fundamental nessa análise é que este provimento deverá ser utilizado unicamente na manutenção do templo, espaço de congregação, obras sociais, que envolvem inclusive o evangelismo (sustentação de obreiros em diversas localidades para pregação do evangelho); bem como sustentação de pastores e os chamados ministros de música e educadores cristãos, para que eles possam trabalhar exclusivamente na obra.
Os demais encargos referentes a manutenção das obras e dos templos como luz, água, limpeza, equipamentos e outros também são pagos pela própria igreja a partir dos proventos recebidos.
Qualquer que seja a razão pela qual o dinheiro dos membros não tenha sido aplicado nessas atividades se caracteriza desvio de conduta e sobretudo ausência de compromisso com a pregação da Palavra de Deus. Ponto.
(segue parte 2)
Globo X Record: quem ganha com isso? Parte 2
Dito isto e crendo que está bem explicado vamos a segunda parte dessa análise que diz respeito ao papel das duas redes na guerra pela audiência. O sujo fala do mal lavado. Isso está bem exposto.
A Globo não tem moral para falar das negociações da Record. Não é que ela não esteja correta em relação aos fatos ocorridos, mas é que o seu passado e ainda o seu presente está construído em cima de falcatruas, apoio a ditadura (e portanto, desapoio a democracia) e monopólio comunicacional.
Todas essas questões já apresentadas em filmes ou documentário como o produzido pelo canal 4 da BBC de Londres, “Muito Além do Cidadão Kane” (de Simon Hartog. Ano 1993), sempre foram veiculadas apenas em centros acadêmicos e sindicatos profissionais e nunca foram esclarecidas e assumidas pela rede. Muito pelo contrário. A empresa, em muitos momentos, sobretudo em campanhas políticas explicitamente construídas e consolidadas nos bastidores da emissora, se vinculou ao sistema econômico governamental para obter benesses.
Hoje, essas temáticas também voltam do passado para fazer parte da cena do crime.
Longe de achar o caminho da Record (infelizmente quase que semelhante a Globo) melhor ou “menos pior”, fica claro que a guerra está sendo construída para que o monopólio comunicacional esteja nas mãos de um ou de outro. E desde quando o monopólio de comunicação se caracteriza como exercício da democracia?
Provocações à parte, não se pode esquecer que ao longo da história a nossa imprensa teve muitos momentos de altos e baixos em relação ao sistema político. Ora a imprensa apoiava governos ditatoriais e se beneficiava com os mesmos, ora tomava posição pró-sociedade.
É bem verdade que o nosso processo de redemocratização é novo e que este precisa de um longo tempo de maturação para se consolidar. Ainda assim, não é perdendo um monopólio de uma Globo e passando a comunicação para domínio de outro grupo que estaremos consolidando esse tipo de sistema.
Muito pelo contrário, estaremos ratificando que a nossa mídia não tem palanque social, não está comprometida com a sociedade e muito menos com uma contribuição transformadora que só mesmo uma imprensa livre pode fazer.
O que estamos assistindo, nem de longe, é um exercício de democracia.
A Globo não tem moral para falar das negociações da Record. Não é que ela não esteja correta em relação aos fatos ocorridos, mas é que o seu passado e ainda o seu presente está construído em cima de falcatruas, apoio a ditadura (e portanto, desapoio a democracia) e monopólio comunicacional.
Todas essas questões já apresentadas em filmes ou documentário como o produzido pelo canal 4 da BBC de Londres, “Muito Além do Cidadão Kane” (de Simon Hartog. Ano 1993), sempre foram veiculadas apenas em centros acadêmicos e sindicatos profissionais e nunca foram esclarecidas e assumidas pela rede. Muito pelo contrário. A empresa, em muitos momentos, sobretudo em campanhas políticas explicitamente construídas e consolidadas nos bastidores da emissora, se vinculou ao sistema econômico governamental para obter benesses.
Hoje, essas temáticas também voltam do passado para fazer parte da cena do crime.
Longe de achar o caminho da Record (infelizmente quase que semelhante a Globo) melhor ou “menos pior”, fica claro que a guerra está sendo construída para que o monopólio comunicacional esteja nas mãos de um ou de outro. E desde quando o monopólio de comunicação se caracteriza como exercício da democracia?
Provocações à parte, não se pode esquecer que ao longo da história a nossa imprensa teve muitos momentos de altos e baixos em relação ao sistema político. Ora a imprensa apoiava governos ditatoriais e se beneficiava com os mesmos, ora tomava posição pró-sociedade.
É bem verdade que o nosso processo de redemocratização é novo e que este precisa de um longo tempo de maturação para se consolidar. Ainda assim, não é perdendo um monopólio de uma Globo e passando a comunicação para domínio de outro grupo que estaremos consolidando esse tipo de sistema.
Muito pelo contrário, estaremos ratificando que a nossa mídia não tem palanque social, não está comprometida com a sociedade e muito menos com uma contribuição transformadora que só mesmo uma imprensa livre pode fazer.
O que estamos assistindo, nem de longe, é um exercício de democracia.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Poesia pra ser feliz
Preciso para
Marina Colasanti
Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.
Preciso que uma proa atravesse a carnecá dentro
para andar sobre as águas
deitar nas ilhas e
olhar de longe esse prédio
essa sala
essa mulher sentada diante do computador
que bebe a branca luz eletrônica
e pensa no mar.
Marina Colasanti
Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.
Preciso que uma proa atravesse a carnecá dentro
para andar sobre as águas
deitar nas ilhas e
olhar de longe esse prédio
essa sala
essa mulher sentada diante do computador
que bebe a branca luz eletrônica
e pensa no mar.
sábado, 25 de julho de 2009
Imprensa, concessão e poder
O professor Roger Silverstone* explica no seu livro, Por que estudar a mídia, que “precisamos examinar a mídia como um processo, como uma coisa em curso e uma coisa feita, em todos os níveis, onde quer que as pessoas se congreguem no espaço real ou virtual, onde se comunicam, onde procuram persuadir, informar, entreter, educar, onde procuram, de múltiplas maneiras e com graus de sucesso variáveis, se conectar umas com as outra”.
A partir dessa explicação precisamos, então, entender as razões pelas quais a maior parte das concessões dos veículos de comunicação no Brasil está nas mãos de politicos e seus familiares.
As razões podem ser diversas, no entanto, todas estão atreladas a este fascínio que a mídia proporciona na sociedade a ponto de redensenhar novos modos e costumes de grupos societários.
O site Transparência Brasil fez um levantamento em junho/2009 de alguns números: 29 senadores (36% do total de 81) e 62 deputados (12% do total de 513) têm concessões de rádio e TV.
Com o veículo na mão, o poder da informação passa a ter cara e projetos: estimula a produção de novos atores políticos, possíveis candidatos a vereador, prefeito, deputado estadual ou federal, apóia campanhas em níveis de estado e nacional e constrói uma imagem.
A relação é aglutinadora. Amigos, parentes e agregados fazem parte das equipes comunicacionais que definem como, quando e o quê deve ser veiculado. O noticiário fica totalmente atrelado a essa linha editorial.
Credibilidade? Isso quase que não existe. Afinal, que político dono/proprietário de uma emissora de radio ou TV ou jornal vai permitir que sua equipe de jornalistas publique informações negativas a seu respeito?
E a sociedade não tem direito a informação? Sim, de fato tem. A constituição garante. Mas, quem faz o jogo do poder define quem detem os meios pelos quais essa informação deve ser veiculada. Na mediação estão os grandes conglomerados da industrial cultural ou o que chamamos de imprensa hegemônica.
Toda essa percepção sobre domínio da informação, interferência direta no que é publicado, indicações de pessoas não profissionais para diversos cargos e manutenção do poder comunicacional é muito mais visível em cidades fora do eixo das capitais a exemplos de Juazeiro/BA e Petrolina/PE.
As chamadas grandes cidades estão envolvidas muito mais em questões macro econômica e política e pouco se percebem dessa hegemonia. As exceções ficam por conta de capitais como São Luiz/MA (que além de público e notório a interferência coronelista da família Sarney em todo território/estado é alvo de publicações internacionais) e Maceió/AL com a participação imperativa dos Collors em toda extensão geográfica.
Há também na região Norte uma grande influência política nas informações publicadas na mídia. Algumas são censuradas explicitamente e não existe questionamento do exercício da democracia por lá. São vários brasis dentro de um grande Brasil.
Voltando a nossa região do Vale São Francisco, hoje colhemos dos frutos amargos dessa imprensa hegemônica onde muitos se dizem praticar o verdadeiro jornalismo (no campo da ciência) e nem de longe passam pelas reais técnicas de produção de conteúdo.
Outros, dizem cumprir com o seu dever para com a sociedade ‘forçando a barra’ para que secretários de governo, presidentes de associações de bairro e outros possam estar na mídia e dizer o que estão fazendo com suas funções para melhor desenvolver a cidade.
Ausência de definições à parte, pode-se tirar bons exemplos dessa prática:
1º) uma análise profunda sobre o que é de fato o verdadeiro jornalismo;
2º) a dificuldade que muitos profissionais tem para fazer uma imprensa comprometida com a sociedade;
3º) e a necessidade de se redesenhar a mídia que está emergindo a partir de novas práticas comunicacionais.
Difícil? Sim. Mas, não impossível.
* SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Edições Loyola, 2002.
Silverstone é atualmente o coordenador do European Media Technology and Everyday Life Network (EMTEL), um grupo que congrega sete laboratórios de pesquisa em toda a Europa, destinados a formar jovens pesquisadores e a realizar estudos nas áreas de mídia, tecnologia e vida cotidiana.
A partir dessa explicação precisamos, então, entender as razões pelas quais a maior parte das concessões dos veículos de comunicação no Brasil está nas mãos de politicos e seus familiares.
As razões podem ser diversas, no entanto, todas estão atreladas a este fascínio que a mídia proporciona na sociedade a ponto de redensenhar novos modos e costumes de grupos societários.
O site Transparência Brasil fez um levantamento em junho/2009 de alguns números: 29 senadores (36% do total de 81) e 62 deputados (12% do total de 513) têm concessões de rádio e TV.
Com o veículo na mão, o poder da informação passa a ter cara e projetos: estimula a produção de novos atores políticos, possíveis candidatos a vereador, prefeito, deputado estadual ou federal, apóia campanhas em níveis de estado e nacional e constrói uma imagem.
A relação é aglutinadora. Amigos, parentes e agregados fazem parte das equipes comunicacionais que definem como, quando e o quê deve ser veiculado. O noticiário fica totalmente atrelado a essa linha editorial.
Credibilidade? Isso quase que não existe. Afinal, que político dono/proprietário de uma emissora de radio ou TV ou jornal vai permitir que sua equipe de jornalistas publique informações negativas a seu respeito?
E a sociedade não tem direito a informação? Sim, de fato tem. A constituição garante. Mas, quem faz o jogo do poder define quem detem os meios pelos quais essa informação deve ser veiculada. Na mediação estão os grandes conglomerados da industrial cultural ou o que chamamos de imprensa hegemônica.
Toda essa percepção sobre domínio da informação, interferência direta no que é publicado, indicações de pessoas não profissionais para diversos cargos e manutenção do poder comunicacional é muito mais visível em cidades fora do eixo das capitais a exemplos de Juazeiro/BA e Petrolina/PE.
As chamadas grandes cidades estão envolvidas muito mais em questões macro econômica e política e pouco se percebem dessa hegemonia. As exceções ficam por conta de capitais como São Luiz/MA (que além de público e notório a interferência coronelista da família Sarney em todo território/estado é alvo de publicações internacionais) e Maceió/AL com a participação imperativa dos Collors em toda extensão geográfica.
Há também na região Norte uma grande influência política nas informações publicadas na mídia. Algumas são censuradas explicitamente e não existe questionamento do exercício da democracia por lá. São vários brasis dentro de um grande Brasil.
Voltando a nossa região do Vale São Francisco, hoje colhemos dos frutos amargos dessa imprensa hegemônica onde muitos se dizem praticar o verdadeiro jornalismo (no campo da ciência) e nem de longe passam pelas reais técnicas de produção de conteúdo.
Outros, dizem cumprir com o seu dever para com a sociedade ‘forçando a barra’ para que secretários de governo, presidentes de associações de bairro e outros possam estar na mídia e dizer o que estão fazendo com suas funções para melhor desenvolver a cidade.
Ausência de definições à parte, pode-se tirar bons exemplos dessa prática:
1º) uma análise profunda sobre o que é de fato o verdadeiro jornalismo;
2º) a dificuldade que muitos profissionais tem para fazer uma imprensa comprometida com a sociedade;
3º) e a necessidade de se redesenhar a mídia que está emergindo a partir de novas práticas comunicacionais.
Difícil? Sim. Mas, não impossível.
* SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Edições Loyola, 2002.
Silverstone é atualmente o coordenador do European Media Technology and Everyday Life Network (EMTEL), um grupo que congrega sete laboratórios de pesquisa em toda a Europa, destinados a formar jovens pesquisadores e a realizar estudos nas áreas de mídia, tecnologia e vida cotidiana.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Lula e Sarney: amigos de berçário
“É preciso saber o tamanho do crime, ou seja, uma coisa é você matar, outra coisa é você roubar, outra coisa é você pedir um emprego, outra coisa é relação de influências, outra coisa é o lobby”.
Este é um dos últimos textos do presidente Luis Inácio Lula da Silva, veiculado em toda mídia, referente à sua defesa em prol do senador José Sarney. O mesmo, que antes Lula tinha como arquiinimigo assumido na imprensa, hoje, é seu amigo intimo, de berçário.
No meio do lamaçal (que já vem sendo alimentado a um bom tempo no Senado) tudo que se referir a “Casa da Mãe Joana” fede. As exceções estão em algum arquivo morto e por isso não emergem das cinzas para transformar a tal Casa dos horrores em lar, doce lar.
Em paralelo a tudo isso, a ausência de coerência no discurso do presidente Lula em relação ao seu passado histórico, onde a luta estava centrada na democracia, ética e igualdade social, parece não atingir a ideologia política dos militantes “esquerdistas” de carteirinha.
Todos continuam achando que “ele é o cara”.
