Aldeia do Velho Chico 1
A arte falando e expressando opiniões, idéias, projetos e assumindo o espaço democrático do pensar social. Talvez seja assim que possamos ver o projeto Aldeia do Velho Chico – III Festival de Artes do Vale do São Francisco - que acontece de 31 de julho a 17 de agosto, no SESC Petrolina.
É a arte contando história, juntando gente, colando fragmentos das idéias e provocando o debate crítico sobre a paisagem sequeira, o cinza urbano, e o olhar contemporâneo.
Coisas que acontecem
- Exposição Traços de Sertão do artista Coelho de Assis.
- Programação cultural diversificada para adulto e crianças com a participação de produções culturais do Recife, Caruaru, Arcoverde, Salvador, Rio de Janeiro, Santa Catarina entre outras localidades.
- Workshops, oficinas de arte-educação e intervenções urbanas como a grafitagem.
Como participar
SESC-Petrolina 87 3866-7454.
Thom Galiano 71 9202 3014 - Edneide Toress 87 8819-5551
Agencia Multi Ciência
Andréa Cristina 74 8808-4176 3613-4176
Multi Ciência - Agência de Ciência, Educação e Tecnologia do Departamento de Ciências Humanas - Universidade do Estado da Bahia. multi.ciencia@yahoo.com.br
Aldeia do Velho Chico 2
Elisabet Moreira, mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada e Membro da Comissão Pernambucana de Folclore, também participa deste evento. Leva para uma platéia ávida pelos fatos populares um pouco da pesquisa que está desenvolvendo: São João do carneirinho: representações do popular e do erudito.
A pesquisa trafega pelas relações e mediações entre o imaginário cristão “erudito” e o popular, justificando modos de ser e de ver o mundo, principalmente estratégias na utilização dessa iconografia pelos sujeitos populares e as transformações ocorridas com a evolução do caráter profano das comemorações juninas.
Vale a pena conferir.
Dia 03/08 às 19h na Biblioteca do SESC Petrolina
terça-feira, 31 de julho de 2007
Michelangelo Antonioni e sua incomunicabilidade
(Foto Uol)
A dica então é para o blog do professor Marcos Felipe (link ao lado). Ao ler sua análise sobre algumas das obras de Antonioni você começa a perceber o cinema com um novo olhar. Veja um fragmento do filme "Blow-up"...
"Em “Blow-up” (1966, Antonioni), as questões da objetividade/subjetividade do universo imagético desenvolvem-se num contexto de geração de imagens. Seqüência a seqüência, observa-se esse aspecto, tanto na realidade objeto quanto no dispositivo que a fabrica. Nesse contexto, especificamente na Londres da década de 60, a trajetória de Thomas (personagem de David Hemmings) como fotógrafo profissional do universo da moda: lugar por excelência de produção de imagens – espaço de belíssimas mulheres que, ao posarem em sessões fotográficas, têm suas imagens fabricadas por uma câmera. http://seladeprata.zip.net/diretor/blowup.html
Depois da partida do cineasta italiano Michelangelo Antonioni (1912/2007), considerado o gênio da incomunicabilidade, que marcou a história do cinema com filmes como "Blow up - Depois Daquele Beijo", "O Deserto Vermelho" (ou "O Dilema de uma Vida") e "Zabriskie Point, se faz necessário falar um pouco de sua obra.
A dica então é para o blog do professor Marcos Felipe (link ao lado). Ao ler sua análise sobre algumas das obras de Antonioni você começa a perceber o cinema com um novo olhar. Veja um fragmento do filme "Blow-up"...
"Em “Blow-up” (1966, Antonioni), as questões da objetividade/subjetividade do universo imagético desenvolvem-se num contexto de geração de imagens. Seqüência a seqüência, observa-se esse aspecto, tanto na realidade objeto quanto no dispositivo que a fabrica. Nesse contexto, especificamente na Londres da década de 60, a trajetória de Thomas (personagem de David Hemmings) como fotógrafo profissional do universo da moda: lugar por excelência de produção de imagens – espaço de belíssimas mulheres que, ao posarem em sessões fotográficas, têm suas imagens fabricadas por uma câmera. http://seladeprata.zip.net/diretor/blowup.html
A infância não vivida de Bergman
Não gostaria de entrar em detalhes do que li sobre a infância de Ingmar Bergman (1918/2007)porque há uma tristeza tão profunda e doida que pode ser vista em muitos dos seus filmes, em especial, Fanny e Alexander (1983). Seu conceito imagético transforma ações em olhares e penetra de modo avassalador em nossas mentes uma análise meio louca de culpa, perdão, violência, ausência de amor e depressão.
Tristeza à parte peço aos blogautas (kkk aqueles que acessam blogs) que corram para o blog de Marcos Felipe, http://seladeprata.zip.net/, onde ele descreve com sapiência uma linha imaginária das perspectivas de Bergman em seus filmes.
Tristeza à parte peço aos blogautas (kkk aqueles que acessam blogs) que corram para o blog de Marcos Felipe, http://seladeprata.zip.net/, onde ele descreve com sapiência uma linha imaginária das perspectivas de Bergman em seus filmes.
Vale a pena passar por lá.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
Cansei! Estamos mudando este país? PARTE 1
Encabeçado por uma instituição de classe, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional São Paulo, começou na nesta sexta-feira, 27, a campanha Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, cujo título, Cansei, retrata uma indignação que já existia mas que foi deflagrada depois do dia 17 de julho. O nosso 11 de setembro de 2001 tem uma outra data. O vídeo de 30” (postado neste blog) tem um grito calado onde o exercício da palvavra está abafado e ao mesmo tempo exposto nas placas dos personagens, bem a cara do Brasil, que mostram cenas de uma realidade que aos olhos da população sofrida precisa ser mudada. Em off, o locutor encerra conclamando a todos que estão indignados a pararem durante um minuto no dia 17 de agosto, às 13 horas.
De acordo com o blog do movimento, http://blog.cansei.com.br/, não se trata de um ato político partidário mas de uma manifestação do povo, pelo exercicio da cidadania e por amor ao Brasil. Junto com a OAB/SP há várias entidades de classes como ABERT (Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV), CREA, Conaje, Conselho Regional de Medicina, FEBRABAN, Grupo de Mídia, entre outras categorias de trabalhadores, eleitores, cidadões...
Paralelo a este movimento, nasce também o protesto do “inventismo” de determinados grupos que trazem à baila o terrorismo de 1964. A volta do Golpe de Estado, a perda dos nossos direitos conquistados e o agito de que movimentos como estes estão ligados ao PSDB e Democratas (parece até que os profissionais políticos desses partidos que são inábeis em fazer oposição podem mesmo mexer com a população).
Assim, estamos caminhando. Só não sabemos bem para onde.
E a mídia neste contexto? Perdida. Totalmente perdida. Apenas cobrindo fatos do dia-a-dia. Afinal, o factual é a agenda. Numa análise menos desastrosa podemos citar algumas notas aqui outras ali, um debate provocante com algumas referências do nosso jornalismo, mas que só acontece na madrugada, o Observatório da Imprensa, incansável em fazer uma análise da própria mídia e alguns textos que navegam pela internet.
Realmente, parece mesmo que perdemos o horizonte do inimigo comum. E quem é nosso inimigo comum? Contra quem estamos lutando? O governo que elegemos a duras penas? Um Congresso Nacional desalinhado? Um governo que veio das bases e não se achou? Estamos lutando contra empresas que não sabem administrar o caos? Ou lutamos contra agências reguladoras que têm um bando de incompetentes (indicados por políticos) na direção?
Contra quem estamos lutando? Quem é o inimigo comum a todos?
O preocupante é que estamos tão perdidos, sociedade e imprensa, que qualquer que seja o movimento de indignação que aflore não sabemos de que lado podemos estar. Porque o mesmo jogador do bem de hoje, pode ser o gladiador do mal amanhã.
De acordo com o blog do movimento, http://blog.cansei.com.br/, não se trata de um ato político partidário mas de uma manifestação do povo, pelo exercicio da cidadania e por amor ao Brasil. Junto com a OAB/SP há várias entidades de classes como ABERT (Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV), CREA, Conaje, Conselho Regional de Medicina, FEBRABAN, Grupo de Mídia, entre outras categorias de trabalhadores, eleitores, cidadões...
Paralelo a este movimento, nasce também o protesto do “inventismo” de determinados grupos que trazem à baila o terrorismo de 1964. A volta do Golpe de Estado, a perda dos nossos direitos conquistados e o agito de que movimentos como estes estão ligados ao PSDB e Democratas (parece até que os profissionais políticos desses partidos que são inábeis em fazer oposição podem mesmo mexer com a população).
Assim, estamos caminhando. Só não sabemos bem para onde.
E a mídia neste contexto? Perdida. Totalmente perdida. Apenas cobrindo fatos do dia-a-dia. Afinal, o factual é a agenda. Numa análise menos desastrosa podemos citar algumas notas aqui outras ali, um debate provocante com algumas referências do nosso jornalismo, mas que só acontece na madrugada, o Observatório da Imprensa, incansável em fazer uma análise da própria mídia e alguns textos que navegam pela internet.
