terça-feira, 21 de agosto de 2007

Olha o trem, olha o trem...Projeto na Câmara pode efetivar 260 mil servidores


Para entender como funciona o sistema de “compra” de votos nas eleições é preciso passar por alguns caminhos suntuoso, tenebroso e obscuro. À margem da sociedade e do eleitor em geral, estão guardados alguns artifícios nada exposto, nada explícito e quando descoberto e questionado por alguns o discurso é de um bom patriota, por amor aos menos favorecidos e com as melhores das intenções.

Assim será o trem da alegria que a Câmara de Deputados em Brasília quer aprovar. São quase 260 mil servidores temporários a serem efetivados sem nunca ter passado por uma banca de concurso público, e assim atropelam o processo para ganhar um lugar ao sol e deixar outros na chuva. A medida valerá para a União, Estados e municípios. Por isso a resistência nas Assembléias e Câmaras de Vereadores para aprovarem leis contra o nepotismo. (Um assunto que será abordado depois...)

Outro ponto intrigante nesse tema é fato dos partidos, sindicatos e servidores públicos federais, estaduais e municipais estarem inertes diante de tal absurdo. Ninguém diz nada. Todos estão calados? Por que será?
O autor da proposta que beneficia os temporários, deputado Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), argumenta que não haverá aumento nos gastos públicos porque esses trabalhadores já estão no exercício dos cargos por um período de, no mínimo, dez anos.

Pegando carona na proposta dos temporários, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE), então postulante ao cargo de prefeito de Petrolina, por amor aos trabalhadores do serviço público que não foram contratados efetivamente, adiciona emenda para que todos possam subir no trem do casuísmo e façam uma única viagem. Isto significa que os servidores públicos requisitados por outros órgãos há mais de três anos possam optar pela efetivação na repartição em que estão prestando serviço.

Na Câmara dos Deputados existem cerca de 200 funcionários requisitados de Estados e prefeituras que, se aprovada a PEC do deputado Gonzaga Patriota, passarão a integrar a elite do funcionalismo público, com remuneração média de R$ 10.539. (?)

O então humanista e deputado Patriota com as melhores das intenções, claro, justificou na imprensa nacional e local que a “atual proliferação de servidores requisitados está bloqueando vagas no serviço público que poderiam ser ocupadas por servidores aprovados em concurso público”.

Ah! Bom... agora entendemos!!

Quer dizer que isto não vai beneficiar um determinado grupo de servidores do Congresso Nacional? E o efeito dominó desse processo? Finalmente, quem paga o pato? Os deputados?
Caros deputados tirem dos seus salários e dos auxílios que recebem para “nos” representar no Congresso e paguem aos seus assistentes e servidores. Depois disso, criem projetos e emendas consolidando o concurso público nas diversas categorias e níveis profissionais.

Isto sim, é pensar no coletivo.

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