A explicação é singular: tudo é uma questão de conjuntura. Ao fechar os olhos (novamente, de novo, como sempre), o nosso presidente assume a postura ratificada por todos que passam pelo Governo: estar no poder é diferente.
O próprio Lula poderia usar sua frase emblemática, “nunca antes na história desse país”, para explicar que tragédia como essa, vivida pelo Congresso Nacional, especificamente o Senado, vai marcar por completo a memória dessa nação.
Longe de querer agredir a excelência de entendimento do presidente, mas essa história ficará marcada pela queda do discurso esquerdista/ideológico, pela prática oportunista e de influências que só mesmo um presidente carismático e do “povo” como ele poderia fazer.
Um aprendizado para os estudiosos da política como ciência e da imprensa como espaço mediador dessas informações.
Diante dessas práticas rotineiras, o Brasil pode assumir, sim, um discurso vendável ao mercado externo: país do futebol, das mulheres melancias e morangos, prostituição fácil (adulto e infantil), reserva ambiental explorável e cursos preparatórios para corruptos, corruptores, receptores e formação de quadrinha.
No mais, os presidentes do Brasil e do Senado, tiram as dúvidas.
Este é um dos últimos textos do presidente Luis Inácio Lula da Silva, veiculado em toda mídia, referente à sua defesa em prol do senador José Sarney. O mesmo, que antes Lula tinha como arquiinimigo assumido na imprensa, hoje, é seu amigo intimo, de berçário.
No meio do lamaçal (que já vem sendo alimentado a um bom tempo no Senado) tudo que se referir a “Casa da Mãe Joana” fede. As exceções estão em algum arquivo morto e por isso não emergem das cinzas para transformar a tal Casa dos horrores em lar, doce lar.
Em paralelo a tudo isso, a ausência de coerência no discurso do presidente Lula em relação ao seu passado histórico, onde a luta estava centrada na democracia, ética e igualdade social, parece não atingir a ideologia política dos militantes “esquerdistas” de carteirinha.
Todos continuam achando que “ele é o cara”.
A explicação é singular: tudo é uma questão de conjuntura. Ao fechar os olhos (novamente, de novo, como sempre), o nosso presidente assume a postura ratificada por todos que passam pelo Governo: estar no poder é diferente.
O próprio Lula poderia usar sua frase emblemática, “nunca antes na história desse país”, para explicar que tragédia como essa, vivida pelo Congresso Nacional, especificamente o Senado, vai marcar por completo a memória dessa nação.
Longe de querer agredir a excelência de entendimento do presidente, mas essa história ficará marcada pela queda do discurso esquerdista/ideológico, pela prática oportunista e de influências que só mesmo um presidente carismático e do “povo” como ele poderia fazer.
Um aprendizado para os estudiosos da política como ciência e da imprensa como espaço mediador dessas informações.
Diante dessas práticas rotineiras, o Brasil pode assumir, sim, um discurso vendável ao mercado externo: país do futebol, das mulheres melancias e morangos, prostituição fácil (adulto e infantil), reserva ambiental explorável e cursos preparatórios para corruptos, corruptores, receptores e formação de quadrinha.
No mais, os presidentes do Brasil e do Senado, tiram as dúvidas.
Suape: um porto seguro
Sabe aquela praia de Suape (litoral Sul de Pernambuco), local onde estão sendo instalados vários empreendimentos turístico, comercial, industrial?
Pois bem, o hectare por lá está em torno de R$ 67 mil. É mole? Pelo menos é o que diz a revista Negócios PE - Coluna Radar de Drayton Nejaim (24/07/09).
É por isso que uma das praias é chamada de Paraiso. (a foto não deixa mentir)
quinta-feira, 23 de julho de 2009
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Publicidade certa
Tudo bem com a foto da esquerda: é uma imagem serena. Já a foto da direita nos remete a uma cena trágica. Na verdade, as duas fotografias são uma só.
Trata-se de outdoor presente nas estradas da Nova Zelândia e que integra a campanha de redução de acidentes, sobretudo quando chove. Pois bem, esse outdoor possui sensores que fazem escorrer sobre ele um líquido vermelho quando está chovendo - e o garoto da foto parece então que está com o rosto ensanguentado.
Quando a chuva passa, a foto volta ao normal. Isso tudo para dizer subliminarmente aos motoristas: cuidado com a chuva, não corra. A campanha não poderia ter dado melhores resultados.
Na quarta-feira 8, o governo da Nova Zelândia divulgou o número de acidentes com vítimas fatais desde que ele foi instalado na Páscoa: simplesmente zero. A campanha acaba de ser premiada no Festival Publicitário Internacional de Cannes.
Fonte: Isto É - 1o/07/09
Nota blog: os bons exemplos a gente tem mais é que divulgar.
Trata-se de outdoor presente nas estradas da Nova Zelândia e que integra a campanha de redução de acidentes, sobretudo quando chove. Pois bem, esse outdoor possui sensores que fazem escorrer sobre ele um líquido vermelho quando está chovendo - e o garoto da foto parece então que está com o rosto ensanguentado.
Quando a chuva passa, a foto volta ao normal. Isso tudo para dizer subliminarmente aos motoristas: cuidado com a chuva, não corra. A campanha não poderia ter dado melhores resultados.
Na quarta-feira 8, o governo da Nova Zelândia divulgou o número de acidentes com vítimas fatais desde que ele foi instalado na Páscoa: simplesmente zero. A campanha acaba de ser premiada no Festival Publicitário Internacional de Cannes.
Fonte: Isto É - 1o/07/09
Nota blog: os bons exemplos a gente tem mais é que divulgar.
Publicidade Incorreta
Deputado do castelo se livra
Jornal do Commercio - 16.07.2009
Por 9 a 3, o Conselho de Ética da Câmara absolveu ontem, em definitivo, o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) – o “dono do castelo” – da acusação de mau uso da verba indenizatória. Indignado com a medida, o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) renunciou à vaga no colegiado. Já Sérgio Moraes (PTB-RS), o primeiro relator do caso e que foi afastado após defender Edmar e atacar os meios de comunicação – “estou me lixando para a opinião pública”, disse – comemorou. “Essa polêmica me deu muitos pontos. Nunca recebi tantos convites na vida, ganhei espaço”, debochou.
Nota blog: a limpeza é no Congresso Nacional e não apenas no Senado.
Jornal do Commercio - 16.07.2009
Por 9 a 3, o Conselho de Ética da Câmara absolveu ontem, em definitivo, o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) – o “dono do castelo” – da acusação de mau uso da verba indenizatória. Indignado com a medida, o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) renunciou à vaga no colegiado. Já Sérgio Moraes (PTB-RS), o primeiro relator do caso e que foi afastado após defender Edmar e atacar os meios de comunicação – “estou me lixando para a opinião pública”, disse – comemorou. “Essa polêmica me deu muitos pontos. Nunca recebi tantos convites na vida, ganhei espaço”, debochou.
Nota blog: a limpeza é no Congresso Nacional e não apenas no Senado.
Lágrimas de Vilma na TV
A dor da gente saiu hoje (16/07/09) no jornal quando Vilma, apresentadora da TV Grande Rio, deixou de “representar” diante da câmara e não controlou a emoção, geralmente, tão exigida na profissão.
Após a matéria sobre o enterro das 2 crianças mortas com uma barra de ferro, pelo próprio pai biológico, na manhã de quarta-feira, 15/07, no Núcleo 4 do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho (10 quilômetros do Centro de Petrolina), Vilma quase foi as lágrimas. O fato ficou visível e natural.
Penso que isso é muito bom (as lágrimas de Vilma) porque quebra um pouco a imagem que o jornalista é super super e não tem sentimentos. Creio que as pessoas pensam dessa mesma forma, tipo: poxa, até a apresentadora na TV tá sentindo a dor da gente!
A dor da gente nunca é retratada no jornal. Mostram-se os acontecimentos, a tragédia, as indicações das possíveis razões que levaram o fato a ser consumado, mas a notícia não consegue descrever a dor.
Muitos fazem da dor um espetáculo da informação para chamar atenção. Outros querem “render” a dor da vítima por horas e horas de exposição para ganhar audiência. E ainda tem uns que pegam carona na dor da gente pra se mostrar parte do processo.
Na medida em que temos mais compreensão da complexa relação sociedade X sociedade abrimos possibilidades de novas formas de fazer, ou melhor, de pensar jornalismo. Até porque o telespectador, leitor, internauta, ouvinte não é passivo das transformações. Ele é agente operante.
Assim sendo, a dor da gente passa a ser parte do processo comunicacional e não mais fatia descartada da realidade. Daí a razão (de nós jornalistas) estarmos sempre estudando, pesquisando (dentro do espaço acadêmico) e compreendendo essa estrutura societária para a partir desse entendimento agirmos cautelosamente como profissional e não como máquinas.
Quando percebemos essa complexidade passamos a ser sujeitos e atores dessas mudanças. Jornalismo também tem razão e emoção, sim senhor!
Após a matéria sobre o enterro das 2 crianças mortas com uma barra de ferro, pelo próprio pai biológico, na manhã de quarta-feira, 15/07, no Núcleo 4 do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho (10 quilômetros do Centro de Petrolina), Vilma quase foi as lágrimas. O fato ficou visível e natural.
Penso que isso é muito bom (as lágrimas de Vilma) porque quebra um pouco a imagem que o jornalista é super super e não tem sentimentos. Creio que as pessoas pensam dessa mesma forma, tipo: poxa, até a apresentadora na TV tá sentindo a dor da gente!
A dor da gente nunca é retratada no jornal. Mostram-se os acontecimentos, a tragédia, as indicações das possíveis razões que levaram o fato a ser consumado, mas a notícia não consegue descrever a dor.
Muitos fazem da dor um espetáculo da informação para chamar atenção. Outros querem “render” a dor da vítima por horas e horas de exposição para ganhar audiência. E ainda tem uns que pegam carona na dor da gente pra se mostrar parte do processo.
Na medida em que temos mais compreensão da complexa relação sociedade X sociedade abrimos possibilidades de novas formas de fazer, ou melhor, de pensar jornalismo. Até porque o telespectador, leitor, internauta, ouvinte não é passivo das transformações. Ele é agente operante.
Assim sendo, a dor da gente passa a ser parte do processo comunicacional e não mais fatia descartada da realidade. Daí a razão (de nós jornalistas) estarmos sempre estudando, pesquisando (dentro do espaço acadêmico) e compreendendo essa estrutura societária para a partir desse entendimento agirmos cautelosamente como profissional e não como máquinas.
Quando percebemos essa complexidade passamos a ser sujeitos e atores dessas mudanças. Jornalismo também tem razão e emoção, sim senhor!
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Deu na imprensa internacional: a família Addams mora no Senado
Vamos por parte como diria Jack, o estripador. Afinal, nem todos que estão dentro do Senado são da mesma família, mas vivem juntos numa área em comum e alguns são omissos quando o assunto é moralidade. Unidos formam um clã, uma facção ou um comando.
Assim, precisamos entender que se o Senado Federal é a nova “casa dos horrores”, como explicou bem direitinho a matéria da revista britânica The Economist, os habitantes desse espaço tem tudo a ver com a família Addams. Família esta que protagonizou uma série de TV com espetáculos horripilantes na década de 1960 e foi repaginada em vários outros momentos.
Entre tragédias, armadilhas, terror e tantas outras situações mórbidas exibidas durante a série qualquer semelhança entre a casa da família Addams e o Senado brasileiro não é mera coincidência. É adequada e proposital.
A diferença é que as histórias do casal Gomes e Mortícia com seus filhos Wednesday (Wandinha), uma menina sádica e um tanto quanto soturna, que adora brincar com seu desmiolado irmão Pugsley (Feioso), submetendo-o a vários tipos de tortura além de todos os demais loucos membros da família não passam de uma grande ficção.
Já o Senado é uma realidade nua e crua que nós brasileiros assistimos, não acreditamos no que estamos vendo e ainda temos a impressão que o roteiro do filme está apenas no começo.
O final da história? Esperamos que as urnas (em 2010) respondam.
Ps: Os recentes escândalos envolvendo o Congresso brasileiro foram destaques na revista britânica The Economist (julho/2009). Veja matéria aqui.
terça-feira, 14 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
2010: o ano da mudança?
Se gritar pega ladrão no Senado Federal nem os ratos que se escondem por baixo do carpete azul e só aparecem na calada da noite escapam. Todos entram no mesmo buraco.
Em termos de unidade, o Senado é o melhor exemplo de igualdade a ser visto em relação a qualquer outra instituição brasileira. Mesmo que a divisão não seja igual, todos estão no mesmo barco, ou melhor, na mesma sarjeta.
Os senadores se amam e percebem que nada está como antes e tudo continua como sempre esteve. Quando se trata de dividir benefícios o resultado é matemático: um pra você, dois pra mim (pra eles!!).
Embora todas as falcatruas, maracutaias, abuso de poder, nepotismo, clientelismo, benesses e regalias sejam públicos e notórios, há um emaranhado de tubulação e fios que vão brotando do subterrâneo da Casa que dá uma sensação que não acabam nunca. São várias minas espalhadas em todo o solo.
Não há trabalho. Há discurso. Não existem pautas. O tema é sempre único. Na medida em que se busca limpar o esgoto, mais o lixo sobe e toma conta do cenário. Hoje, o Senado é uma bomba atômica na espera de um comando para explodir.
Pela memória registrada em livros, ‘nunca antes na história desse país’, o Senado foi tão desacreditado, desmoralizado e ineficiente na sua função para com a sociedade.
Os que se dizem baluartes da verdade, moral e decência, as possíveis reservas de caráter, de fato não existem. A tirar pelas escolhas à presidência, governar em causa própria, a socialização de imoralidade entre todos os pares e ímpares e a tentativa de criar uma nova imagem para Casa que resgate um mínimo de dignidade.
Mas, algumas coisas mudaram. A sociedade atônica assiste tudo não mais de forma inerte. Hoje a internet facilita a comunicação. São e-mails, comunidades virtuais, twitter, blogs, orkut e ainda se usa a velha faixa na rua (e funciona...) para pressionar, mostrar indignação e retratar ao vivo e em cores o que a sociedade pensa desses larápios travestidos de pessoas do bem.