Realmente, parece mesmo que perdemos o horizonte do inimigo comum. E quem é nosso inimigo comum? Contra quem estamos lutando? O governo que elegemos a duras penas? Um Congresso Nacional desalinhado? Um governo que veio das bases e não se achou? Estamos lutando contra empresas que não sabem administrar o caos? Ou lutamos contra agências reguladoras que têm um bando de incompetentes (indicados por políticos) na direção?
Contra quem estamos lutando? Quem é o inimigo comum a todos?
O preocupante é que estamos tão perdidos, sociedade e imprensa, que qualquer que seja o movimento de indignação que aflore não sabemos de que lado podemos estar. Porque o mesmo jogador do bem de hoje, pode ser o gladiador do mal amanhã.
domingo, 29 de julho de 2007
CURTAS DE PETROLINA E REGIÃO
Parabéns ao buraco
Há 4 anos que uma cratera vira buraco e torna e virar cratera na Av. da Integração, quase em frente a Ast Frio. O que foi feito até então? Paliativos. Um pouquinho de areia aqui outro ali e só. Resolver que é bom nada. Este é apenas um dos tantos buracos que ficaram “imunes” ao efeito tampão pela prefeitura e até agora, neca de pitibiriba.
Associação de bairro: currais eleitorais
Impressionante o número de presidentes de associações de bairros em Petrolina e Juazeiro que são ou querem ser vereadores. O reduto, ou melhor, os currais eleitorais são os associados das entidades e os moradores da localidade. Se eles são ligados aos prefeitos e estão a mando deles? A comunidade sabe muito bem.
Político em comunidade
As visitas de políticos em comunidade têm sempre algo pra se desconfiar. Ou estão querendo demarcar área/reduto eleitoral ou estão caçando votos dos que nem sabem ainda se vão votar nas eleições de 2008. Eles não perdem tempo...
Há 4 anos que uma cratera vira buraco e torna e virar cratera na Av. da Integração, quase em frente a Ast Frio. O que foi feito até então? Paliativos. Um pouquinho de areia aqui outro ali e só. Resolver que é bom nada. Este é apenas um dos tantos buracos que ficaram “imunes” ao efeito tampão pela prefeitura e até agora, neca de pitibiriba.
Associação de bairro: currais eleitorais
Impressionante o número de presidentes de associações de bairros em Petrolina e Juazeiro que são ou querem ser vereadores. O reduto, ou melhor, os currais eleitorais são os associados das entidades e os moradores da localidade. Se eles são ligados aos prefeitos e estão a mando deles? A comunidade sabe muito bem.
Político em comunidade
As visitas de políticos em comunidade têm sempre algo pra se desconfiar. Ou estão querendo demarcar área/reduto eleitoral ou estão caçando votos dos que nem sabem ainda se vão votar nas eleições de 2008. Eles não perdem tempo...
A venda do "produto mulher" na Fenagri ainda rende...
Ainda repercuti o artigo postado neste blog sobre a peça publicitária em outdoor vendendo o “produto mulher” durante a Fenagri, Feira Nacional da Agricultura Irrigada, que aconteceu de 18 a 21 de julho, na Ola Nova de Juazeiro/BA. O site www.ombudspe.org.br fez comentários sobre o texto e citou inclusive que a mídia estadual e local não pautou suas redações para cobrir o assunto. Apenas a Folha de Pernambuco, coluna Folha Econômica, fez dois comentários em seqüências.
Podemos questionar então: por que o Ministério Publico, Grupo de Mulheres contra a Violência, Pastoral da Criança, igrejas e a sociedade em geral viram as peças e ficaram mudos diante da exposição? Por que a mídia ficou calada? Ficou calada porque também tem medo de se comprometer?
E a propagação da “venda do produto mulher”? Ao que tudo indica isto terá resultados no próximo evento quando empresários e investidores aportarem na terrinha não tanto para participar da maior feira do agro negocio da América Latina, mas sim para conhecer a área de “entretenimento e lazer especial” que está associada diretamente a feira.
É o Vale confirmando a imagem de que tudo que aqui se “planta” se colhe e vende.
Podemos questionar então: por que o Ministério Publico, Grupo de Mulheres contra a Violência, Pastoral da Criança, igrejas e a sociedade em geral viram as peças e ficaram mudos diante da exposição? Por que a mídia ficou calada? Ficou calada porque também tem medo de se comprometer?
E a propagação da “venda do produto mulher”? Ao que tudo indica isto terá resultados no próximo evento quando empresários e investidores aportarem na terrinha não tanto para participar da maior feira do agro negocio da América Latina, mas sim para conhecer a área de “entretenimento e lazer especial” que está associada diretamente a feira.
É o Vale confirmando a imagem de que tudo que aqui se “planta” se colhe e vende.
Site Ombuds PE do Centro Cultura Luiz Freire
Gente,
Não poderia deixar de postar em meu blog que o site http://www.ombudspe.org.br/ é uma boa dica para os "fiscais" da mídia. O sítio é um instrumento de debate sobre o tratamento das matérias dos principais jornais em relação aos direitos humanos. Seu propósito está exposto na sua home:
"Em junho de 2004, o Ombuds PE nasceu da necessidade de diálogo entre os movimentos sociais e a grande mídia. Diariamente, a equipe do Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) acompanha os três maiores jornais pernambucanos e procura, através de notas publicadas num sítio da internet e de um bloco semanal no programa Sopa Diário, da TVU, estimular a discussão acerca da maneira com que os direitos humanos são tratados nesses veículos de comunicação.
A partir das análises feitas pelo CCLF, todos(as) os(as) leitores(as) podem comentar. Concordar, discordar, acrescentar. Este não é um espaço onde há verdades absolutas nem uma disputa do “bem contra o mal”. É um fórum democrático de discussão aberta que visa a melhorar o tratamento dado aos direitos humanos pelos nossos veículos de comunicação. "
Vale a pena clicar e opinar.
Não poderia deixar de postar em meu blog que o site http://www.ombudspe.org.br/ é uma boa dica para os "fiscais" da mídia. O sítio é um instrumento de debate sobre o tratamento das matérias dos principais jornais em relação aos direitos humanos. Seu propósito está exposto na sua home:
"Em junho de 2004, o Ombuds PE nasceu da necessidade de diálogo entre os movimentos sociais e a grande mídia. Diariamente, a equipe do Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) acompanha os três maiores jornais pernambucanos e procura, através de notas publicadas num sítio da internet e de um bloco semanal no programa Sopa Diário, da TVU, estimular a discussão acerca da maneira com que os direitos humanos são tratados nesses veículos de comunicação.
A partir das análises feitas pelo CCLF, todos(as) os(as) leitores(as) podem comentar. Concordar, discordar, acrescentar. Este não é um espaço onde há verdades absolutas nem uma disputa do “bem contra o mal”. É um fórum democrático de discussão aberta que visa a melhorar o tratamento dado aos direitos humanos pelos nossos veículos de comunicação. "
Vale a pena clicar e opinar.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Movimentos sociais X partidos políticos 1
Num contexto sociológico, uma sociedade não passa do estágio de crescimento para desenvolvimento sem definições econômicas e políticas. As instituições constituídas que representam os diversos segmentos da sociedade calçam estas definições.
O que se confunde, muitas vezes, e que parece que nunca está muito claro é o envolvimento direto de partidos políticos na direção e na construção das reivindicações dos movimentos de classe. E aí podemos perguntar: o que a greve dos professores estaduais, por exemplo, tem a ver com o partido político X ou Y? Por que os movimentos tais como CUT, MST, UNE e Marcha Mundial das Mulheres e tantos outros que têm deliberações específicas, que tratam de questões relativas as categorias estão ligados (agarrados) a deputados ou senadores X ou Y dos partidos chamados de “esquerda”? (Ainda existe esquerda??)
O registro dos grandes partidos políticos, sem querer citar algum especificamente, mostra que a grande oposição deixa o discurso de oposição quando está no poder e deixa também seus conceitos e ideologia por amor a este poder. Ou é em causa própria? Há dúvidas quanto isso.
Estamos esquecidos que Carlos Prestes, a referência comunista deste país, de luta contra a desigualdade social, pela justiça e pela democracia (acho que a gente já leu este texto antes!!) subiu no palanque com Getúlio Vargas* (1947) o mesmo Getúlio que enviou a esposa do líder, Olga Benário, para o paredão na Alemanha Nazista, sistema este, inclusive, uma tendência apaixonante do próprio Getúlio? Esquecemos isto, foi? Esquecemos que os partidos e os políticos têm seus interesses completamente diferentes dos ideários dos movimentos de classes? Além de que cada um (movimento) tem características e necessidades totalmente relacionadas às suas realidades. E o que isso tem a ver com os políticos?