Um detalhe parece não ser percebido pelos tais representantes: 2010 é ano de eleição.
Com a acessibilidade a informação e a ausência de credibilidade em nossos políticos o voto pode até continuar sendo obrigatório, mas o resultado do pleito poderá ser uma grande revolução.
Diante de um novo cenário, melhor seria que os senadores começassem a limpar o gabinete a partir de hoje. Porque depois de 2010 o espaço poderá ser ocupado por outro.
Em termos de unidade, o Senado é o melhor exemplo de igualdade a ser visto em relação a qualquer outra instituição brasileira. Mesmo que a divisão não seja igual, todos estão no mesmo barco, ou melhor, na mesma sarjeta.
Os senadores se amam e percebem que nada está como antes e tudo continua como sempre esteve. Quando se trata de dividir benefícios o resultado é matemático: um pra você, dois pra mim (pra eles!!).
Embora todas as falcatruas, maracutaias, abuso de poder, nepotismo, clientelismo, benesses e regalias sejam públicos e notórios, há um emaranhado de tubulação e fios que vão brotando do subterrâneo da Casa que dá uma sensação que não acabam nunca. São várias minas espalhadas em todo o solo.
Não há trabalho. Há discurso. Não existem pautas. O tema é sempre único. Na medida em que se busca limpar o esgoto, mais o lixo sobe e toma conta do cenário. Hoje, o Senado é uma bomba atômica na espera de um comando para explodir.
Pela memória registrada em livros, ‘nunca antes na história desse país’, o Senado foi tão desacreditado, desmoralizado e ineficiente na sua função para com a sociedade.
Os que se dizem baluartes da verdade, moral e decência, as possíveis reservas de caráter, de fato não existem. A tirar pelas escolhas à presidência, governar em causa própria, a socialização de imoralidade entre todos os pares e ímpares e a tentativa de criar uma nova imagem para Casa que resgate um mínimo de dignidade.
Mas, algumas coisas mudaram. A sociedade atônica assiste tudo não mais de forma inerte. Hoje a internet facilita a comunicação. São e-mails, comunidades virtuais, twitter, blogs, orkut e ainda se usa a velha faixa na rua (e funciona...) para pressionar, mostrar indignação e retratar ao vivo e em cores o que a sociedade pensa desses larápios travestidos de pessoas do bem.
Um detalhe parece não ser percebido pelos tais representantes: 2010 é ano de eleição.
Com a acessibilidade a informação e a ausência de credibilidade em nossos políticos o voto pode até continuar sendo obrigatório, mas o resultado do pleito poderá ser uma grande revolução.
Diante de um novo cenário, melhor seria que os senadores começassem a limpar o gabinete a partir de hoje. Porque depois de 2010 o espaço poderá ser ocupado por outro.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Ser ou não ser (diplomado), eis a questão
Por José Paulo Cavalcanti Filho em 26/6/2009
Reproduzido da seção “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo, 25/6/2009; intertítulos do OI
Não, o diploma dos jornalistas não acabou. A decisão do Supremo Tribunal Federal, na última semana, limitou-se a dizer que o decreto-lei 972/69 era incompatível com a Constituição democrática de 1988. Mais nada.
E merece elogios – por pretender, esse monstrengo da redentora, exercer o controle do jornalismo a partir do Estado. Era nele que estava, em regra acessória (artigo 4º, V), a exigência de diploma para registro dos jornalistas no Ministério do Trabalho.
Ocorre que, tecnicamente, jamais poderia o STF declarar sem valor o decreto-lei e deixar vigendo uma de suas regras. Sem juízo de valor, no julgamento, sobre o dito diploma – que poderá voltar a ser exigido em outra lei. Apenas isso.
O mais são palavras ao vento. Inclusive as do eminente presidente Gilmar Mendes, que, mais uma vez, expressa opinião pessoal sobre tema que pode vir a ser discutido no Supremo – em vez da reserva que, como regra, a seus ministros conviria guardar em situações assim.
Isso posto, cabe então perguntar se, afinal, esse diploma é bom ou ruim para a cidadania.
Preço do erro
Não há consenso. Divididos, os países, em três posições. Primeiro grupo, o dos que exigem diploma: Bélgica, África do Sul, Arábia Saudita e mais 11 pequenos. Segundo grupo, o dos que não aceitam nenhum tipo de limitação ao exercício da profissão: Chile, Áustria e Suíça, na linha de "um modelo de desregulamentação" absoluto, como defendido pelo ministro Gilmar Mendes. Duas visões francamente minoritárias, pois.
Havendo ainda um terceiro grupo, bem mais amplo, dos países que admitem algum tipo de exigência prévia para o exercício da profissão, segundo padrões culturais não uniformes: idade mínima, escolaridade, ausência de condenação penal, algum curso médio ou superior, curso preparatório específico, estágios compulsórios.
Esse panorama considera só a base legal; um diploma, no mundo real, significa maiores chances de obter emprego e/ou salário melhor.
Na Alemanha, por exemplo, quase nenhum jornal importante contrata quem não tem diploma. Nos Estados Unidos, onde ele também não é exigido, há 400 faculdades, 120 cursos de pós-graduação e 35 doutorados; sem contar que, na média, 80% das Redações são compostas por diplomados.
Maior diferença, entre Redações brasileiras e estrangeiras, é precisamente a quantidade de jornalistas com cabelos brancos: abundantes, nas democracias consolidadas, e escassos, no Brasil, pelo uso indiscriminado de estagiários, lumpens na profissão, mão de obra jovem e barata.
Mas por que jornais, em regra, tanto querem jornalistas diplomados?
A resposta é simples. Por ser dispendioso ensinar, dentro das Redações, a fazer um jornal. E também porque jornalistas aprendem, nas universidades, que errar custa caro.
Nos Estados Unidos, com vitória dos demandantes em 75% dos casos, a média das indenizações oscila entre US$ 100 mil e US$ 200 mil dólares.
Propriedade e legitimidade
Com frequência, vai muito além disso. Por exemplo: Leonard Ross x New York Times, US$ 7,5 milhões; Richard Sprague x Philadelfia Inquirer, US$ 34 milhões; Victor Feazel x Dallas Television Station, US$ 58 milhões; Wall Street Journal x Money Management Analytical Research, US$ 222,7 milhões.
Dando-se então que jornalistas formados, por estatisticamente errar menos, valem mais. E ganham bem mais também, claro. Desde que haja leis de imprensa decentes, faltou dizer. O que nunca tivemos –e continuamos sem ter.
Posta a questão em tons técnicos e mais serenos, o que se vê hoje em nosso país é um cenário anormal. Exótico. Porque, em toda parte, são os próprios jornalistas que não aceitam a exigência do diploma, enquanto aqui sua defesa é feita pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). E empresas sempre pedem diploma – enquanto aqui as restrições contra ele partem de um de nossos mais respeitados jornais, a Folha de S.Paulo.
Coisas do Brasil.
Dando os trâmites por findos, assim, cumpre agora esperar por legislação específica do Congresso Nacional – a quem cabe, com mais propriedade e mais legitimidade, estabelecer requisitos para o exercício das profissões. A ele cumprindo, afinal, decidir se o diploma deve ser mesmo exigido.
Ou não.
Texto veiculado no Observatório da Imprensa
Reproduzido da seção “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo, 25/6/2009; intertítulos do OI
Não, o diploma dos jornalistas não acabou. A decisão do Supremo Tribunal Federal, na última semana, limitou-se a dizer que o decreto-lei 972/69 era incompatível com a Constituição democrática de 1988. Mais nada.
E merece elogios – por pretender, esse monstrengo da redentora, exercer o controle do jornalismo a partir do Estado. Era nele que estava, em regra acessória (artigo 4º, V), a exigência de diploma para registro dos jornalistas no Ministério do Trabalho.
Ocorre que, tecnicamente, jamais poderia o STF declarar sem valor o decreto-lei e deixar vigendo uma de suas regras. Sem juízo de valor, no julgamento, sobre o dito diploma – que poderá voltar a ser exigido em outra lei. Apenas isso.
O mais são palavras ao vento. Inclusive as do eminente presidente Gilmar Mendes, que, mais uma vez, expressa opinião pessoal sobre tema que pode vir a ser discutido no Supremo – em vez da reserva que, como regra, a seus ministros conviria guardar em situações assim.
Isso posto, cabe então perguntar se, afinal, esse diploma é bom ou ruim para a cidadania.
Preço do erro
Não há consenso. Divididos, os países, em três posições. Primeiro grupo, o dos que exigem diploma: Bélgica, África do Sul, Arábia Saudita e mais 11 pequenos. Segundo grupo, o dos que não aceitam nenhum tipo de limitação ao exercício da profissão: Chile, Áustria e Suíça, na linha de "um modelo de desregulamentação" absoluto, como defendido pelo ministro Gilmar Mendes. Duas visões francamente minoritárias, pois.
Havendo ainda um terceiro grupo, bem mais amplo, dos países que admitem algum tipo de exigência prévia para o exercício da profissão, segundo padrões culturais não uniformes: idade mínima, escolaridade, ausência de condenação penal, algum curso médio ou superior, curso preparatório específico, estágios compulsórios.
Esse panorama considera só a base legal; um diploma, no mundo real, significa maiores chances de obter emprego e/ou salário melhor.
Na Alemanha, por exemplo, quase nenhum jornal importante contrata quem não tem diploma. Nos Estados Unidos, onde ele também não é exigido, há 400 faculdades, 120 cursos de pós-graduação e 35 doutorados; sem contar que, na média, 80% das Redações são compostas por diplomados.
Maior diferença, entre Redações brasileiras e estrangeiras, é precisamente a quantidade de jornalistas com cabelos brancos: abundantes, nas democracias consolidadas, e escassos, no Brasil, pelo uso indiscriminado de estagiários, lumpens na profissão, mão de obra jovem e barata.
Mas por que jornais, em regra, tanto querem jornalistas diplomados?
A resposta é simples. Por ser dispendioso ensinar, dentro das Redações, a fazer um jornal. E também porque jornalistas aprendem, nas universidades, que errar custa caro.
Nos Estados Unidos, com vitória dos demandantes em 75% dos casos, a média das indenizações oscila entre US$ 100 mil e US$ 200 mil dólares.
Propriedade e legitimidade
Com frequência, vai muito além disso. Por exemplo: Leonard Ross x New York Times, US$ 7,5 milhões; Richard Sprague x Philadelfia Inquirer, US$ 34 milhões; Victor Feazel x Dallas Television Station, US$ 58 milhões; Wall Street Journal x Money Management Analytical Research, US$ 222,7 milhões.
Dando-se então que jornalistas formados, por estatisticamente errar menos, valem mais. E ganham bem mais também, claro. Desde que haja leis de imprensa decentes, faltou dizer. O que nunca tivemos –e continuamos sem ter.
Posta a questão em tons técnicos e mais serenos, o que se vê hoje em nosso país é um cenário anormal. Exótico. Porque, em toda parte, são os próprios jornalistas que não aceitam a exigência do diploma, enquanto aqui sua defesa é feita pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). E empresas sempre pedem diploma – enquanto aqui as restrições contra ele partem de um de nossos mais respeitados jornais, a Folha de S.Paulo.
Coisas do Brasil.
Dando os trâmites por findos, assim, cumpre agora esperar por legislação específica do Congresso Nacional – a quem cabe, com mais propriedade e mais legitimidade, estabelecer requisitos para o exercício das profissões. A ele cumprindo, afinal, decidir se o diploma deve ser mesmo exigido.
Ou não.
Texto veiculado no Observatório da Imprensa
DIPLOMA DESNECESSÁRIO
As emoções do dia seguinte
Por Alberto Dines em 26/6/2009
Comentário para o programa radiofônico do OI, 26/6/2009
As edições de quinta-feira (25/6) do Globo e da Folha de S.Paulo ofereceram sinais de que a grande imprensa está disposta a rever o insensato apoio a duas recentes decisões do Supremo Tribunal Federal relativas à atividade jornalística.
No Globo, um abundante noticiário (pág. 10) reproduziu o debate do dia anterior sobre o Direito de Resposta, promovido pela Escola da Magistratura do Rio.
Convém lembrar que no fim de abril, a grande mídia exultou com a decisão do STF extinguindo integralmente a Lei de Imprensa. Arrependeu-se logo depois porque a liquidação pura e simples da lei sem algo que a substituísse deixou um perigoso vácuo legal. Agora, ao participar do evento dos magistrados (que precisam de leis para basear seus veredictos), fica visível ao leitor que o jornalão carioca está reconsiderando o assunto.
A Folha atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história recente – devido a proximidade com o senador Sarney – por isso foi mais rápida e ressuscitou menos de uma semana depois a questão do diploma de jornalismo por meio de um artigo do jurista José Paulo Cavalcanti Filho.
Imaginava o jornalão paulista que o nosso maior especialista em direito de comunicação faria coro aos que condenaram o diploma. Já na edição televisiva do Observatório da Imprensa de terça-feira (23/6), mestre Cavalcanti havia arrasado grande parte da argumentação das empresas jornalísticas; na quinta-feira, no artigo da Folha, foi ainda mais incisivo.
Para o Globo será fácil e conveniente endossar o clamor dos magistrados por um estatuto que regulamente o Direito de Resposta. Mas para a Folha será mais complicado. Afinal a cruzada contra o diploma foi iniciada por ela há 34 anos e, ao longo deste tempo, publicaram-se os maiores disparates e falácias não apenas sobre o diploma, mas principalmente sobre a profissão de jornalista que o jornal deveria respeitar e valorizar.
A ressaca do day after promete muitas emoções.
Texto do Observatório da Imprensa
Por Alberto Dines em 26/6/2009
Comentário para o programa radiofônico do OI, 26/6/2009
As edições de quinta-feira (25/6) do Globo e da Folha de S.Paulo ofereceram sinais de que a grande imprensa está disposta a rever o insensato apoio a duas recentes decisões do Supremo Tribunal Federal relativas à atividade jornalística.
No Globo, um abundante noticiário (pág. 10) reproduziu o debate do dia anterior sobre o Direito de Resposta, promovido pela Escola da Magistratura do Rio.
Convém lembrar que no fim de abril, a grande mídia exultou com a decisão do STF extinguindo integralmente a Lei de Imprensa. Arrependeu-se logo depois porque a liquidação pura e simples da lei sem algo que a substituísse deixou um perigoso vácuo legal. Agora, ao participar do evento dos magistrados (que precisam de leis para basear seus veredictos), fica visível ao leitor que o jornalão carioca está reconsiderando o assunto.
A Folha atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história recente – devido a proximidade com o senador Sarney – por isso foi mais rápida e ressuscitou menos de uma semana depois a questão do diploma de jornalismo por meio de um artigo do jurista José Paulo Cavalcanti Filho.
Imaginava o jornalão paulista que o nosso maior especialista em direito de comunicação faria coro aos que condenaram o diploma. Já na edição televisiva do Observatório da Imprensa de terça-feira (23/6), mestre Cavalcanti havia arrasado grande parte da argumentação das empresas jornalísticas; na quinta-feira, no artigo da Folha, foi ainda mais incisivo.
Para o Globo será fácil e conveniente endossar o clamor dos magistrados por um estatuto que regulamente o Direito de Resposta. Mas para a Folha será mais complicado. Afinal a cruzada contra o diploma foi iniciada por ela há 34 anos e, ao longo deste tempo, publicaram-se os maiores disparates e falácias não apenas sobre o diploma, mas principalmente sobre a profissão de jornalista que o jornal deveria respeitar e valorizar.
A ressaca do day after promete muitas emoções.
Texto do Observatório da Imprensa
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Morre mais uma estrela
Foto: Uol
Por que será que pessoas famosas, celebridades internacionais, talentosas e criativas sempre morrem de forma tão inexplicável?
Por que será que pessoas com todo o perfil de um ícone, de uma referencia, tem sempre uma vida de altos e baixo, vivem uma tristeza doentia e aparentam uma ausência de paz interior?
Por que será que o sucesso não renova essas pessoas? Por que os olhos delas são sempre tão evasivos, distantes, sem rumo, sem prumo, sem alegria? Por que será?
Por que será que essas pessoas não se encontram? Não tem uma vida singular... digamos assim... normal como todos os seres humanos que não tem contas volumosas em bancos e ações no mercado financeiro?
O que faz essas pessoas serem chamadas de “estrelas”, mas não tem brilho interior?
Por que será que mesmo depois de todo o desvendar da vida intima de uma celebridade a mídia perpetua seu exemplo como obra inacabável?
Não há dúvida que o astro pop Michael Jackson (morto dia 25/06/09) é uma referencia na musica e na dança. Mas como pessoa, que exemplo ele deixa para perpetuação da sua memória?
Qual a sua identidade? Qual a sua história de vida a ser seguida?
Que imagem vai ficar na mente das pessoas?
Por que será que pessoas com todo o perfil de um ícone, de uma referencia, tem sempre uma vida de altos e baixo, vivem uma tristeza doentia e aparentam uma ausência de paz interior?
Por que será que o sucesso não renova essas pessoas? Por que os olhos delas são sempre tão evasivos, distantes, sem rumo, sem prumo, sem alegria? Por que será?
Por que será que essas pessoas não se encontram? Não tem uma vida singular... digamos assim... normal como todos os seres humanos que não tem contas volumosas em bancos e ações no mercado financeiro?
O que faz essas pessoas serem chamadas de “estrelas”, mas não tem brilho interior?
Por que será que mesmo depois de todo o desvendar da vida intima de uma celebridade a mídia perpetua seu exemplo como obra inacabável?
Não há dúvida que o astro pop Michael Jackson (morto dia 25/06/09) é uma referencia na musica e na dança. Mas como pessoa, que exemplo ele deixa para perpetuação da sua memória?
Qual a sua identidade? Qual a sua história de vida a ser seguida?
Que imagem vai ficar na mente das pessoas?
sexta-feira, 19 de junho de 2009
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Profissão: jornalista (já era!)
Agora jornalista é qualquer um. Depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a obrigatoriedade do diploma jornalístico e jogou na lama os cursos universitários e os estudos acadêmicos nesse campo, vários precedentes foram abertos.
Qualquer pessoa que escreve pode se achar jornalista e ponto. É contratada pela empresa que não precisa pagar piso salarial para categoria e pode colocar quem ela achar interessante para escrever qualquer coisa. Até mesmo sobre direito civil, constitucional.
Sinto—me hoje capaz de defender qualquer ser humano juridicamente(!)na medida em que me aprofundo nas Leis e tenho como pano de fundo a Constituição Brasileira que diz que toda pessoa é inocente até prova o contrário.
E pensando dessa forma, os ministros do Supremo não ficarão espantados quando abrirem os jornais e depararem com textos eloquentes, bem construídos e de amplo domínio sobre determinadas temáticas produzidos pelos dois maiores narcotraficantes presos no país, o brasileiro Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e o colombiano Juan Carlos Abadía, conhecido como Chupeta.
Se "o jornalismo e a liberdade de expressão são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada", como afirmou o ministro Gilmar Mendes, então Beira-Mar e Abadía podem usar dessa prerrogativa para escreverem e expressarem “jornalisticamente” tudo que quiserem.
A história já registrou fatos como esse. Afinal, quem pode esquecer os textos mais profundos e até poéticos de ditadores como Hitler, Mussolini, Perón, Stalin? Homens que amavam as artes, a musica erudita e retratavam seus momentos de lucidez em textos, discursos e artigos.
De fato, parece mesmo que estamos entrando numa nova era. Quando paises(desenvolvidos)da Europa estão repensando o papel do jornalista e refletindo sobre a importância da capacitação e regulamentação do diploma para profissão, nós estamos abrindo precedentes em nome da liberdade de expressão que em termos de imprensa hegemônica como a nossa, nunca existiu.
Na derrubada do diploma, vale registrar as ausências dos ministros Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito que não participaram do julgamento e o voto contrário do ministro Marco Aurélio Mello que sustentou a necessidade de conhecimentos específicos para o exercício da profissão e ainda alegou que muitas pessoas entraram na faculdade de Jornalismo acreditando que exerceriam uma profissão regulamentada.
O que vai acontecer daqui pra frente? Melhor perguntar ao Supremo que parecer ter as melhores soluções para qualquer profissão. As perdas ainda serão computadas.
No entanto, podemos admitir que a classe de jornalistas não está fortalecida, que a sociedade está acéfala de vozes profissionais nessa área, que os cursos de jornalismo serão repensados e que a democracia está muito arranhada.
Quem está ganhando hoje? Os donos do poder.
Desabafo jornalístico 4
O que são conhecimentos técnicos afinal?
Laiza Campos*
Li nos jornais dessa quinta-feira (18/06) algo que me deixou bastante intrigada: um dos ministros que votaram a favor da não-obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão no país, afirmou que só será exigido diploma para aqueles profissionais que lidam com vidas, como médicos, engenheiros e profissionais da área de Direito. Confesso que me choquei na hora.
Sou estudante do sexto período de Jornalismo, na Uneb, e presenciei, ao longo desse tempo, calorosas discussões sobre ética e como ser “imparcial” para não ferir a hombridade de ninguém, já que iríamos lidar com vidas; sentimentos alheios... Vi meus professores, por diversas vezes, repudiar o sensacionalismo, a espetacularização da notícia... por estarmos lidando com vidas! Aí vem um ministro (que nunca passou pela faculdade de jornalismo) afirmar que só os médicos, advogados e engenheiros cuidam de pessoas.
Sinceramente, não sei mais o que está faltando acontecer nesse país!
Foram 8 votos a 1 para decidir que o conhecimento adquirido na academia é inútil. O que fazer então, acabar com os cursos de comunicação no Brasil?
O que o Supremo quer afirmar com essa nova lei, que o ensino superior no país é precário? Acho que era isso que a Ministra queria elucidar quando afirmou que não é preciso técnica para fazer jornalismo, basta usar a intelectualidade.
Deveriam ter esclarecido isso antes aos professores das disciplinas teóricas, coitados, perdem tempo ensinando aos seus alunos sobre como entrevistar; como narrar fatos sem atingir pessoas inocentes; gastam muitas aulas para nos esclarecer, de fato, quais são os critérios de noticiabilidade... A Ministra acha que isso não é Teoria da Comunicação.
Ficaria até feliz com essa decisão se o Brasil fosse um país de pessoas, ao menos, alfabetizadas. Ela defende que os “intelectuais” se manifestem... Acho que o jornal terá que continuar a ser feito por jornalistas mesmo.
Direito de publicar artigos? Todos sempre tiveram, mas eu só quero saber quem é que vai abdicar dos fins de semana, feriados e datas comemorativas, para fazer notícia no Brasil...
O jornalista, claro! Afinal, os médicos, juízes e engenheiros precisam descansar, pois, assumirão dupla jornada: em horário comercial, exercem a função para a qual foram preparados pela academia; nas horas vagas, assumem o lugar dos jornalistas.
Nesse instante, só consigo lembrar do casal da escola Base, acusado injustamente pela mídia, de praticar abuso sexual infantil dentro da escola. A mídia fez um estardalhaço... destruiu a imagem e a vida dessas pessoas para, em seguida, a justiça inocentá-los por falta de prova.
Os jornalistas e veículos foram processados, embora o caso ainda não tenha sido resolvido. Com isso, eu me pergunto: se algo semelhante acontecer a partir de agora, quem irá responder aos processos, os donos das empresas?
Os “jornalistas”? Ah! Lembrei, não estamos lidando com vidas, portanto, ninguém deverá ser responsabilizado pelos danos causados à sociedade.
*Estudante de Jornalismo em Multimeios da Uneb, em Juazeiro.
Laiza Campos*
Li nos jornais dessa quinta-feira (18/06) algo que me deixou bastante intrigada: um dos ministros que votaram a favor da não-obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão no país, afirmou que só será exigido diploma para aqueles profissionais que lidam com vidas, como médicos, engenheiros e profissionais da área de Direito. Confesso que me choquei na hora.
Sou estudante do sexto período de Jornalismo, na Uneb, e presenciei, ao longo desse tempo, calorosas discussões sobre ética e como ser “imparcial” para não ferir a hombridade de ninguém, já que iríamos lidar com vidas; sentimentos alheios... Vi meus professores, por diversas vezes, repudiar o sensacionalismo, a espetacularização da notícia... por estarmos lidando com vidas! Aí vem um ministro (que nunca passou pela faculdade de jornalismo) afirmar que só os médicos, advogados e engenheiros cuidam de pessoas.
Sinceramente, não sei mais o que está faltando acontecer nesse país!
Foram 8 votos a 1 para decidir que o conhecimento adquirido na academia é inútil. O que fazer então, acabar com os cursos de comunicação no Brasil?
O que o Supremo quer afirmar com essa nova lei, que o ensino superior no país é precário? Acho que era isso que a Ministra queria elucidar quando afirmou que não é preciso técnica para fazer jornalismo, basta usar a intelectualidade.
Deveriam ter esclarecido isso antes aos professores das disciplinas teóricas, coitados, perdem tempo ensinando aos seus alunos sobre como entrevistar; como narrar fatos sem atingir pessoas inocentes; gastam muitas aulas para nos esclarecer, de fato, quais são os critérios de noticiabilidade... A Ministra acha que isso não é Teoria da Comunicação.
Ficaria até feliz com essa decisão se o Brasil fosse um país de pessoas, ao menos, alfabetizadas. Ela defende que os “intelectuais” se manifestem... Acho que o jornal terá que continuar a ser feito por jornalistas mesmo.
Direito de publicar artigos? Todos sempre tiveram, mas eu só quero saber quem é que vai abdicar dos fins de semana, feriados e datas comemorativas, para fazer notícia no Brasil...
O jornalista, claro! Afinal, os médicos, juízes e engenheiros precisam descansar, pois, assumirão dupla jornada: em horário comercial, exercem a função para a qual foram preparados pela academia; nas horas vagas, assumem o lugar dos jornalistas.
Nesse instante, só consigo lembrar do casal da escola Base, acusado injustamente pela mídia, de praticar abuso sexual infantil dentro da escola. A mídia fez um estardalhaço... destruiu a imagem e a vida dessas pessoas para, em seguida, a justiça inocentá-los por falta de prova.
Os jornalistas e veículos foram processados, embora o caso ainda não tenha sido resolvido. Com isso, eu me pergunto: se algo semelhante acontecer a partir de agora, quem irá responder aos processos, os donos das empresas?
Os “jornalistas”? Ah! Lembrei, não estamos lidando com vidas, portanto, ninguém deverá ser responsabilizado pelos danos causados à sociedade.
*Estudante de Jornalismo em Multimeios da Uneb, em Juazeiro.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Desabafo jornalístico 3
Carinina Dourado*
Sou jovem, tenho 24 anos e há quase três, de segunda a sábado, das 14h às 18h, passo a tarde em uma sala de aula de uma universidade.
Aparentemente me julgo uma estudante normal. Discuto teorias, tenho aulas práticas, cumpro carga horária, perco por falta, preciso apresentar o comprovante de votação para realizar a matrícula. Até aí tudo bem, mas o que me faz diferente dos outros estudantes?
O que leva muitas pessoas a pensarem que a minha futura profissão Jor- na –lis –ta não é tão importante quanto as demais? Quais motivos e argumentos levam alguns representantes do sistema político brasileiro a interpretarem que não posso e que não produzo ciência e que também não contribuo para o desenvolvimento sócio-econômico do meu país?
A resposta não demora a vir. A nossa matéria-prima é a verdade, e esta num país de escândalos e falcatruas políticas não é um termo que soa bem. Afinal para que nos manter na sociedade e nos ajudar com os nossos direitos, de vez em quando e quase sempre expomos problemas sérios do país.
Mostramos que aquela verba paga com os nossos impostos não foi aplicada onde deveria, que aquela empresa não tá agindo legal com o meio ambiente, que a fila nos hospitais públicos não para de crescer e que pessoas estão morrendo por falta de atendimento, que parte das rodovias estão destruídas, que o ensino educacional está em péssimas condições, que aquele político fez besteira com o dinheiro público...enfim, na nossa vida e no nosso dicionário estão inclusos outros termos e não reduzimos o Brasil em apenas carnaval, futebol e mulata.