Parece que não ficou claro ainda para as organizações de classes que na medida em que seu discurso, enquanto movimento de categoria, se atrela, se entrelaça com os partidos servem apenas como elemento de barganha, de uso desses partidos em consonância a um discurso hipócrita de unidade, abaixo a elite, a classe dominante... e por ai vai...
Os representantes sim, das Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas, Câmara Federal e Senado (despois da limpeza geral) devem receber as indicações, reivindicações e outros. Mas este uso deve ser feito como canal e não como associação à categoria. Cada categoria ou segmento deve usar as suas assembléias para debater as solicitações, criar comissões e GTs (Grupos de Trabalhos) e fazer os encaminhamentos pelos tramites normais de plenária. A participação deve ser dos componentes das classes e não dos políticos.
Se assim não o for, estes movimentos vão apenas continuar elegendo alguém para representar a categoria, o que nunca acontece, ou consolidando uma cadeira política para um outro alguém que apenas usa o movimento em prol das “suas necessidades pessoais”.
* Acervo Online da Folha de São Paulo: Publicado na Folha da Noite, quarta-feira, 5 de novembro de 1947.
Quem era mesmo este homem?
Caro blogauta (alguém que acessa o blog e ler kkkk)
Você conhece este homem?
Você conhece este homem?
Combatente. Feroz em seu discurso. Corajoso. Sem papa na língua. Cresceu dentro da base do PT e queria ser governador de São Paulo. Uma referência para o partidão em nível nacional. Sempre foi midiático. Estava na grande mídia praticamente dia sim outro também. E hoje?
José Genoíno, deputado federal (PT-SP) é uma cadeira, apenas, na Câmara.
José Genoíno, deputado federal (PT-SP) é uma cadeira, apenas, na Câmara.
A grande imprensa esqueceu o Caso Renangate?
Resta sempre uma esperança no fim do túnel para que a grande imprensa não durma no ponto, não deixe de provocar o debate e de manter a sociedade bem informada.
Ontem, circulou nos canais de TV que alguns dos documentos apresentados pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) eram de empresas falsas. Ainda antes do início da perícia da Polícia Federal, exames feitos pelo Conselho de Ética do Senado apontavam graves irregularidades na documentação. A denúncia feita pelo Jornal Nacional no mês passado mostrou que estas mesmas empresas, a GF da Silva Costa e a Carnal Carnes, apesar de inexistentes, aparecem nos recibos entregues pelo senador ao Conselho de Ética.
Grande novidade! Parece até que o óbvio só é óbvio para quem quer aceitá-lo como óbvio. Espantoso é abrir no outro dia os grandes jornais em circulação e não ler nada sobre isso. Mesmo com a pauta abarrotada de informações sobre a tragédia “avisada” da TAM, que envolve erros na administração pública, é de suma importância que o Caso Renangate não seja apagado (opa! este termo pode virar CPI!!), adormecido. E por que não usar a plataforma online? Mesmo que algumas redações estejam mais preocupadas em alimentar a parte impressa da mídia, o suporte online cabe direitinho nesse contexto.
O que não pode acontecer é um escândalo como este que denegri a imagem do país como um todo e nivela a sociedade como inoperante fique guardado nas gavetas do Congresso como memorial. É bom lembrar que por muito menos há 14 anos Fernando Collor foi derrubado (ainda bem!!).
Importante ressaltar que o relatório do Banco Mundial, divulgado semana passada, mede o desempenho de 212 países no combate à corrupção e revela que o Brasil teve o pior controle da corrupção dos últimos dez anos: caiu de 59,7% em 2000, para 47,1% em 2006.
É nesse contexto que a imprensa assume um papel desafiador de manter e alimentar o leitor (que também é eleitor) das informações que correm nos corredores do Congresso Nacional. O que há por traz dos duelos que são travados na coxia da Casa representativa (?).
Não podemos esquecer que tragédias como essa da TAM associada aos caos dos aeroportos ajudam os larápios (que miseráveis... aproveitam até das dores das mães e parentes que perderam seus entes) a abafarem as falcatruas, trucagem e desvios do dinheiro público.
Este é um dos maiores desafios da mídia: atender a demanda reprimida da sociedade que está ávida por noticias. Se quisermos passar a limpo as instituições consagradas e representativas da democracia nacional, a grande imprensa não pode ficar omissa na sua função primordial.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
O OUTRO DE HOJE
Pinzoh*
Hoje meus eus são tão outros
Que os desconheço...
Às vezes peço um tempo
Às vezes não há tempo
Pra objetar qualquer pedido
E ainda assim, de atrevido,
Eu deixo que um deles,
Aquele que mais de mim se esquece
Que assuma o rumo do dia
E nele projete a noite.
Hoje, o outro que instalou-se
Como se pouco não fosse
Quer que eu te diga tudo
Que eu te informe
Que eu te avise
Que, embora eu não precise,
O adorno mais bonito
Que a noite pode me dar
Seja seu corpo estendido
No lastro desse meu outro
Enquanto a noite durar
* Josemar da Silva Martins (Pinzoh) é professor do DCHIII da UNEB-Juazeiro e nas horas vagas é cantor além de trazer da sua raiz o punho e a sensibilidade para ser o poeta
Hoje meus eus são tão outros
Que os desconheço...
Às vezes peço um tempo
Às vezes não há tempo
Pra objetar qualquer pedido
E ainda assim, de atrevido,
Eu deixo que um deles,
Aquele que mais de mim se esquece
Que assuma o rumo do dia
E nele projete a noite.
Hoje, o outro que instalou-se
Como se pouco não fosse
Quer que eu te diga tudo
Que eu te informe
Que eu te avise
Que, embora eu não precise,
O adorno mais bonito
Que a noite pode me dar
Seja seu corpo estendido
No lastro desse meu outro
Enquanto a noite durar
* Josemar da Silva Martins (Pinzoh) é professor do DCHIII da UNEB-Juazeiro e nas horas vagas é cantor além de trazer da sua raiz o punho e a sensibilidade para ser o poeta
segunda-feira, 23 de julho de 2007
ACM ainda é a bola da vez na grande imprensa
(Foto Uol)
Parece mesmo que a pauta ACM ainda vai ficar na grande mídia por um bom tempo como a bola da vez. Muitos veículos para não assumir de frente sua paixão e “compromisso” com o clã Magalhães e ao mesmo tempo não passar a imagem de demagogia pura vão desenhando nas entrelinhas textos obscuros que dão o sentido macro para quem já sabe a linha editorial de uns e micro para quem apenas pensa que o texto não quer necessariamente agredir nem ressaltar as “obras” um tanto quanto maquiavélica do Toninho Malvadeza.
Em alguns textos a grande mídia cita, por exemplo, ACM como “protagonista da política” pós-moderna. Em outros ressalta a sua importância para o cenário “democrático brasileiro” nos últimos 50 anos (!). A mídia também instiga a possibilidade, a idéia e quase que a necessidade do “carlismo” (maldita... deve ser) como continuísmo de uma prática política de currais eleitoral e totalitária.
Em entrevista ao site G1 (20/07), o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Fábio Dantas Neto, diz que o “carlismo é uma força que vai além do senador Antônio Carlos Magalhães, que está enraizada em vários segmentos da sociedade baiana e está passando por um momento de extrema dificuldade, mas não apostaria nem na sua continuidade, nem no seu desaparecimento”, afirma Dantas Neto, autor do livro Tradição, autocracia e carisma: a política de Antonio Carlos Magalhães (Editora UFMG), lançado em novembro.
No meio das dúvidas, melhor seria que a grande imprensa usasse de cautela no discurso da linha editorial do veículo que defende, bem como nas falas de autoridades que antes jogaram lama no cercado e hoje pintam de meio termo ou de políticos moderados que dizem reconhecer em ACM o espírito combativo de homem “integro” (não sei aonde arrumaram esta palavra para ACM!!) e dedicado à causa da Bahia.
Precisamos realmente passar a mídia, a sociedade e algumas instituições a limpo. Penso que estamos no momento de revermos conceitos e discursos pregados por homens que até então foram ícones no processo de redemocratização desse país e hoje jogam na sarjeta seus ideários políticos para comungar com governos e estar no poder.
Em alguns textos a grande mídia cita, por exemplo, ACM como “protagonista da política” pós-moderna. Em outros ressalta a sua importância para o cenário “democrático brasileiro” nos últimos 50 anos (!). A mídia também instiga a possibilidade, a idéia e quase que a necessidade do “carlismo” (maldita... deve ser) como continuísmo de uma prática política de currais eleitoral e totalitária.
Em entrevista ao site G1 (20/07), o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Fábio Dantas Neto, diz que o “carlismo é uma força que vai além do senador Antônio Carlos Magalhães, que está enraizada em vários segmentos da sociedade baiana e está passando por um momento de extrema dificuldade, mas não apostaria nem na sua continuidade, nem no seu desaparecimento”, afirma Dantas Neto, autor do livro Tradição, autocracia e carisma: a política de Antonio Carlos Magalhães (Editora UFMG), lançado em novembro.