Confesso que fico envergonhada com a conduta das pessoas que se dizem os meus representantes, mas, desconhecem a minha realidade e com ela a de milhares de estudantes de Jornalismo e profissionais atuantes.
A verdade parece incomodar, porém, se faz necessário. Trabalhar com as palavras e construir um significado é tão importante quanto cuidar do corpo e também envolve técnicas e habilidades.
Quero crer que isto não é verdade e que ainda posso sonhar como continuo sonhando. Ser uma profissional respeitada, ter os meus direitos reconhecidos e poder colocar em prática tudo o que aprendi durante os quase três anos de faculdade é o que estimo.
*Estudante de Jornalismo em Multimeios da UNEB-Juazeiro/BA
Sou jovem, tenho 24 anos e há quase três, de segunda a sábado, das 14h às 18h, passo a tarde em uma sala de aula de uma universidade.
Aparentemente me julgo uma estudante normal. Discuto teorias, tenho aulas práticas, cumpro carga horária, perco por falta, preciso apresentar o comprovante de votação para realizar a matrícula. Até aí tudo bem, mas o que me faz diferente dos outros estudantes?
O que leva muitas pessoas a pensarem que a minha futura profissão Jor- na –lis –ta não é tão importante quanto as demais? Quais motivos e argumentos levam alguns representantes do sistema político brasileiro a interpretarem que não posso e que não produzo ciência e que também não contribuo para o desenvolvimento sócio-econômico do meu país?
A resposta não demora a vir. A nossa matéria-prima é a verdade, e esta num país de escândalos e falcatruas políticas não é um termo que soa bem. Afinal para que nos manter na sociedade e nos ajudar com os nossos direitos, de vez em quando e quase sempre expomos problemas sérios do país.
Mostramos que aquela verba paga com os nossos impostos não foi aplicada onde deveria, que aquela empresa não tá agindo legal com o meio ambiente, que a fila nos hospitais públicos não para de crescer e que pessoas estão morrendo por falta de atendimento, que parte das rodovias estão destruídas, que o ensino educacional está em péssimas condições, que aquele político fez besteira com o dinheiro público...enfim, na nossa vida e no nosso dicionário estão inclusos outros termos e não reduzimos o Brasil em apenas carnaval, futebol e mulata.
Confesso que fico envergonhada com a conduta das pessoas que se dizem os meus representantes, mas, desconhecem a minha realidade e com ela a de milhares de estudantes de Jornalismo e profissionais atuantes.
A verdade parece incomodar, porém, se faz necessário. Trabalhar com as palavras e construir um significado é tão importante quanto cuidar do corpo e também envolve técnicas e habilidades.
Quero crer que isto não é verdade e que ainda posso sonhar como continuo sonhando. Ser uma profissional respeitada, ter os meus direitos reconhecidos e poder colocar em prática tudo o que aprendi durante os quase três anos de faculdade é o que estimo.
*Estudante de Jornalismo em Multimeios da UNEB-Juazeiro/BA
Desabafo jornalístico 2
O que vem por trás de um Diploma?
Juciana Cavalcante*
Acreditava em muita coisa que pudesse vir com a aquisição de um diploma de nível superior. Bom, acabo de saber que para o exercício do Jornalismo essa exigência não existe mais.
E agora que farei com um diploma que se quer recebi? Que farei com os quatro anos acadêmicos vividos para o exercício ético e profissional do jornalismo? RESPOSTA: se alguém souber me responda. Porque eu não sei.
A discussão que se deu nos bancos do Supremo Tribunal Federal, que para mim não devia se quer estar como questionamento, decidiu por oito votos contra uma única e isolada esperança pela derrubada da obrigatoriedade do diploma para o jornalismo. O dilema não é de hoje, não é a primeira vez que um presidente da corte decide por esse fim.
No final do ano de 2002 uma liminar da juíza Carla Rister suspendeu a exigência do diploma, e como era se prever órgãos como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Advocacia Geral da União (AGU) recorreram da decisão.
Mas e agora? O que vai acontecer novamente?O presidente da Corte e relator do RE, ministro Gilmar Mendes, que votou pela inconstitucionalidade do DL 972 disse: “o jornalismo e a liberdade de expressão são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada”, e ainda “O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada”.
Quem defende a obrigatoriedade como o advogado João Roberto Piza Fontes, que esteve presente na sessão representando a Fenaj, adverte que a legislação dá espaço para os colaboradores com conhecimentos específicos em determinada matéria e, também, para provisionados, autorizados a exercer o jornalismo onde não houver jornalista profissional formado nem faculdade de Comunicação.
E completo indo ainda mais além; conhecemos muitos profissionais provisionados competentes e que continuam a exercer, com razão a profissão, mas a realidade deles era bem diferente da atua, o mundo mudou e com o jornalismo não seria diferente. Aceitar que uma pessoa sem conhecimento algum sobre técnicas e teorias do jornalismo exerça a profissão a partir de agora é absolutamente inadmissível.
Pois é, existem técnicas e teorias que auxiliam na prática do jornalismo, então para que elas existem, se não para ser estudadas? Desse modo me é permitido pensar que não só o esforço dos profissionais formados e em formação hoje foi em vão, como também de inúmeros estudiosos que dedicaram seu tempo em pesquisas para a construção de tais técnicas e teorias.
João Piza afirmou ainda e acertadamente que “o RE é apenas uma defesa das grandes corporações e uma ameaça ao nível da informação, se o jornalismo vier a ser exercido por profissionais não qualificados, assim como um aviltamento da profissão, pois é uma ameaça à justa remuneração dos profissionais de nível superior que hoje estão na profissão”.
Como diria a advogada Grace Maria Mendonça da AGU questionar se alguém se entregaria na mão de um médico ou odontólogo, ou então de um piloto não formado ninguém quer. E acharam inconstitucional a obrigatoriedade para o exercício de uma profissão que lida diariamente com vidas. Vai entender! E enquanto isso nos corredores do Tribunal fica a vida de inúmeros profissionais e estudantes na incerteza.
*Estudante do 8º período de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Juciana Cavalcante*
Acreditava em muita coisa que pudesse vir com a aquisição de um diploma de nível superior. Bom, acabo de saber que para o exercício do Jornalismo essa exigência não existe mais.
E agora que farei com um diploma que se quer recebi? Que farei com os quatro anos acadêmicos vividos para o exercício ético e profissional do jornalismo? RESPOSTA: se alguém souber me responda. Porque eu não sei.
A discussão que se deu nos bancos do Supremo Tribunal Federal, que para mim não devia se quer estar como questionamento, decidiu por oito votos contra uma única e isolada esperança pela derrubada da obrigatoriedade do diploma para o jornalismo. O dilema não é de hoje, não é a primeira vez que um presidente da corte decide por esse fim.
No final do ano de 2002 uma liminar da juíza Carla Rister suspendeu a exigência do diploma, e como era se prever órgãos como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Advocacia Geral da União (AGU) recorreram da decisão.
Mas e agora? O que vai acontecer novamente?O presidente da Corte e relator do RE, ministro Gilmar Mendes, que votou pela inconstitucionalidade do DL 972 disse: “o jornalismo e a liberdade de expressão são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada”, e ainda “O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada”.
Quem defende a obrigatoriedade como o advogado João Roberto Piza Fontes, que esteve presente na sessão representando a Fenaj, adverte que a legislação dá espaço para os colaboradores com conhecimentos específicos em determinada matéria e, também, para provisionados, autorizados a exercer o jornalismo onde não houver jornalista profissional formado nem faculdade de Comunicação.
E completo indo ainda mais além; conhecemos muitos profissionais provisionados competentes e que continuam a exercer, com razão a profissão, mas a realidade deles era bem diferente da atua, o mundo mudou e com o jornalismo não seria diferente. Aceitar que uma pessoa sem conhecimento algum sobre técnicas e teorias do jornalismo exerça a profissão a partir de agora é absolutamente inadmissível.
Pois é, existem técnicas e teorias que auxiliam na prática do jornalismo, então para que elas existem, se não para ser estudadas? Desse modo me é permitido pensar que não só o esforço dos profissionais formados e em formação hoje foi em vão, como também de inúmeros estudiosos que dedicaram seu tempo em pesquisas para a construção de tais técnicas e teorias.
João Piza afirmou ainda e acertadamente que “o RE é apenas uma defesa das grandes corporações e uma ameaça ao nível da informação, se o jornalismo vier a ser exercido por profissionais não qualificados, assim como um aviltamento da profissão, pois é uma ameaça à justa remuneração dos profissionais de nível superior que hoje estão na profissão”.
Como diria a advogada Grace Maria Mendonça da AGU questionar se alguém se entregaria na mão de um médico ou odontólogo, ou então de um piloto não formado ninguém quer. E acharam inconstitucional a obrigatoriedade para o exercício de uma profissão que lida diariamente com vidas. Vai entender! E enquanto isso nos corredores do Tribunal fica a vida de inúmeros profissionais e estudantes na incerteza.
*Estudante do 8º período de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Desabafo jornalístico 1
Ayala Lopes*
Minha nossa...eu acabei de me formar, em maio desse ano. Fiquei longe de minha família, mudei de cidade, perdi e fiz amigos pra que? Perdi festas, abdiquei de momentos, construí uma vida e fui atrás de um SONHO...mas parece que é isso mesmo, sabe?
Sonho não é real, nunca é realidade... Como posso me estimular a buscar emprego, como posso encher o peito pra dizer que tenho nível superior? Como ficam as nossas vidas agora?Pra fazermos concurso a exigência sempre foi apresentar diploma de nível superior.
O que essa decisão quer dizer? Que nós, os VERDADEIROS E LEGÍTIMOS jornalistas teremos que fazer outro curso pra garantirmos melhores condições de carreira?
É...porque parece unânime pra mim, hoje, que passar quatro anos e meio, como foi o meu caso, na Universidade do Estado da Bahia pra me tornar uma "jornalista em multimeios" não vale o meu sustento, meu futuro.
Se o carinha tem uma voz de veludo, ou se uma deusa grega que fotografa bem pode trabalhar nos veículos de comunicação, por que eu, que nem sou linda nem tenho gogó de ouro posso me achar no dever de estar empregada, ein?
De que importa ter aprendido sobre fotojornalismo, telejornalismo 1 e 2, Rádio 1 e 2, educomunicação 1 e 2, português para comunicação e redação, 04 vezes, inglês, espanhol, jornalismo on-line, historia da arte, critica da mídia, psicologia para a comunicação, técnicas de expressão, laboratório de vídeo-arte etc?
Isso serve pra me deixar com raiva de mim mesma. Quando meus pais diziam que eu deveria ser médica, eu teimei em ser jornalista. "Pai, um dia o senhor vai me ver nas grandes tevês!"
Concordo com todos os recém-formados e comunicólogos quando sugerem ser possível a nós atuarmos em outras áreas. Seremos então médicos, advogados, afinal, eles estão ocupando nossas vagas como colunistas de revistas famosas e assessores de imprensa.
Quem tá a fim e tem capital pra gente abrir uma clínica ou um escritório de advocacia?
Desculpem o desabafo. Não poderia ficar calada frente à vitória da extinção da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
* Jornalista
Minha nossa...eu acabei de me formar, em maio desse ano. Fiquei longe de minha família, mudei de cidade, perdi e fiz amigos pra que? Perdi festas, abdiquei de momentos, construí uma vida e fui atrás de um SONHO...mas parece que é isso mesmo, sabe?
Sonho não é real, nunca é realidade... Como posso me estimular a buscar emprego, como posso encher o peito pra dizer que tenho nível superior? Como ficam as nossas vidas agora?Pra fazermos concurso a exigência sempre foi apresentar diploma de nível superior.
O que essa decisão quer dizer? Que nós, os VERDADEIROS E LEGÍTIMOS jornalistas teremos que fazer outro curso pra garantirmos melhores condições de carreira?
É...porque parece unânime pra mim, hoje, que passar quatro anos e meio, como foi o meu caso, na Universidade do Estado da Bahia pra me tornar uma "jornalista em multimeios" não vale o meu sustento, meu futuro.
Se o carinha tem uma voz de veludo, ou se uma deusa grega que fotografa bem pode trabalhar nos veículos de comunicação, por que eu, que nem sou linda nem tenho gogó de ouro posso me achar no dever de estar empregada, ein?
De que importa ter aprendido sobre fotojornalismo, telejornalismo 1 e 2, Rádio 1 e 2, educomunicação 1 e 2, português para comunicação e redação, 04 vezes, inglês, espanhol, jornalismo on-line, historia da arte, critica da mídia, psicologia para a comunicação, técnicas de expressão, laboratório de vídeo-arte etc?
Isso serve pra me deixar com raiva de mim mesma. Quando meus pais diziam que eu deveria ser médica, eu teimei em ser jornalista. "Pai, um dia o senhor vai me ver nas grandes tevês!"
Concordo com todos os recém-formados e comunicólogos quando sugerem ser possível a nós atuarmos em outras áreas. Seremos então médicos, advogados, afinal, eles estão ocupando nossas vagas como colunistas de revistas famosas e assessores de imprensa.
Quem tá a fim e tem capital pra gente abrir uma clínica ou um escritório de advocacia?
Desculpem o desabafo. Não poderia ficar calada frente à vitória da extinção da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
* Jornalista
STF aprova fim da exigência do diploma de jornalista
17 de junho de 2009 • 18h44 • atualizado às 19h42
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira, pelo fim da exigência ao diploma de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão. Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello acompanharam o voto do presidente do STF, Gilmar Mendes. Apenas o ministro Marco Aurélio foi contrário.
O presidente da Corte, que relatou a matéria, afirmou que a Constituição Federal de 1988, ao garantir a ampla liberdade de expressão, não recepcionou o decreto-lei 972/69, que exigia o diploma.
"É fácil perceber que formação específica em curso não é meio idôneo suficiente para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros", afirmou Mendes em seu voto. Em sua argumentação, o presidente do STF fez alusão ao exercício profissional da culinária: "um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área".
Mendes citou várias pessoas ilustres que exerceram a profissão sem diploma no curso e salientou que o jornalismo se diferencia por uma estreita vinculação ao exercício pleno das liberdades de expressão e informação. "O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada", afirmou Mendes.
Após garantida a maioria, o ministro Marco Aurélio Mello proferiu voto contrário ao fim da exigência do diploma, sustentando que são necessários conhecimentos técnicos para o exercício da profissão. Ele ressaltou que várias pessoas entraram na faculdade de Jornalismo acreditando que exerceriam uma profissão regulamentada.
Os ministros julgam recurso ajuizado pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal (MPF), do qual Mendes era relator, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que afirmou a necessidade do diploma.
Os ministros Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito não participaram do julgamento.
Com informações da Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira, pelo fim da exigência ao diploma de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão. Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello acompanharam o voto do presidente do STF, Gilmar Mendes. Apenas o ministro Marco Aurélio foi contrário.
O presidente da Corte, que relatou a matéria, afirmou que a Constituição Federal de 1988, ao garantir a ampla liberdade de expressão, não recepcionou o decreto-lei 972/69, que exigia o diploma.
"É fácil perceber que formação específica em curso não é meio idôneo suficiente para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros", afirmou Mendes em seu voto. Em sua argumentação, o presidente do STF fez alusão ao exercício profissional da culinária: "um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área".
Mendes citou várias pessoas ilustres que exerceram a profissão sem diploma no curso e salientou que o jornalismo se diferencia por uma estreita vinculação ao exercício pleno das liberdades de expressão e informação. "O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada", afirmou Mendes.
Após garantida a maioria, o ministro Marco Aurélio Mello proferiu voto contrário ao fim da exigência do diploma, sustentando que são necessários conhecimentos técnicos para o exercício da profissão. Ele ressaltou que várias pessoas entraram na faculdade de Jornalismo acreditando que exerceriam uma profissão regulamentada.
Os ministros julgam recurso ajuizado pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal (MPF), do qual Mendes era relator, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que afirmou a necessidade do diploma.
Os ministros Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito não participaram do julgamento.
Com informações da Agência Brasil
terça-feira, 16 de junho de 2009
Jornalismo: uma profissão diante do Supremo
Ayrton Maciel*
Jornalismo não é arte. Não é arte plástica, não é arte cênica, não é literatura, não é cordel, não é o artesanato da palavra. Jornalismo é só uma profissão, um ofício com suas técnicas de apuração, redação e apresentação, que tem seu espaço de criação, mas, que - diferentemente da arte - não tem qualquer traço de ficção, nem é ilimitado no imaginário do jornalista.
Uma atividade que, infelicitadamente, ganhou um glamour - influência do grande desenvolvimento tecnológico que nos tempos modernos deu áurea à informação - e uma dimensão muito além do que ela em si mesmo deveria merecer. Pensem só: ser tachada de o quarto poder já é algo que transcende às relações equilibradas em sociedade. Não está instituído que a imprensa é poder, mas ela atua como tal. Povoa o imaginário popular.
Caberia à imprensa apenas informar e formar as pessoas para que pudessem ter o espírito crítico em seu lívre arbítrio para julgar, analisar, optar ou decidir. Porém, passou a ser mais do que isso. Passou a um estágio de status ser apresentado como jornalista. Portanto, nada como todo mundo querer ser jornalista.
Todo mundo não, todos aqueles que crêem que imprensa é poder e que ser jornalista é ser, estar e conviver com o poder. Por isso, é comum, nos dias atuais, as páginas de opinião dos jornais estarem preenchidas de artigos de autores que se identificam por sua profissão original e por uma segunda atividade complementar: jornalista. É desembargador e jornalista, médico e jornalista, escritor e jornalista, advogado e jornalista etc, etc, etc.
Ou seja, todo mundo é jornalista. Nenhum quer, entretanto, deixar uma sala com ar-condicionado para subir morros cariocas, entrar em favelas do Recife, percorrer periferias de São Paulo, virar noites e feriados em coberturas de tragédias.
Nas próximas 48 horas, o Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar uma entre duas situações: a preservação ou o fim de uma profissão. Irá dizer se Jornalismo é arte, que qualquer ser humano letrado poderá exercer, ou se Jornalismo é um ofício que necessita de formação (e abnegação!).
Ao contrário daqueles que acreditam que Jornalismo é uma arte, há aqueles - os profissionais, os abnegados - que são convictos de que um jornalista, em seu ofício, não está fazendo arte, seja literatura ou qualquer criação. O jornalista não cria, apenas relata, narra, conta. Coincide, tão-somente, com o artista apenas na necessidade imperiosa da liberdade de expressão. Liberdade que, ao ser utilizada, recebe a áurea de liberdade de imprensa.
Uma pequena metamorfose, porque, no Jornalismo, liberdade de imprensa é só uma forma de liberdade de expressão. Esta é muito mais ampla, inclui, inclusive, a liberdade nas artes.
O Jornalismo faz parte do imaginário do homem, mas é só o mediador da comunicação. Assim, não é arte, não pode ter a criatividade das artes, não pode ser ficção. As matérias primas deste ofício são a verdade (o fato) e o conhecimento acumulado. Então, não é liberdade de expressão em todas as suas formas.
Mais que isso! Jornalismo não se vende, não é mercadoria, não é moeda de troca, de barganha ou de acumulação de riqueza. Quem assume o papel do capital é a empresa privada e quem assume o papel do poder público é o Estado, por seus aparelhos de controle ideológico e por suas instituições de poder, não é o Jornalismo. Portanto, precisa ter alguém para exercê-lo com identidade.
Mas, nos dias que se precedem, corremos todos - aqueles que têm o Jornalismo por atividade exclusiva e para qual se prepararam - e a sociedade o risco de conviver com uma profissão para qual não se exigirá preparo, muito menos um código de ética, e sem que haja uma categoria.
Na medida em que deixar de existir uma regulamentação profissional, deixará de existir uma categoria. A remuneração, as condições de acessibilidade, as regras de um código de atuação, os critérios para as pautas, tudo será orientado pelos interesses, pela empresa, pelo poder. Aí, o Jornalismo vira mercadoria. Qual independência terá um profissional para dizer não a quem lhe ferir os escrúpulos ou o direito de consciência?
Jornalismo também não é, e não pode ser, o refúgio dos incompetentes, a atividade dos que não deram certo em outros ofícios e, por falta de opções mais fáceis, venha a ser a alternativa de senhores de dinheiro, políticos ou autoridades de verem um filho enfim empregado e finalmente com uma profissão. Jornalismo não pode ser a ocupação dos que não deram certo no direito, na engenharia, na medicina, na economia, no comércio, em qualquer outro ramo.
Nem dos que querem o título para glamourizar o curriculo. E não pode ser o meio mais fácil de atuação de organizações sociais que não queiram respeitar a organização primária da sociedade: o trabalho. Este é a primeira das organizações sociais. Uma exigência natural que a revolução industrial e a organização do capitalismo provocaram.
A organização do trabalho foi a contrapartida necessária e o sindicato o instrumento de mediação. Como, então, ter sindicato forte sem uma profissão regulamentada, sem existir categoria? Neste País, não há ramo de empresas que tenha tantos privilégios e incentivos que o da comunicação, a mídia, a imprensa. Qual o grande jornal do Brasil que fechou as portas de 1964 para cá? O último grande título que encerrou a atividade foi o Última Hora, empastelado pelo regime militar.
Jornais não pagam imposto sobre importação de papel, rádios e TVs não perdem a concessão. Não há um só. À sombra de 64, muitos tornaram-se grandes conglomerados de comunicação, que conseguem rolar dívidas ou obter empréstimos para sair de dificuldades sem os empecilhos que os outros ramos empresariais enfrentam.
A comunicação tem sido o melhor ramo para se construir um monopólio. Até de quem parte a acusação de inconstitucionalidade da regulamentação de uma profissão, no verso não pesa a arguição de inconstitucionalidade da propriedade cruzada dos meios de comunicação. Enfim, quem já pesquisou ou leu jornais de décadas passadas ou sobre o Jornalismo que se fez até 1969, o ano da regulamentação dos jornalistas brasileiros - um decreto que é só uma legislação trabalhista -, constatará que o Jornalismo feito foi sempre inferior ao Jornalismo que se faz.
Fazemos um Jornalismo sempre melhor do que sempre se fez. E temos que agradecer aos cursos instituídos a partir nos anos 40 e 50, à formação no Jornalismo, que ampliou o profissional, deu-lhe a noção de impessoalidade, despertou-lhe a sensibilidade para o que é notícia, instigou-lhe a independência e exigiu-lhe um código de ética profissional. Com tudo isso, se não há imparcialidade, por serem todos humanos, há condição de ser isento no exercício do ofício.
O risco será perder tudo para quem acha que Jornalismo é arte.
* Presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (SinjoPE)
Acesse: FENAJ e SinjoPE
Jornalismo não é arte. Não é arte plástica, não é arte cênica, não é literatura, não é cordel, não é o artesanato da palavra. Jornalismo é só uma profissão, um ofício com suas técnicas de apuração, redação e apresentação, que tem seu espaço de criação, mas, que - diferentemente da arte - não tem qualquer traço de ficção, nem é ilimitado no imaginário do jornalista.
Uma atividade que, infelicitadamente, ganhou um glamour - influência do grande desenvolvimento tecnológico que nos tempos modernos deu áurea à informação - e uma dimensão muito além do que ela em si mesmo deveria merecer. Pensem só: ser tachada de o quarto poder já é algo que transcende às relações equilibradas em sociedade. Não está instituído que a imprensa é poder, mas ela atua como tal. Povoa o imaginário popular.
Caberia à imprensa apenas informar e formar as pessoas para que pudessem ter o espírito crítico em seu lívre arbítrio para julgar, analisar, optar ou decidir. Porém, passou a ser mais do que isso. Passou a um estágio de status ser apresentado como jornalista. Portanto, nada como todo mundo querer ser jornalista.
Todo mundo não, todos aqueles que crêem que imprensa é poder e que ser jornalista é ser, estar e conviver com o poder. Por isso, é comum, nos dias atuais, as páginas de opinião dos jornais estarem preenchidas de artigos de autores que se identificam por sua profissão original e por uma segunda atividade complementar: jornalista. É desembargador e jornalista, médico e jornalista, escritor e jornalista, advogado e jornalista etc, etc, etc.
Ou seja, todo mundo é jornalista. Nenhum quer, entretanto, deixar uma sala com ar-condicionado para subir morros cariocas, entrar em favelas do Recife, percorrer periferias de São Paulo, virar noites e feriados em coberturas de tragédias.
Nas próximas 48 horas, o Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar uma entre duas situações: a preservação ou o fim de uma profissão. Irá dizer se Jornalismo é arte, que qualquer ser humano letrado poderá exercer, ou se Jornalismo é um ofício que necessita de formação (e abnegação!).
Ao contrário daqueles que acreditam que Jornalismo é uma arte, há aqueles - os profissionais, os abnegados - que são convictos de que um jornalista, em seu ofício, não está fazendo arte, seja literatura ou qualquer criação. O jornalista não cria, apenas relata, narra, conta. Coincide, tão-somente, com o artista apenas na necessidade imperiosa da liberdade de expressão. Liberdade que, ao ser utilizada, recebe a áurea de liberdade de imprensa.
Uma pequena metamorfose, porque, no Jornalismo, liberdade de imprensa é só uma forma de liberdade de expressão. Esta é muito mais ampla, inclui, inclusive, a liberdade nas artes.
O Jornalismo faz parte do imaginário do homem, mas é só o mediador da comunicação. Assim, não é arte, não pode ter a criatividade das artes, não pode ser ficção. As matérias primas deste ofício são a verdade (o fato) e o conhecimento acumulado. Então, não é liberdade de expressão em todas as suas formas.
Mais que isso! Jornalismo não se vende, não é mercadoria, não é moeda de troca, de barganha ou de acumulação de riqueza. Quem assume o papel do capital é a empresa privada e quem assume o papel do poder público é o Estado, por seus aparelhos de controle ideológico e por suas instituições de poder, não é o Jornalismo. Portanto, precisa ter alguém para exercê-lo com identidade.
Mas, nos dias que se precedem, corremos todos - aqueles que têm o Jornalismo por atividade exclusiva e para qual se prepararam - e a sociedade o risco de conviver com uma profissão para qual não se exigirá preparo, muito menos um código de ética, e sem que haja uma categoria.
Na medida em que deixar de existir uma regulamentação profissional, deixará de existir uma categoria. A remuneração, as condições de acessibilidade, as regras de um código de atuação, os critérios para as pautas, tudo será orientado pelos interesses, pela empresa, pelo poder. Aí, o Jornalismo vira mercadoria. Qual independência terá um profissional para dizer não a quem lhe ferir os escrúpulos ou o direito de consciência?
Jornalismo também não é, e não pode ser, o refúgio dos incompetentes, a atividade dos que não deram certo em outros ofícios e, por falta de opções mais fáceis, venha a ser a alternativa de senhores de dinheiro, políticos ou autoridades de verem um filho enfim empregado e finalmente com uma profissão. Jornalismo não pode ser a ocupação dos que não deram certo no direito, na engenharia, na medicina, na economia, no comércio, em qualquer outro ramo.
Nem dos que querem o título para glamourizar o curriculo. E não pode ser o meio mais fácil de atuação de organizações sociais que não queiram respeitar a organização primária da sociedade: o trabalho. Este é a primeira das organizações sociais. Uma exigência natural que a revolução industrial e a organização do capitalismo provocaram.
A organização do trabalho foi a contrapartida necessária e o sindicato o instrumento de mediação. Como, então, ter sindicato forte sem uma profissão regulamentada, sem existir categoria? Neste País, não há ramo de empresas que tenha tantos privilégios e incentivos que o da comunicação, a mídia, a imprensa. Qual o grande jornal do Brasil que fechou as portas de 1964 para cá? O último grande título que encerrou a atividade foi o Última Hora, empastelado pelo regime militar.
Jornais não pagam imposto sobre importação de papel, rádios e TVs não perdem a concessão. Não há um só. À sombra de 64, muitos tornaram-se grandes conglomerados de comunicação, que conseguem rolar dívidas ou obter empréstimos para sair de dificuldades sem os empecilhos que os outros ramos empresariais enfrentam.