No meio das dúvidas, melhor seria que a grande imprensa usasse de cautela no discurso da linha editorial do veículo que defende, bem como nas falas de autoridades que antes jogaram lama no cercado e hoje pintam de meio termo ou de políticos moderados que dizem reconhecer em ACM o espírito combativo de homem “integro” (não sei aonde arrumaram esta palavra para ACM!!) e dedicado à causa da Bahia.
Precisamos realmente passar a mídia, a sociedade e algumas instituições a limpo. Penso que estamos no momento de revermos conceitos e discursos pregados por homens que até então foram ícones no processo de redemocratização desse país e hoje jogam na sarjeta seus ideários políticos para comungar com governos e estar no poder.
domingo, 22 de julho de 2007
A dupla dinâmica ACM e Roberto Marinho
(Foto site Uol)
Qualquer semelhança entre as duas fotos não é mera coincidência. Afinal, temos que entender que a propaganda, a publicidade e a imprensa tomaram outros rumos a partir de Hitler e do seu ministro da comunicação, Herr Goebbels.
Seus exemplos de manipulação e poder fizeram muitas escolas. Seus ensinamentos formaram tantos outros ditadores de médio ou menor porte. A dupla dinâmica ACM e Roberto Marinho é um desses exemplos. Exageros à parte, o poder da comunicação que defini e domina qualquer que seja a informação na Bahia está totalmente centrada neste “governo” criado pelo então senador Antônio Carlos Magalhães.
Hoje, há textos em jornais que além de adjetivar positivamente o perfil do então “herói baiano”, chegam mesmo a justificar a forma agressiva de ACM em fazer política com os chamados “avanços” da Bahia. É bom registrar que paralelos como esse poderiam ser feitos em relação a economia alemã na época de Hitler. Trazendo isso para nossa praia, em pleno Brasil da ditadura (apoiada pelo coronel urbano Antonio Carlos Magalhães) também houve focos de crescimento. Se assim o for, não interessa então os 'modus operandi' do chamado “Toninho Malvadeza” para obter concessões, verbas, empresas e poder. O que interessa é que o povo baiano está chorando (e a mídia alimenta isso) porque perdeu um desbravador que amou a Bahia acima de todas as coisas e inclusive passando por cima de todas as regras básicas de convivência humana.
A pouca memória do povo brasileiro, baiano, muitas vezes tem a ver com o pouco esforço da mídia na divulgação e realimentação das informações para não deixar apagar as marcas da nossa história (ainda tão recente). Na medida em que trazemos este passado à baila, muitos que não sabiam ficam conhecedores. Muitos que viveram na pele o “mandonismo” político de coronéis e militares na época da ditadura e pós-ditadura trazem na memória estes fatos que mancharam a nossa história.
No entanto, é através desse recontar os fatos que podemos avivar a memória de muitos e continuar lutando para tornar este país, verdadeiramente, uma democracia.
Seus exemplos de manipulação e poder fizeram muitas escolas. Seus ensinamentos formaram tantos outros ditadores de médio ou menor porte. A dupla dinâmica ACM e Roberto Marinho é um desses exemplos. Exageros à parte, o poder da comunicação que defini e domina qualquer que seja a informação na Bahia está totalmente centrada neste “governo” criado pelo então senador Antônio Carlos Magalhães.
Hoje, há textos em jornais que além de adjetivar positivamente o perfil do então “herói baiano”, chegam mesmo a justificar a forma agressiva de ACM em fazer política com os chamados “avanços” da Bahia. É bom registrar que paralelos como esse poderiam ser feitos em relação a economia alemã na época de Hitler. Trazendo isso para nossa praia, em pleno Brasil da ditadura (apoiada pelo coronel urbano Antonio Carlos Magalhães) também houve focos de crescimento. Se assim o for, não interessa então os 'modus operandi' do chamado “Toninho Malvadeza” para obter concessões, verbas, empresas e poder. O que interessa é que o povo baiano está chorando (e a mídia alimenta isso) porque perdeu um desbravador que amou a Bahia acima de todas as coisas e inclusive passando por cima de todas as regras básicas de convivência humana.
A pouca memória do povo brasileiro, baiano, muitas vezes tem a ver com o pouco esforço da mídia na divulgação e realimentação das informações para não deixar apagar as marcas da nossa história (ainda tão recente). Na medida em que trazemos este passado à baila, muitos que não sabiam ficam conhecedores. Muitos que viveram na pele o “mandonismo” político de coronéis e militares na época da ditadura e pós-ditadura trazem na memória estes fatos que mancharam a nossa história.
No entanto, é através desse recontar os fatos que podemos avivar a memória de muitos e continuar lutando para tornar este país, verdadeiramente, uma democracia.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
A Bahia é que tem uma nova era
(Foto site Uol)
Não restam dúvidas que a divisão da Bahia está antes e depois de Antônio Carlos Magalhães. Contudo, isto não quer dizer que ele fosse uma referência política em nível nacional. E até o é, mas de forma negativa, não construtiva. Não é porque hoje ele está morto que temos de apagar a sua trajetória, o seu passado (ainda muito recente) de um homem que fez política com mão de ferro.
A sua história está marcada por conceitos radicais de uma visão única: o jeito de ser e fazer acontecer de ACM. Ele construiu sua política passando como um trator por cima daqueles que não estavam totalmente do seu lado. Democracia? Não é um sistema que passeava pela mente deste baiano truculento, radical, extremista, tirano. O senador ACM, com todo respeito a sua idade, não tinha freio na língua para humilhar e destratar quem ousasse a falar dos seus métodos.
Assim sendo, por que temos de dizer que perdemos um grande homem? Coerente mesmo foi a sua intransigência em defesa dos seus métodos coronelistas. Este homem político que tem um currículo de escândalos e atos escusos e imorais que foram escondidos (em meio termo) por alguns aliados da mídia, não poderá servi de exemplo no exercício da democracia. Embora nos últimos tempos tenha ele levantado a bandeira da moral e decência no Congresso Brasileiro como se isso fosse parte da sua história política, familiar e educacional.
Os tempos mudaram e as coisas não estão mais na era de aplaudir perdas de grandes ditadores. Estamos sim no momento de rever nossos conceitos para entender o que podemos avançar a partir de novos quadros políticos que devem nascer depois da limpeza geral no Congresso Nacional, a começar pelo Senado.
Não restam dúvidas que a divisão da Bahia está antes e depois de Antônio Carlos Magalhães. Contudo, isto não quer dizer que ele fosse uma referência política em nível nacional. E até o é, mas de forma negativa, não construtiva. Não é porque hoje ele está morto que temos de apagar a sua trajetória, o seu passado (ainda muito recente) de um homem que fez política com mão de ferro.
A sua história está marcada por conceitos radicais de uma visão única: o jeito de ser e fazer acontecer de ACM. Ele construiu sua política passando como um trator por cima daqueles que não estavam totalmente do seu lado. Democracia? Não é um sistema que passeava pela mente deste baiano truculento, radical, extremista, tirano. O senador ACM, com todo respeito a sua idade, não tinha freio na língua para humilhar e destratar quem ousasse a falar dos seus métodos.
Assim sendo, por que temos de dizer que perdemos um grande homem? Coerente mesmo foi a sua intransigência em defesa dos seus métodos coronelistas. Este homem político que tem um currículo de escândalos e atos escusos e imorais que foram escondidos (em meio termo) por alguns aliados da mídia, não poderá servi de exemplo no exercício da democracia. Embora nos últimos tempos tenha ele levantado a bandeira da moral e decência no Congresso Brasileiro como se isso fosse parte da sua história política, familiar e educacional.
Os tempos mudaram e as coisas não estão mais na era de aplaudir perdas de grandes ditadores. Estamos sim no momento de rever nossos conceitos para entender o que podemos avançar a partir de novos quadros políticos que devem nascer depois da limpeza geral no Congresso Nacional, a começar pelo Senado.
Fenagri e prostiuição: leilão de mulheres
Foto site Fenagri (www.fenagri2007.com)
A repercussão do artigo que fiz dia 18/07 sobre “O que a Fenagri tem a ver com a prostituição” foi realmente surpreendente. Confesso que nem eu mesma esperava tanto, inclusive da própria imprensa. Muitas pessoas ligaram, passaram e-mails e algumas postaram mensagens no blog.
Todas queriam mostrar à indignação em relação à campanha de prostituição explícita da casa de show Chalako associada à Fenagri, a maior feira de fruticultura irrigada da América Latina, que acontece de 18 a 21 de julho, na Orla Nova de Juazeiro/BA. Um evento grandioso, em nível internacional e que não deixa a desejar a nenhuma capital do país em termos organizacional e estrutural.
Como se fosse pouco a campanha publicitária com as peças de outdoor nos pontos principais das duas cidades expondo o “produto mulher” como objeto de venda, há também a distribuição de cartões e panfletos dentro da própria feira com o objetivo de estimular e conduzir o visitante a participar da “rodada de negócios” que acontece na casa de show: o leilão do “produto mulher”.