A comunicação tem sido o melhor ramo para se construir um monopólio. Até de quem parte a acusação de inconstitucionalidade da regulamentação de uma profissão, no verso não pesa a arguição de inconstitucionalidade da propriedade cruzada dos meios de comunicação. Enfim, quem já pesquisou ou leu jornais de décadas passadas ou sobre o Jornalismo que se fez até 1969, o ano da regulamentação dos jornalistas brasileiros - um decreto que é só uma legislação trabalhista -, constatará que o Jornalismo feito foi sempre inferior ao Jornalismo que se faz.
Fazemos um Jornalismo sempre melhor do que sempre se fez. E temos que agradecer aos cursos instituídos a partir nos anos 40 e 50, à formação no Jornalismo, que ampliou o profissional, deu-lhe a noção de impessoalidade, despertou-lhe a sensibilidade para o que é notícia, instigou-lhe a independência e exigiu-lhe um código de ética profissional. Com tudo isso, se não há imparcialidade, por serem todos humanos, há condição de ser isento no exercício do ofício.
O risco será perder tudo para quem acha que Jornalismo é arte.
* Presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (SinjoPE)
Acesse: FENAJ e SinjoPE
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Senado: quase tudo fora da ordem
Sem reserva moral que seja exemplo, sem credibilidade e jogado num lamaçal de corrupções X impunidade, o Congresso Nacional, falando especificamente do Senado, está paralisado em termos de projetos voltados para sociedade e ao mesmo tempo em movimento retilíneo uniforme quando o assunto é limpeza dos bueiros do subterrâneo da Casa.
Vivendo das “surpresas” administrativas e das exposições negativas das ações parlamentares, pouco ou quase nada se faz de concreto e produtivo em termos de trabalho.
Aliás, trabalho é uma palavra que não existe na cartilha desses tais representantes do povo. Isso porque as atuações dos senadores estão voltadas a resolver problemas internos, imagem corporativa e uma busca desesperada em mostrar para mídia que o Senado funciona. Mas, o que é mesmo que o Senado faz?
Faltando ainda um ano e poucos meses para as eleições de 2010, parece mesmo que os políticos, marketeiros de plantão e até mesmo uma parte da imprensa não entenderam que o próximo pleito não é feito apenas para a escolha do presidente da República.
É bom estarmos antenados e de olhos bem abertos para as possíveis candidaturas ao Congresso Nacional. A eleição pode renovar mandatos (deveriam ser “mandados”) de elementos, podemos até dizer de alta periculosidade, que se perpetuam no poder fazendo o que sempre fizeram: nada.
O debate sobre esta temática tem que ser provocativo, sim. Porque teremos de escolher, selecionar entre ruins e ruins. E, portanto, cabe a nós exercitarmos a reflexão visando limpar essa escoria que está impregnada no Congresso Nacional.
Numa Casa renovada, projetos parados, engavetados, adormecidos voltam à mesa. O Congresso precisa trabalhar. Estamos pagando essas pessoas para viveram inoperantes profissionalmente.
O momento é de acordar. A eleição de 2010 tem que trazer novos quadros que possibilitem uma oxigenação política, pra não dizer uma lavagem geral na corte.
A renovação pedi ainda uma reformulação operacional/administrativa do próprio Congresso para que as praticas abusivas, imorais (tipo a história das passagens aéreas, os atos administrativos totalitário, entre outros) sejam punidas e banidas.
Dessa forma uma nova Casa do Povo nascerá para consolidar a democracia. Sem a qual a imprensa não é livre e a sociedade está morta na sua possibilidade de escolha.
De certa forma, estamos vivendo isso mesmo.
Vivendo das “surpresas” administrativas e das exposições negativas das ações parlamentares, pouco ou quase nada se faz de concreto e produtivo em termos de trabalho.
Aliás, trabalho é uma palavra que não existe na cartilha desses tais representantes do povo. Isso porque as atuações dos senadores estão voltadas a resolver problemas internos, imagem corporativa e uma busca desesperada em mostrar para mídia que o Senado funciona. Mas, o que é mesmo que o Senado faz?
Faltando ainda um ano e poucos meses para as eleições de 2010, parece mesmo que os políticos, marketeiros de plantão e até mesmo uma parte da imprensa não entenderam que o próximo pleito não é feito apenas para a escolha do presidente da República.
É bom estarmos antenados e de olhos bem abertos para as possíveis candidaturas ao Congresso Nacional. A eleição pode renovar mandatos (deveriam ser “mandados”) de elementos, podemos até dizer de alta periculosidade, que se perpetuam no poder fazendo o que sempre fizeram: nada.
O debate sobre esta temática tem que ser provocativo, sim. Porque teremos de escolher, selecionar entre ruins e ruins. E, portanto, cabe a nós exercitarmos a reflexão visando limpar essa escoria que está impregnada no Congresso Nacional.
Numa Casa renovada, projetos parados, engavetados, adormecidos voltam à mesa. O Congresso precisa trabalhar. Estamos pagando essas pessoas para viveram inoperantes profissionalmente.
O momento é de acordar. A eleição de 2010 tem que trazer novos quadros que possibilitem uma oxigenação política, pra não dizer uma lavagem geral na corte.
A renovação pedi ainda uma reformulação operacional/administrativa do próprio Congresso para que as praticas abusivas, imorais (tipo a história das passagens aéreas, os atos administrativos totalitário, entre outros) sejam punidas e banidas.
Dessa forma uma nova Casa do Povo nascerá para consolidar a democracia. Sem a qual a imprensa não é livre e a sociedade está morta na sua possibilidade de escolha.
De certa forma, estamos vivendo isso mesmo.
domingo, 14 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
A Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha cresceram
Primeiro foi Mônica e sua Turma agora é Luluzinha e Bolinha. Todos cresceram. Ficaram adolescentes. Realmente a realidade bate a porta e nos faz pensar, refletir, despertar para era da tecnologia, internet, blogs, orkut, MSN, Twitter e tantas outras coisas que a sociedade midiática nos obriga a engolir.
A abordagem narrativa mudou e as historinhas também. Os desafios corriqueiros do cotidiano, o cuidado com as árvores, comer muita melancia, a rejeição do banho, dormir cedo, jogar no campinho, briguinhas sem sentido... foram trocados por textos insinuantes, sensuais, com intenções diversas, o conhecer das armadilhas da vida e o fazer adulto de uma forma tão rápida.
Isso porque os teens, os jovens, não namoram, “pegam”, “ficam”. Sentimento? Parece não fazer parte do vocabulário dessa geração “estilosa”, que está muita mais preocupada com o modelo do celular que chegou ao mercado do que nas pessoas, muito menos na família.
Mônica agora tem curvas, perdeu alguns quilos para entrar no tipo magricela e sensual e fazer parte do gueto. Num grupo, à lá geração malhação, muito antes do pensar em ser pessoa o sexo já entrou de mente a dentro e transformou o corpo e uma vida que ainda estão por vir.
Quando a Turma da Mônica e o grupo de Luluzinha e Bolinha cresceram (de gibi infantil para linguagem teen) foram com eles a beleza da inocência nas narrativas e a ausência da maldade.
Crescer faz parte da vida. Não há dúvidas. No entanto, para uma prática de vida tão real apresentada todos os dias nos telejornais, nas novelas nos seriados e enlatados americanos, por que temos que reproduzir a mesma coisa em gibis que estão nas bancas para nos alegrar?
Por que temos que reforça o discurso da competição, excelência, magreza, beleza, superioridade que já está sendo ingerido diariamente no nosso cotidiano?
Desabafo à parte, a reflexão está muito mais calçada na possibilidade de novas maneiras de expor esse tal real que vivemos. Onde deixamos de exercitar o lúdico, os sonhos, as cores primarias, a ficção, os erros e falhas do apreender a crescer e colocamos tudo isso de forma engessada na prateleira do mercado midiático como um produto à venda em prestação ou à vista.
Os “erros” do Cebolinha no trocar o “r” pelo “l” nunca antes foi absorvido por nenhuma criança por se identificar com essa imagem. A forma “dominadora” de Mônica em querer administrar a situação não interferiu no crescimento de muitas meninas depois das leituras. A sujeira do Cascão não foi exemplo seguido até então por ninguém a ponto de comprometer a saúde das crianças. O “comer, comer” de Magali não deixou garotas obesas por achar tudo normal.
Nenhuma mulher virou feminista porque entendeu que Luluzinha era super poderosa sozinha e não precisava dos meninos. E os garotos não rejeitaram as meninas porque Bolinha tinha um clube só de “homens”.
Se nada disso aconteceu, o que tem a ver a evolução tecnológica com o discurso inocente dos gibis da Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha?
Parece que adulto não gosta mesmo de falar para criança. Gosta de escrever para jovens que já pensam que são adultos.
A abordagem narrativa mudou e as historinhas também. Os desafios corriqueiros do cotidiano, o cuidado com as árvores, comer muita melancia, a rejeição do banho, dormir cedo, jogar no campinho, briguinhas sem sentido... foram trocados por textos insinuantes, sensuais, com intenções diversas, o conhecer das armadilhas da vida e o fazer adulto de uma forma tão rápida.
Isso porque os teens, os jovens, não namoram, “pegam”, “ficam”. Sentimento? Parece não fazer parte do vocabulário dessa geração “estilosa”, que está muita mais preocupada com o modelo do celular que chegou ao mercado do que nas pessoas, muito menos na família.
Mônica agora tem curvas, perdeu alguns quilos para entrar no tipo magricela e sensual e fazer parte do gueto. Num grupo, à lá geração malhação, muito antes do pensar em ser pessoa o sexo já entrou de mente a dentro e transformou o corpo e uma vida que ainda estão por vir.
Quando a Turma da Mônica e o grupo de Luluzinha e Bolinha cresceram (de gibi infantil para linguagem teen) foram com eles a beleza da inocência nas narrativas e a ausência da maldade.
Crescer faz parte da vida. Não há dúvidas. No entanto, para uma prática de vida tão real apresentada todos os dias nos telejornais, nas novelas nos seriados e enlatados americanos, por que temos que reproduzir a mesma coisa em gibis que estão nas bancas para nos alegrar?
Por que temos que reforça o discurso da competição, excelência, magreza, beleza, superioridade que já está sendo ingerido diariamente no nosso cotidiano?
Desabafo à parte, a reflexão está muito mais calçada na possibilidade de novas maneiras de expor esse tal real que vivemos. Onde deixamos de exercitar o lúdico, os sonhos, as cores primarias, a ficção, os erros e falhas do apreender a crescer e colocamos tudo isso de forma engessada na prateleira do mercado midiático como um produto à venda em prestação ou à vista.
Os “erros” do Cebolinha no trocar o “r” pelo “l” nunca antes foi absorvido por nenhuma criança por se identificar com essa imagem. A forma “dominadora” de Mônica em querer administrar a situação não interferiu no crescimento de muitas meninas depois das leituras. A sujeira do Cascão não foi exemplo seguido até então por ninguém a ponto de comprometer a saúde das crianças. O “comer, comer” de Magali não deixou garotas obesas por achar tudo normal.
Nenhuma mulher virou feminista porque entendeu que Luluzinha era super poderosa sozinha e não precisava dos meninos. E os garotos não rejeitaram as meninas porque Bolinha tinha um clube só de “homens”.
Se nada disso aconteceu, o que tem a ver a evolução tecnológica com o discurso inocente dos gibis da Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha?
Parece que adulto não gosta mesmo de falar para criança. Gosta de escrever para jovens que já pensam que são adultos.
terça-feira, 2 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Poesia pra ser feliz
DANÇARINA ESPANHOLA
Rainer Maria Rilke (1875-1926)
Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.
E logo ela é só flama, inteiramente.
Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.
Então como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.
(tradução de Augusto de Campos)
Rainer Maria Rilke (1875-1926)
Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.
E logo ela é só flama, inteiramente.
Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.
Então como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.
(tradução de Augusto de Campos)
terça-feira, 26 de maio de 2009
Quando se deixa de ser criança
Barra-bandeira, casinha de boneca, pega-pega, 31 alerta, brincadeira de roda, “seu rei mandou dizer”, patinete com rolimã, empinar papagaio, ouvir historinhas da vovó, jogar pião e bolinha de gude.
Estas eram algumas das brincadeiras de uma criança de 7 anos de idade na época das nossas avós, nossos pais e muitos outros que vivenciaram momentos tão inesquecíveis, quando se era permitido ser de fato criança.
Na sociedade da mídia a inocência é algo descartável ou líquido, como diz o sociólogo europeu, Zigmunt Bauman. Ouvir perguntas simples ou singular de uma criança de 7 anos implica dizer que ela não está conectada com a nossa época. Que suas atitudes são bobinhas e não estão desenvolvidas como o “filho de fulano” e a “filha de sicrano”.
Comparar faz parte da era tecnológica. Exigir sabedoria e discurso de adulto para uma criança de 7 anos faz parte do repertório da maioria dos pais na sociedade midiática. Sem isso a criança não se mostra competitiva já que o mercado é assim.
Então, estar com 7 anos e pensar socialmente no parâmetro dessa idade são ações impossíveis para as crianças em geral. Afinal, não são elas que passam pelo ridículo de não saber e sim os pais que passam pelo incômodo de não ensinarem seus filhos a se superarem, ou melhor, superarem os outros.
Quando se superam antecipam atitudes que deveriam chegar um pouco mais tarde como a sexualidade, por exemplo, experiências com bebidas alcoólicas e cigarros e o jeito adulto de se vestir e se sentir ‘homem’ ou ‘mulher’.
A menina Maisa Silva (apresentadora do programa de Silvio Santos) de apenas 7 anos de idade é um desses produtos do marketing comercial e midiático.
Bom para a audiência de Silvio Santos, refrigério para seus pais que estão de olhos fechados para as conseqüências do amanhã e pensam nela como a representação dos seus sonhos (também criados, em muitos casos, pela própria mídia) e estratégico para realimentar o desejo de tantos outros pais em ver seus filhos fazerem o tal sucesso na maior janela aberta do mundo: a TV.
Tudo parece ser mesmo natural. No entanto, a infância que tem sinônimo de inocência está perdida em algumas das baias e coxias da TV, na maquiagem implantada para melhor se expor e no discurso que de tão ‘bonitinho’ parece quase que claramente vem de uma imposição seja dos pais, seja da construção do repertorio absorvido por Maisa quando ainda era menor do que aparenta ser.
A maior janela do mundo nunca deu conta do seu poder e da sua interferência nos lares, do seu estrago na formação societária, na construção de uma sociedade.
Maisa está triste, diz a própria mídia, porque está longe dos holofotes já que a Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Osasco (SP) revogou a licença da menina para gravar no Programa Silvio Santos (24/05/09).
Sua tristeza (acompanha por um psicólogo) tem sentido. Afinal, entre o ambiente do seu lar repleto de tentativas de mostrar o quanto ela se supera no vídeo, sua boneca tranqüila em cima da cama a espera de um momento de ninar, Maisa está muito mais envolvida no glamour midiático dessa sociedade espetacularizada que consegue matar uma das características mais natural de uma criança: sua inocência.
Para ela, Maisa, o mundo se resume entre o brilho das luzes produzidas no palco, microfones, produtores e colegas de escola pedindo autógrafos e perguntando o que fazer (?) para ser igual a ela.
Estas eram algumas das brincadeiras de uma criança de 7 anos de idade na época das nossas avós, nossos pais e muitos outros que vivenciaram momentos tão inesquecíveis, quando se era permitido ser de fato criança.
Na sociedade da mídia a inocência é algo descartável ou líquido, como diz o sociólogo europeu, Zigmunt Bauman. Ouvir perguntas simples ou singular de uma criança de 7 anos implica dizer que ela não está conectada com a nossa época. Que suas atitudes são bobinhas e não estão desenvolvidas como o “filho de fulano” e a “filha de sicrano”.
Comparar faz parte da era tecnológica. Exigir sabedoria e discurso de adulto para uma criança de 7 anos faz parte do repertório da maioria dos pais na sociedade midiática. Sem isso a criança não se mostra competitiva já que o mercado é assim.
Então, estar com 7 anos e pensar socialmente no parâmetro dessa idade são ações impossíveis para as crianças em geral. Afinal, não são elas que passam pelo ridículo de não saber e sim os pais que passam pelo incômodo de não ensinarem seus filhos a se superarem, ou melhor, superarem os outros.
Quando se superam antecipam atitudes que deveriam chegar um pouco mais tarde como a sexualidade, por exemplo, experiências com bebidas alcoólicas e cigarros e o jeito adulto de se vestir e se sentir ‘homem’ ou ‘mulher’.
A menina Maisa Silva (apresentadora do programa de Silvio Santos) de apenas 7 anos de idade é um desses produtos do marketing comercial e midiático.
Bom para a audiência de Silvio Santos, refrigério para seus pais que estão de olhos fechados para as conseqüências do amanhã e pensam nela como a representação dos seus sonhos (também criados, em muitos casos, pela própria mídia) e estratégico para realimentar o desejo de tantos outros pais em ver seus filhos fazerem o tal sucesso na maior janela aberta do mundo: a TV.
Tudo parece ser mesmo natural. No entanto, a infância que tem sinônimo de inocência está perdida em algumas das baias e coxias da TV, na maquiagem implantada para melhor se expor e no discurso que de tão ‘bonitinho’ parece quase que claramente vem de uma imposição seja dos pais, seja da construção do repertorio absorvido por Maisa quando ainda era menor do que aparenta ser.
A maior janela do mundo nunca deu conta do seu poder e da sua interferência nos lares, do seu estrago na formação societária, na construção de uma sociedade.
Maisa está triste, diz a própria mídia, porque está longe dos holofotes já que a Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Osasco (SP) revogou a licença da menina para gravar no Programa Silvio Santos (24/05/09).
Sua tristeza (acompanha por um psicólogo) tem sentido. Afinal, entre o ambiente do seu lar repleto de tentativas de mostrar o quanto ela se supera no vídeo, sua boneca tranqüila em cima da cama a espera de um momento de ninar, Maisa está muito mais envolvida no glamour midiático dessa sociedade espetacularizada que consegue matar uma das características mais natural de uma criança: sua inocência.
Para ela, Maisa, o mundo se resume entre o brilho das luzes produzidas no palco, microfones, produtores e colegas de escola pedindo autógrafos e perguntando o que fazer (?) para ser igual a ela.
Artigo no Observatório da Imprensa
Gente,
O texto "Quando se deixa de ser criança" , referente ao caso da menina/apresentadora Maisa, está no Observatório da Imprensa.
Que bom que podemos provocar o debate sobre a mídia do espetáculo. Dessa forma contribuímos com a mudança.
O texto "Quando se deixa de ser criança" , referente ao caso da menina/apresentadora Maisa, está no Observatório da Imprensa.
Que bom que podemos provocar o debate sobre a mídia do espetáculo. Dessa forma contribuímos com a mudança.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
O exército de uma blogueira só
Jornal do Commercio (só pra assinante)
24.05.2009
Como uma mulher de 34 anos, casada e com filhos abala o regime castrista somente com o relato do cotidiano de uma cubana comum de Havana
Luiz Zanin Oricchio
Agência Estado
Em muito pouco tempo a cubana Yoani Sánchez saltou do anonimato à condição de uma das pessoas mais conhecidas na rede mundial de computadores. Conseguiu o feito graças à mais democrática das ferramentas da web, um blog pessoal.
Mas não pense que Yoani é apenas mais uma celebridade instantânea, que conseguiu fama com a prática comum da autoexposição. Nada disso. Ela é casada, mãe de um filho, mora em Havana e usa seu blog como ferramenta de resistência. Quem conta essa história é o jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo em seu livro A ilha roubada – Yoani, a blogueira que abalou Cuba (Barcarolla, 180 páginas, R$ 32).
Para colher material para o livro, Sandro foi a Cuba, onde conversou não apenas com a blogueira. “Eu fiquei quase um mês só em Havana e falei com muitas pessoas comuns, do povo, convivi com várias delas, visitei casas de famílias, falei com o embaixador do Brasil, Bernardo Pericás, falei com empregados na área de serviços, funcionários do comércio, vendedores clandestinos de charutos, pintores e músicos de rua, donos de paladares, os restaurantes privados, mas não usei nenhum testemunho ou depoimento”.
A ideia é que a realidade cubana fornecesse apenas um pano de fundo. E que o foco fosse colocado na figura principal, a blogueira solitária.
Yoani, motivo desse esforço de reportagem, mora num apartamento modesto em Centro Havana, bairro pobre da capital cubana. É lá que pensa e escreve esse blog (http://desdecuba.com/generaciony) de posts simples, breves, que falam do seu cotidiano na ilha de Fidel e Raúl.
Ou seja, relata as dificuldades de sobreviver, de marcar uma consulta médica, deslocar-se pela cidade e pelo país. Tal simplicidade, direta e sem rodeios, atingiu o alvo de maneira extraordinária. Como diz Vaia, talvez Yoani seja hoje a blogueira mais conhecida do mundo.
O blog começou de forma modesta em abril de 2007 e hoje alguns dos seus posts recebem até 6 mil comentários. É o sonho de consumo de qualquer blogueiro.
ESFORÇO DE GUERRA
Mas colocar esse blog no ar é, literalmente, uma operação de guerra. Como na ilha a internet é controlada, Yoani não tem acesso ao próprio blog. Para postar, ela escreve o texto em um computador sem conexão com a internet. Salva o texto num disquete, vai até um hotel ou lan house e o envia por e-mail a amigos.
Estes o traduzem em vários idiomas e mandam o texto para o servidor, hospedado fora de Cuba. São esses amigos internacionais que administram os comentários e mandam uma versão condensada para que Yoani os leia.
Não adianta tentar acessar o blog Generación Y de qualquer posto público em Cuba. A resposta do computador é sempre a mesma: “Error”. Mas, fora da ilha, pode-se lê-lo em nada menos que 17 idiomas fora o espanhol.
Compreensivelmente, a maioria dos comentários vem dos Estados Unidos, onde é grande a comunidade cubana dissidente. Em seguida vem a Espanha.
Apesar de todo o controle, a repercussão em Cuba também parece grande. O público-alvo está expresso no próprio nome do blog. Yoani, que tem 34 anos, explica em sua home page: Generación Y destina-se aos nascidos em Cuba nos anos 70 e 80 “marcados pelas escolas no campo, bonequinhas russas, saídas ilegais e a frustração”.
Com isso, tornou-se uma espécie de porta-voz dessa geração e fez do blog um ponto de encontro e resistência, embora não tenha perfil de dissidente clássica.
“Yoani não teve formação ideológica, a resistência dela ao regime é dirigida à sua falta de funcionalidade, que se expressa nas carências da vida cotidiana, nas restrições à liberdade de expressão, na prevalência sufocante de um pensamento único.
Se você perguntar se ela tem uma idéia clara do que colocar no lugar, eu diria que não”, diz Sandro.
Mas esse mal-estar parece generalizado, na impressão do repórter que é Sandro Vaia. “A impressão geral do contato com o povo cubano, que tem um espírito alegre e tolerante, é que ele está esperando que de repente alguma coisa boa vai acontecer e que a a vida deles vai melhorar.
Eles têm um pensamento entre cético e mágico e são capazes de achar que o milagre pode vir até mesmo de Raúl Castro. Um motorista de táxi – sempre eles – me disse uma coisa que outras pessoas comuns me deram a entender com outras palavras: o regime está ‘anquilosado’ e precisa de uma boa dose de ar fresco.” Como discordar?
24.05.2009
Como uma mulher de 34 anos, casada e com filhos abala o regime castrista somente com o relato do cotidiano de uma cubana comum de Havana
Luiz Zanin Oricchio
Agência Estado
Em muito pouco tempo a cubana Yoani Sánchez saltou do anonimato à condição de uma das pessoas mais conhecidas na rede mundial de computadores. Conseguiu o feito graças à mais democrática das ferramentas da web, um blog pessoal.
Mas não pense que Yoani é apenas mais uma celebridade instantânea, que conseguiu fama com a prática comum da autoexposição. Nada disso. Ela é casada, mãe de um filho, mora em Havana e usa seu blog como ferramenta de resistência. Quem conta essa história é o jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo em seu livro A ilha roubada – Yoani, a blogueira que abalou Cuba (Barcarolla, 180 páginas, R$ 32).
Para colher material para o livro, Sandro foi a Cuba, onde conversou não apenas com a blogueira. “Eu fiquei quase um mês só em Havana e falei com muitas pessoas comuns, do povo, convivi com várias delas, visitei casas de famílias, falei com o embaixador do Brasil, Bernardo Pericás, falei com empregados na área de serviços, funcionários do comércio, vendedores clandestinos de charutos, pintores e músicos de rua, donos de paladares, os restaurantes privados, mas não usei nenhum testemunho ou depoimento”.
A ideia é que a realidade cubana fornecesse apenas um pano de fundo. E que o foco fosse colocado na figura principal, a blogueira solitária.
Yoani, motivo desse esforço de reportagem, mora num apartamento modesto em Centro Havana, bairro pobre da capital cubana. É lá que pensa e escreve esse blog (http://desdecuba.com/generaciony) de posts simples, breves, que falam do seu cotidiano na ilha de Fidel e Raúl.
Ou seja, relata as dificuldades de sobreviver, de marcar uma consulta médica, deslocar-se pela cidade e pelo país. Tal simplicidade, direta e sem rodeios, atingiu o alvo de maneira extraordinária. Como diz Vaia, talvez Yoani seja hoje a blogueira mais conhecida do mundo.
O blog começou de forma modesta em abril de 2007 e hoje alguns dos seus posts recebem até 6 mil comentários. É o sonho de consumo de qualquer blogueiro.
ESFORÇO DE GUERRA
Mas colocar esse blog no ar é, literalmente, uma operação de guerra. Como na ilha a internet é controlada, Yoani não tem acesso ao próprio blog. Para postar, ela escreve o texto em um computador sem conexão com a internet. Salva o texto num disquete, vai até um hotel ou lan house e o envia por e-mail a amigos.
Estes o traduzem em vários idiomas e mandam o texto para o servidor, hospedado fora de Cuba. São esses amigos internacionais que administram os comentários e mandam uma versão condensada para que Yoani os leia.
Não adianta tentar acessar o blog Generación Y de qualquer posto público em Cuba. A resposta do computador é sempre a mesma: “Error”. Mas, fora da ilha, pode-se lê-lo em nada menos que 17 idiomas fora o espanhol.
Compreensivelmente, a maioria dos comentários vem dos Estados Unidos, onde é grande a comunidade cubana dissidente. Em seguida vem a Espanha.
Apesar de todo o controle, a repercussão em Cuba também parece grande. O público-alvo está expresso no próprio nome do blog. Yoani, que tem 34 anos, explica em sua home page: Generación Y destina-se aos nascidos em Cuba nos anos 70 e 80 “marcados pelas escolas no campo, bonequinhas russas, saídas ilegais e a frustração”.
Com isso, tornou-se uma espécie de porta-voz dessa geração e fez do blog um ponto de encontro e resistência, embora não tenha perfil de dissidente clássica.
“Yoani não teve formação ideológica, a resistência dela ao regime é dirigida à sua falta de funcionalidade, que se expressa nas carências da vida cotidiana, nas restrições à liberdade de expressão, na prevalência sufocante de um pensamento único.
Se você perguntar se ela tem uma idéia clara do que colocar no lugar, eu diria que não”, diz Sandro.
Mas esse mal-estar parece generalizado, na impressão do repórter que é Sandro Vaia. “A impressão geral do contato com o povo cubano, que tem um espírito alegre e tolerante, é que ele está esperando que de repente alguma coisa boa vai acontecer e que a a vida deles vai melhorar.
Eles têm um pensamento entre cético e mágico e são capazes de achar que o milagre pode vir até mesmo de Raúl Castro. Um motorista de táxi – sempre eles – me disse uma coisa que outras pessoas comuns me deram a entender com outras palavras: o regime está ‘anquilosado’ e precisa de uma boa dose de ar fresco.” Como discordar?
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