A formatação dessa “negociata” é estabelecida no recinto. O “produto” é exposto para platéia (de homens) em diversas “posições”, utilizando ainda os elementos que se associam a feira, como a uva e o vinho, ao som de melodias contagiantes. Em determinado momento começa o leilão. Os “compradores do objeto” (é podre isto!!) fazem o lance a partir do valor mínimo: R$ 1.000,00. O processo é semelhante aos grandes leilões de arte, de cavalo e gado: vence quem bancar o maior valor. O prêmio? Que neste caso, não é nenhum tipo de animal irracional ou obra de arte (plástica) é uma das “mulheres objeto” que seguirá com o “comprador” para um momento de orgia.
Consciente de que a prostituição é o comércio habitual ou profissional do “amor” sexual, ambos, não apenas a mulher estão envolvidos consensualmente num ato de degradação humana. Afinal, até onde conhecemos o conceito de mercado, ponto de encontro entre a venda e a demanda, o ser humano é invendável. Jamais poderia ser objeto de negociação. Portanto, nada justifica a ação mesmo que alguns possam dizer que isto sempre existiu desde a época de Cleópatra e das bacanais de Herodes.
O resultado desse marketing horrendo é a imagem prostituída de uma feira que tem no seu bojo projetos para viabilizar empreendimentos na região. Inclusive, em função das visitas de várias delegações estrangeiras ao evento com a presença de representantes de diversos segmentos entre eles jornalistas, o nível de propagação desse tipo de “entretenimento” deve ganhar proporções imagináveis. Até porque entre tantos argumentos para produção de matérias a mídia, em geral, trabalha exatamente com o fato novo, com coisas diferentes, que chamem atenção.
Este é um momento de muita reflexão por parte das instituições constituídas como o Ministério Público, Associação em Defesa das Mulheres contra violência, pastorais, igrejas, ONGs e a sociedade em geral. Afinal, o questionamento tem que ser feito no sentido de mudar este cenário. Até porque os que ganham com esse tipo de comercio não mexerão uma só palha para essa mudança e até argumentam que isto é um negócio como outro qualquer.
E os que perdem? Perdem os organizadores da feira, a população das duas cidades, a publicidade e a propaganda, as empresas que vendem suas imagens corporativas, os governos municipais e estaduais e a própria sociedade.
E a mídia neste contexto? A mídia perde a oportunidade de apresentar à sociedade todas as possibilidades de analisar, questionar e opinar esta realidade a partir dos fatos divulgados por uma imprensa comprometida em exercer o seu papel.
A repercussão do artigo que fiz dia 18/07 sobre “O que a Fenagri tem a ver com a prostituição” foi realmente surpreendente. Confesso que nem eu mesma esperava tanto, inclusive da própria imprensa. Muitas pessoas ligaram, passaram e-mails e algumas postaram mensagens no blog.
Todas queriam mostrar à indignação em relação à campanha de prostituição explícita da casa de show Chalako associada à Fenagri, a maior feira de fruticultura irrigada da América Latina, que acontece de 18 a 21 de julho, na Orla Nova de Juazeiro/BA. Um evento grandioso, em nível internacional e que não deixa a desejar a nenhuma capital do país em termos organizacional e estrutural.
Como se fosse pouco a campanha publicitária com as peças de outdoor nos pontos principais das duas cidades expondo o “produto mulher” como objeto de venda, há também a distribuição de cartões e panfletos dentro da própria feira com o objetivo de estimular e conduzir o visitante a participar da “rodada de negócios” que acontece na casa de show: o leilão do “produto mulher”.
A formatação dessa “negociata” é estabelecida no recinto. O “produto” é exposto para platéia (de homens) em diversas “posições”, utilizando ainda os elementos que se associam a feira, como a uva e o vinho, ao som de melodias contagiantes. Em determinado momento começa o leilão. Os “compradores do objeto” (é podre isto!!) fazem o lance a partir do valor mínimo: R$ 1.000,00. O processo é semelhante aos grandes leilões de arte, de cavalo e gado: vence quem bancar o maior valor. O prêmio? Que neste caso, não é nenhum tipo de animal irracional ou obra de arte (plástica) é uma das “mulheres objeto” que seguirá com o “comprador” para um momento de orgia.
Consciente de que a prostituição é o comércio habitual ou profissional do “amor” sexual, ambos, não apenas a mulher estão envolvidos consensualmente num ato de degradação humana. Afinal, até onde conhecemos o conceito de mercado, ponto de encontro entre a venda e a demanda, o ser humano é invendável. Jamais poderia ser objeto de negociação. Portanto, nada justifica a ação mesmo que alguns possam dizer que isto sempre existiu desde a época de Cleópatra e das bacanais de Herodes.
O resultado desse marketing horrendo é a imagem prostituída de uma feira que tem no seu bojo projetos para viabilizar empreendimentos na região. Inclusive, em função das visitas de várias delegações estrangeiras ao evento com a presença de representantes de diversos segmentos entre eles jornalistas, o nível de propagação desse tipo de “entretenimento” deve ganhar proporções imagináveis. Até porque entre tantos argumentos para produção de matérias a mídia, em geral, trabalha exatamente com o fato novo, com coisas diferentes, que chamem atenção.
Este é um momento de muita reflexão por parte das instituições constituídas como o Ministério Público, Associação em Defesa das Mulheres contra violência, pastorais, igrejas, ONGs e a sociedade em geral. Afinal, o questionamento tem que ser feito no sentido de mudar este cenário. Até porque os que ganham com esse tipo de comercio não mexerão uma só palha para essa mudança e até argumentam que isto é um negócio como outro qualquer.
E os que perdem? Perdem os organizadores da feira, a população das duas cidades, a publicidade e a propaganda, as empresas que vendem suas imagens corporativas, os governos municipais e estaduais e a própria sociedade.
E a mídia neste contexto? A mídia perde a oportunidade de apresentar à sociedade todas as possibilidades de analisar, questionar e opinar esta realidade a partir dos fatos divulgados por uma imprensa comprometida em exercer o seu papel.
quarta-feira, 18 de julho de 2007
O que a Fenagri tem a ver com a prostituição?
Há 18 anos que a Fenagri, Feira Internacional da Agricultura Irrigada, acontece no Vale do São Francisco, alternando em cada ano nas cidades de Petrolina/PE e Juazeiro/BA. Considerada pelos organizadores a maior feira de fruticultura irrigada da América Latina, o evento recebe empresários, investidores do agro negócio de vários paises, inclusive europeus. Este ano a feira acontece entre os dias 18 e 21 de julho na cidade de Juazeiro, a 500 quilômetros da capital baiana, Salvador.
Todos os hotéis e pousadas das duas cidades e das localidades circunvizinhas ficam lotados neste período. O comércio e os serviços também entram em ebulição durante a feira. O movimento das cidades em relação ao fluxo de carros, volume de compra e venda de produtos, visitação em pontos turísticos e vinícolas, empregos diretos e indiretos e a área gastronômica ganham uma nova dimensão nesta época.
A Fenagri é a vitrine do agro negócio da fruticultura nacional, tanto para produtores rurais como para fabricantes e vendedores de equipamentos e insumos agrícolas. É também um espaço de grandes negócios na área de exportação e de implantações de novas culturas além da possibilidade de empreendimentos em outras áreas.
E o que isso tudo tem a ver com a prostituição? Esta é pergunta que não quer calar.
Afinal, aproveitando o fluxo de pessoas que circulam neste período, vários outdoors estão espalhados nos principais pontos das duas cidades vendendo um produto que jamais poderia ser vendido: o ser humano, especificamente, a mulher. Loura, morena, bonita e corpo escultural elas estão em poses sensuais, agarradas em frutas e vinhos (produzidos em nossas vinícolas, claro...) associando a temática simbólica à feira. As peças trazem imagem, textos e frases de impactos para atrair “clientes” e divulgar o local onde eles podem achar o produto: a casa de show Chalako.
Deixando o moralismo à parte, o grande questionamento é: o que a Fenagri tem a ver com a prostituição? E aí entramos numa análise até mesmo sociológica da construção de conceitos morais na sociedade a partir da visão machista e determinante do homem. Até porque, todo esse conceito que está totalmente explícito nos cartazes não foi feito para atrair mulheres e sim homens. E mais, a imagem agregada a esse tipo de evento associada a vinda de estrangeiros e empresários de outros estados com o propósito de fazer negócios na feira, parece totalmente, prostituir o próprio evento.
E onde está à raiz disso tudo? É importante ressaltar que em muitos eventos do porte da Fenagri, negociações paralelas envolvendo prostituição não são novidades. Contudo, os cuidados na produção e divulgação do evento como um todo fazem a diferenciação entre eles. E aí entram vários segmentos que estão entrelaçados, ligados entre si, não cabendo apenas ao dono do chamado “prostíbulo” a responsabilidade do todo.
Afinal, alguém se permite panfletar cartões do Chalako no portão principal da feira e alguém permite que isso aconteça. Por outro lado, alguém se deixa e quer se prostituir, se vender neste show onde alguém se permite ir até o local, pagar pelo "serviço" e também se prostituir. Alguém se permite criar, produzir e veicular as peças publicitárias e outro alguém se permitir alugar o espaço para veiculação dessas peças. A mídia se permite ficar omissa em muitos casos, a sociedade se permitir gritar em outros e alguém posa de falso moralista e ganha com todo esse jogo midiático.
E isso tudo é sabido lá fora? Claro que sim. E quem disse aos expositores, empresários e profissionais que trabalham neste evento que isso não é divulgado lá fora? Quem disse que não foi divulgado lá fora este "entretenimento" como parte integrante da feira? Nenhum deles pode dizer.
Hoje, com toda nossa tecnologia e com uma mídia globalizada e socializada, quando o assunto rende notícias, nada poderia mesmo ficar de fora. E mais, o ti-ti-ti de quem vem e vai ainda é maior nesse tipo de divulgação.
O nosso questionamento é: até que ponto temos que prostituir nossa raiz, nossa identidade, nossa cidade, nosso povo porque alguns acham que isso é propaganda, publicidade e nada vai atingir a nossa imagem? Relembro então que o pastor Martin Luther King (1929/1968) disse em um de seus discursos que o “mundo é difícil de viver, não pelas pessoas que fazem o mal, mas por aquelas que se sentam e deixam que esse mal aconteça”. Estamos fazendo alguma coisa para mudar isso?
Por uma dor avisada
Ó dor que toma conta da gente
Diante de uma tragédia avisada.
Uma dor que suplanta a mente
De almas perdidas e empacotadas
Pelo semblante de um olhar
Que ficou perdido no nada.
Há uma impunidade na fala
Quando cala, quando faz
Homens que querem justificar
O que não deve e não pode
Para dizer nem mesmo dizer
O que todos queriam ouvir.
Logo após a grande tragédia
Nenhuma personalidade, autoridade
(ir) responsávelmente cabida
Soube até se pronunciar
Até mesmo um presidente de fora
Para todos fez saudar.
De tragédia em tragédia
Choramos os nossos mortos
Choramos a impossibilidade da volta
Choramos o desepero de todos
Que gostariam de dizer...
Amamos tanto você.
Que lição serve para nós
Pobres mortais, ricos ou não
Que diferença temos nós
Se até mesmo entre os escombros
Ninguém sabe nem quem somos.
Triste mundo estamos vivendo
Onde pouco podemos esperar
Peguem então todos um consolo
De buscar a Deus e para assim poder aceitar.
Alguns dizem que Deus é este
Que deixou isso acontecer.
Como é fácil sempre culparmos
Logo Deus para entender.
Ora vejam bem então
Como pode este Deus
Agir muito em você
Como pode este Deus
Fazer algo
sem mesmo o homem querer.
* Tragédia da TAM – 17 de julho de 2007
terça-feira, 17 de julho de 2007
Renan se declara impedido para despachar??
Não poderia deixar de postar esta matéria do site Senado que li ontem, 16, às 17h48.
Renan se declara impedido para despachar sobre representação do PSOL
O presidente do Senado, Renan Calheiros, declarou-se nesta segunda-feira (16) impedido para despachar expedientes relativos à Representação 01/07, feita contra ele pelo PSOL no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa.
O anúncio foi feito por meio de ofício encaminhado ao presidente do Conselho de Ética, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), e lido no encerramento da sessão plenária não-deliberativa pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS), que se encontrava na presidência dos trabalhos.
Como conseqüência, Renan não deverá participar, nesta terça-feira (17), da reunião em que a Mesa irá decidir se encaminha à Polícia Federal um pedido para investigações mais profundas nos documentos que o presidente do Senado apresentou ao Conselho de Ética. A reunião está prevista para as 11h.
Fonte: http://www.senado.gov.br/ // Paulo Sérgio Vasco / Repórter da Agência Senado
Comentário Teresa Leonel:
Qual a moral, competência e lisura que este homem tem para presidir qualquer que seja a atividade no Senado? Não posso deixar de passar abaixo os e-mail de alguns dos nossos ma-ra-vi-lho-sos representantes. E-mail neles... amigos!!!
Aloizo Mercadante (PT-SP): mercadante@senador.gov.br
Cristovam Buarque (PDT-DF): cristovam@senador.gov.br
Eduardo Suplicy (PT-SP): eduardo.suplicy@senador.gov.br
Marco Maciel (PFL-PE): marco.maciel@senador.gov.br
Pedro Simon (PMDB-RS): simon@senador.gov.br
Sérgio Guerra (PSDB-PE): sergio.guerra@senador.gov.br
Ps. Os critérios da escolha foram: Ser da bancada pernambucana e alguns por serem referências nacional.
Renan se declara impedido para despachar sobre representação do PSOL
O presidente do Senado, Renan Calheiros, declarou-se nesta segunda-feira (16) impedido para despachar expedientes relativos à Representação 01/07, feita contra ele pelo PSOL no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa.
O anúncio foi feito por meio de ofício encaminhado ao presidente do Conselho de Ética, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), e lido no encerramento da sessão plenária não-deliberativa pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS), que se encontrava na presidência dos trabalhos.
Como conseqüência, Renan não deverá participar, nesta terça-feira (17), da reunião em que a Mesa irá decidir se encaminha à Polícia Federal um pedido para investigações mais profundas nos documentos que o presidente do Senado apresentou ao Conselho de Ética. A reunião está prevista para as 11h.
Fonte: http://www.senado.gov.br/ // Paulo Sérgio Vasco / Repórter da Agência Senado
Comentário Teresa Leonel:
Qual a moral, competência e lisura que este homem tem para presidir qualquer que seja a atividade no Senado? Não posso deixar de passar abaixo os e-mail de alguns dos nossos ma-ra-vi-lho-sos representantes. E-mail neles... amigos!!!
Aloizo Mercadante (PT-SP): mercadante@senador.gov.br
Cristovam Buarque (PDT-DF): cristovam@senador.gov.br
Eduardo Suplicy (PT-SP): eduardo.suplicy@senador.gov.br
Marco Maciel (PFL-PE): marco.maciel@senador.gov.br
Pedro Simon (PMDB-RS): simon@senador.gov.br
Sérgio Guerra (PSDB-PE): sergio.guerra@senador.gov.br
Ps. Os critérios da escolha foram: Ser da bancada pernambucana e alguns por serem referências nacional.
sábado, 14 de julho de 2007
Ninguém sabe fazer oposição neste país?
Fazer oposição não é mesmo pra qualquer um. O PT reinou durante décadas nesta função e se saiu muito bem em vários momentos. Depois dele o PSOL (sobra de alguns antigos petistas) faz uma coisinha aqui e ali. Os demais partidos que sempre tiveram no poder ou junto dele ou em prol dele ou mamando nele não conseguem montar estratégias, afinar discursos e pegar um gancho nas falhas do atual governo para se posicionar como uma verdadeira oposição.
Um exemplo disso está no Senado Federal. A brincadeira de gato e rato parece mesmo coisa de desenho animado, ou melhor, terror animado. Estamos a poucos dias da tão esperada férias parlamentar, recesso este pago com o nosso dinheiro e afinal, do jeito que o Congresso trabalha dia e noite é mais do que justa essas férias remunerada e o descanso para esses homens do bem (que nojo!!!). Então... faltando poucos dias para essa parada básica a mídia e a própria oposição não fizeram nenhuma reflexão sobre o desempenho do Congresso Nacional no primeiro semestre de 2007.
Os resultados das sessões deliberativas, a pauta do dia, tudo parado. E a votação da reforma política, que está mais pra reforma eleitoral do que política? Nada acontece e estamos no meio do ano!!!
Um exemplo disso está no Senado Federal. A brincadeira de gato e rato parece mesmo coisa de desenho animado, ou melhor, terror animado. Estamos a poucos dias da tão esperada férias parlamentar, recesso este pago com o nosso dinheiro e afinal, do jeito que o Congresso trabalha dia e noite é mais do que justa essas férias remunerada e o descanso para esses homens do bem (que nojo!!!). Então... faltando poucos dias para essa parada básica a mídia e a própria oposição não fizeram nenhuma reflexão sobre o desempenho do Congresso Nacional no primeiro semestre de 2007.
Os resultados das sessões deliberativas, a pauta do dia, tudo parado. E a votação da reforma política, que está mais pra reforma eleitoral do que política? Nada acontece e estamos no meio do ano!!!
E os que bancam de oposição prometem fazer vigília na próxima terça-feira, 17, para garantir a realização da reunião da Mesa Diretora do Senado que vai decidir sobre a perícia da Polícia Federal nos documentos do senador Renan Calheiros (PMDB-AL)?
É brincadeira uma coisa dessa, gente! Se não sabem fazer oposição estudem, pesquisem. Peguem no baú da casa de vocês as revistinhas que o PT usava (na época áurea de lutas aguerridas... e não faz muito tempo, não, viu?) que contam de forma simples e direta como fazer uma boa oposição. A ousadia tem que começar já.
E a grande imprensa? Vai cobrir 24h apenas o PAN? Se assim o for, será semelhante ao período (maio/2007) em que o Papa Bento XVI esteve no Brasil e a grande imprensa (TV, Internet, jornais, revistas, rádios) se deteve quase que exclusivamente a mostrar dos aposentos até a água do banho da Sua Santidade passando pelo vinho, alimentação e tudo que estava relacionado ao Papa. Enquanto as redações disputavam entre si quem melhor fazia a cobertura e as novidades pitorescas sobre a visita, o Congresso na calada da tarde advogava em causa própria: reajustava seus salários em de 29,81%.
Do jeito que as coisas estão indo, onde nossa imprensa está muito mais comprometida com a espetacularização dos fatos do que mesmo com o relato deles e os nossos parlamentares estão mais preocupados em livrar suas caras do que exercer suas funções é desanimador uma honrosa saída para nossa sociedade.
Vamos fechar as portas desse país? Socorro! Precisamos de mudança. Hoje!
sexta-feira, 13 de julho de 2007
O que pensam nossos ilustres senadores...
O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) afirmou hoje (13) no Plenário do Senado que não existe crise no Poder Legislativo. Lembrou que debates e discussões nasceram com o Legislativo e fazem parte do cotidiano de todos os Parlamentos. Disse que isso acontece não só no Brasil, mas em todos os países do mundo onde há esse Poder. Em relação à situação do presidente do Senado, Renan Calheiros, que responde a processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Paulo Duque disse ainda que as posições dos senadores já estão tomadas e que discursos não mudam essas decisões.
Fonte: http://www.senado.gov.br/
Blog Teresa: Ah! Se este senhor fosse da minha terra!! Não receberia um voto meu nunca....O que pensam nossos ilustres senadores 2
Já o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) sugeriu em seu discurso no Plenário, uma agenda prioritária para exame do Senado no segundo semestre deste ano. Para o senador, a Casa deve ater-se a temas que realmente digam respeito à vida da população e não se prender a uma "agenda apequenada". Mercadante disse que elegerá esses temas como prioridade para o seu mandato em 2007.
Fonte: http://www.senado.gov.br/
Blog Teresa: Como você mudou Mercadante... quem era você, hen? A sua voz continua a mesma mas as suas atitudes.... quanta diferença!!!
Os (des)controladores e a madrinha do caos
Recebi este material do meu amigo professor Braulio Wanderley (http://historiavermelha.zip.net/) e resolvi postar aqui. Vejam o que vocês acham.
Noticiada pela Folha de São Paulo e reproduzida no site do Psol, a deputada gaúcha Luciana Genro se favorece de informações a respeito dos passos desta categoria de trabalhadores.
Talvez isto explique por que o Psol não faz tanta zoada com relação ao caos áereo, na medida que além de uma porta-voz, ele possui uma "célula" de informçãoes sobre quando vai haver desmantelo no aeroportos que atingem a todos os brasileiros.
Interessante mesmo foi o depoimento de um colega da deputada ao afirmar que "o controladores de vôo se sentem isolados e a deputada é de um partido socialista".
Socialista!!! Será que ela não vê que pessoas dormem nos aeroportos, negócios são cancelados, parentes não podem nem visitar seus entes enfermos ou comparecer ao último adeus? Será que ela não mede as conseqüências de uma possível colisão no ar!? Que socialismo é esse onde as "informações" (talvez até mesmo quando vai ter apagão ou não), que a deputada recebe faltam ao respeito a milhares de brasileiros e turistas? Que decoro é esse Luciana Genro!?
Vejam a matéria no site do Psol, que se vangloria da bagunça aérea http://www.psol.org.br/
Noticiada pela Folha de São Paulo e reproduzida no site do Psol, a deputada gaúcha Luciana Genro se favorece de informações a respeito dos passos desta categoria de trabalhadores.
Talvez isto explique por que o Psol não faz tanta zoada com relação ao caos áereo, na medida que além de uma porta-voz, ele possui uma "célula" de informçãoes sobre quando vai haver desmantelo no aeroportos que atingem a todos os brasileiros.
Interessante mesmo foi o depoimento de um colega da deputada ao afirmar que "o controladores de vôo se sentem isolados e a deputada é de um partido socialista".
Socialista!!! Será que ela não vê que pessoas dormem nos aeroportos, negócios são cancelados, parentes não podem nem visitar seus entes enfermos ou comparecer ao último adeus? Será que ela não mede as conseqüências de uma possível colisão no ar!? Que socialismo é esse onde as "informações" (talvez até mesmo quando vai ter apagão ou não), que a deputada recebe faltam ao respeito a milhares de brasileiros e turistas? Que decoro é esse Luciana Genro!?
Vejam a matéria no site do Psol, que se vangloria da bagunça aérea http://www.psol.org.br/
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Deu no PE Body Count
Gente,
O artigo que fiz e postei aqui (10/07) sobre o escândalo do pagamento de R$ 10 mil por um bandido cujo título foi "Existe morte mais importante do que outra? Por que uns podem e outros não?" está no blog da Segurança Pública http://www.pebodycount.com.br/.
A repercussão ficou grande. Não por conta do artigo, mas porque nós estamos cansados de ações que dividem as pessoas em três categorias: "a mais importante"; "quase importante" e "nem tão importante". Nessa reflexão, como disse no artigo, vai um recado para nossa mídia que mesmo sem querer ser analisada e criticada precisa ser passada a limpo, sempre.
Esta é uma forma de exercitar nossa cidadania, através da liberdade de expressão, e de contribuir no fortalecimento das nossas instituições, sem as quais não há democracia.
O artigo que fiz e postei aqui (10/07) sobre o escândalo do pagamento de R$ 10 mil por um bandido cujo título foi "Existe morte mais importante do que outra? Por que uns podem e outros não?" está no blog da Segurança Pública http://www.pebodycount.com.br/.
A repercussão ficou grande. Não por conta do artigo, mas porque nós estamos cansados de ações que dividem as pessoas em três categorias: "a mais importante"; "quase importante" e "nem tão importante". Nessa reflexão, como disse no artigo, vai um recado para nossa mídia que mesmo sem querer ser analisada e criticada precisa ser passada a limpo, sempre.
Esta é uma forma de exercitar nossa cidadania, através da liberdade de expressão, e de contribuir no fortalecimento das nossas instituições, sem as quais não há democracia.
Entrevista professor Pinzoh " O PT tem errado e tem que pagar pelos seus erros..."
Filho de um agricultor semi-analfabeto e uma dona de casa, analfabeta, que foi doceira durante um tempo, Josemar da Silva Martins, cujo apelido Pinzoh foi batizado pelos colegas de sala depois que errou numa prova de História o nome do navegador Vicente Yãnez Pinzón, tem uma trajetória de vida que além de render um bom livro pode-se fazer um excelente roteiro de cinema. Nascido no sítio São João, povoado de São Bento, município de Curaçá-BA, Pinzoh estudou a vida toda em escola pública, foi servente de pedreiro, frentista, ator de teatro, aventurou-se na poesia, foi serigrafista durante anos e vendedor ambulante das camisas que pintava. Nesta mesma caminhada, entrou em Pedagogia na UNEB, fez especialização em Gestão de Sistemas Educacionais na PUC-MG, em seguida fez mestrado em Educação na UQAC, Université du Québec à Chicoutimi e antes mesmo de defender sua tese ingressou no doutorado na FACED/UFBA concluído em 2006. É professor da UNEB-Juazeiro desde 1994 e militante político desde que começou a participar de movimentos estudantis e levantar a bandeira da luta pela liberdade de expressão, igualdade e fraternidade.
Vendo esse histórico com um olhar pós-modernista poderíamos dizer que Pinzoh é um exemplo de homem que mesmo estando na roça e olhando para o sequeiro nordestino de piso rachado como algo além da natureza, visualizou também possibilidades de transformações. Não desistiu, não morreu e não deu pra ladrão. Hoje é um estudioso e questionador da forma como a mídia expõe a Educação. Enfático e agressivo (no bom sentido, claro) quando o assunto é política, não tive como deixar de abordar boa parte deste tema na entrevista com o professor Pinzoh onde ele coloca suas defesas e críticas, em parte sustentadas nas análises acadêmicas em outras pela sua prática do dia-a-dia. De Renan aos Coelhos em Petrolina segue a entrevista na integra.
Blog Teresa Leonel- Existe uma imagem propagada de que a educação é o único caminho pelo qual o Brasil pode mudar, ou melhor, desenvolver. Isso é genérico? Qual a sua avaliação?
Josemar da Silva Martin - Pinzoh - Eu fico com a opinião de Sérgio Buaque de Hollanda constante no livro Raízes do Brasil, do início do século XX, onde ele critica – já lá – os “pedagogos da prosperidade”, que se apegam a soluções onde se abrigam verdades parciais e as transformam em requisito obrigatório e único de todo o progresso. O problema é que, quando a gente pronuncia “educação”, em geral está dizendo “escola”. Certamente a educação é a chave para irmos melhor em muitos assuntos, mas desde que a encaremos como algo mais amplo. Pensemos bem: mirando o tamanho do paradoxo da sociedade que vivemos, dá para falar que “escola” resolve alguma coisa isoladamente? Os meninos de classe média que queimam índio em ponto de ônibus, achando que é mendigo (como se isso justificasse), ou espancam empregada doméstica achando que é prostituta (como se isso justificasse), ou matam o pai ou a mãe etc., por acaso eles não têm educação (escolar)? Então que “outra” educação lhes falta? Por acaso as outras instituições sociais, os profissionais liberais, os comunicadores, os políticos, estão preocupadas em educar? Será que não vivemos numa sociedade em que a própria família esqueceu de educar? Será que já nos tornamos reféns de nossa própria ilusão de liberdade – que no fim das contas não passa de liberalismo de mercado? Além disso, dizer que a educação resolve tudo, não é uma forma de desviar a atenção para as reformas de base? Nós estamos de acordo com uma Reforma Agrária ampla! Nós estamos a favor da taxação das grandes riquezas? Nós de fato queremos dividir riqueza? Ou nós apenas estamos satisfeitos com o dinheiro que ganhamos e com as prisões domicialiares que com ele podemos construir para nelas morar? Todo mundo ganha dinheiro e gera problema; depois a gente diz que é a educação que tem que resolver esses problemas. Esse é o problema! A educação continua sendo vista de modo restrito; é grande nos discursos mas não passa de pano de chão nas práticas sociais! Há até preconceitos contra ser professor. Exemplos não faltam!
Teresa Leonel- Como professor e vivenciando o debate Acadêmico sobre as diversas formas do exercício da nossa democracia, na sua opinião o PT (Partido dos Trabalhadores) mesmo depois do desgastes em relação aos escândalos sucessivos, ainda é a melhor opção para consolidar esta democracia?
Pinzoh - Eu não sei se o PT é ainda a melhor opção. O que eu sei é que a sigla PT virou bode expiatório. Quando a gente vai falar de corrupção a gente diz “corrupção do PT”. Eu sou sabedor das mutretas do Renan desde antes dele apoiar Collor (como político ele esteve sempre do lado do poder). Mas quando a mídia toca nisso (incluindo as “meninas do Jô” e o Jabor) parece estar vinculando a sua corrupção ao governo do PT. É como se a gente desconhecesse o elevado grau de corrupção de nossas elites. É como se um Coelho, por exemplo, nunca tivesse praticado coisa similar aos casos que agora Renan permite expor. É como se a gente esquecesse dos Anões do Orçamento e de outros tantos escândalos.
Eu ando muito decepcionado com o PT e espero sinceramente que a gente aprenda a fazer política de um outro jeito, que a gente disse que seria possível. Mas não aceito que um Arthur Virgílio venha pousar de paladino da moralidade; que um ACM Neto vire príncipe da ética – aliás todos nós sabemos que ACM e sua família também enricou com procedimentos similares aos de Renan, e de Jader Barbalho, e de Hildebrando Pascoal, e de João Alves etc. etc. etc., mas parece que ignoramos isso. Pelo amor de Deus! Aliás, o principal problema em relação ao Renan é que ele disse: “se é pra investigar, então vamos fazer uma investigação ampla”. Aí todo mundo gelou! Quem quer isso? E sabem porque o ACMzinho não está todo dia na mídia? Não será por que também apareceu nos registros da Operação Navalha? Mas o foco numa única pessoa ajuda a esquecer outras, não é mesmo?.
Teresa Leonel – Por que os petistas aos serem abordados sobre os escândalos políticos dentro da própria base do partido ficam sempre comparando e justificando os escândalos com os governos anteriores?
Pinzoh - Talvez seja para dizer ”atire a primeira pedra!”. Talvez seja para lembrar de nossa cordialidade (nos termos também de Sérgio Buarque de Hollanda) sempre flertou com o poder público para permitir o proveito próprio, o nepotismo, o fisiologismo, o apadrinhamento. Porque o curioso é que todo mundo faz isso. Dúvido que não haja caixa 2 nas campanhas em Juazeiro e Petrolina. Duvido que não haja os mesmos tipos de negociatas. DU-VI-DO! E quero é prova! Quero saber, por exemplo como é que o PFL custeava a compra de votos nos sertões, como caçamba de areia, como filtro caseiro, com óculos e dentadura? Quero saber o que foi a “Indústria da Seca” que vampirizou a SUDENE a ponto dela ter que ser desmontada? Quem fez isso? Foi o PT? Você nunca deu alguma gorjeta a um guarda ou policial rodoviário? Eu já! Numa situação onde era impossível não dar. E nem era porque eu estava ilegal, era porque a força não estava do meu lado. Presencio isso o tempo todo em viagens nas estradas de Pernanbuco, da Bahia, de Sergipe, de Alagoas... Por que a gente não faz o que Renan sugeriu? Vamos abrir a conta de nossas consciências, a gaveta de nossa ética com a coisa pública?
Teresa Leonel – Não foram os petistas que sempre defederam as badeiras da moralidade, da ética e da não corrupção?
Pinzoh - Não foi só o PT que fez isso. O PT tem errado e deve pagar pelos seus erros, principalmente pelos que continua a cometer. Mas é bom lembrarmos que desde que eu me entendo por gente; desde que leio... que vejo a elite empostar a voz para falar em moralidade, para defender “a moral e os bons costumes”. Ou estou errado? Você nunca viu/ouviu isso? Essa é a mesma elite que no âmbito oficial aparece empecável, com inabalável retidão de caráter, e é também a mesma elite que, fora dos holofotes da aparição pública, é promíscua, adúltera, incestuosa, preconceituosa, inescrupulosa e corrupta. Toda a nossa “nobreza” foi promíscua, especialmente com a coisa pública, e, no entanto, sustentou sempre um discurso moralizante. Não esqueçamos que Collor, por exemplo, foi eleito com o discurso de que “caçaria” os marajás, quando ele próprio era um marajá, que era sustentado pelos marajás e se portava como um marajá.
Teresa Leonel – E falando em ética, o senhor defendeu em um dos seus artigos sobre Ética e Comunicação que a palavra “ética” ainda é muito confundida e vulgarizada para nomear “código de conduta” de determinados grupos humanos. No caso específico dos políticos e do Partido dosTrabalhadores o que se pode e deve ser aplicado?
Pinzoh - Eu não imaginei que esta entrevista fosse sobre o PT. Mas, vamos lá! O que eu disse no texto, que está em meu Blog, (http://blogdopinzoh.blogspot.com/2007/03/tica-e-comunicao.html), foi que ética ainda é confundida com ética corporativa, por exemplo, quando falamos em “ética médica”, “ética jurídica” ou “ética jornalística”. Na verdade, em geral esses exemplos se tratam de códigos deontológicos, de códigos corporativos de conduta. Prefiro pensar a ética para além disso, fazendo froteira com a esfera pública, que excede o âmbito corporativo. Agora, se você quer discutir a ética dos partitidos políticos (incluindo o PT), podemos até discutir, desde que outras siglas possam compor seu repertório de referências. Pode ser?
Teresa Leonel - O senhor contestou a análise sobre reforma política feita pelo publicitário e marketeiro Zé Nivaldo postada neste blog (04/07) dizendo que o mesmo desdenha de sua importânica. Na sua opinão de que forma as campanhas políticas deveriam ser realizadas ou formatadas?
Pinzoh - Sou amplamente a favor de limitar o uso de propagandas (como aliás já se fez na última eleição, o que, ao meu ver, melhorou muito o perfil das campanhas). Seria uma forma de, por um lado, evitar que se fabricasse um perfil meramente fictício, cuja finalidade é meramente a enganação dos eleitores. Por outro lado, esse trabalho é feito pelo marketing político (um dos principais meios de gestão dos caixas 2). Então, limitando isso estaríamos limitando também uma parte das falcatruas. Sou a favor do financiamento público das campanhas, e do estabelecimento de um sistema rigoroso de análise das contas de campanha. Mas desconfio que uma boa reforma não saia a não ser que houvesse uma constituinte de “não políticos”, apenas para legislar sobre questões onde os políticos são extremamente corporativos e advogam em causa própria.
Teresa Leonel - Agora virando a mesa, qual a sua opinião sobre o papel da mídia em relação a divulgação dos escândalos políticos e apuração dos mesmos para manter a sociedade bem informada? A sociedade está sendo bem informada?
Pinzoh - Eu acho que:1) grande parte da mídia não tem isenção porque está na mão de uma elite comprometida até o pescoço com esses temas e essas mesmas tramoias (aliás, quem da imprensa apoiaria uma CPI da Comunicação – que desvelasse os modos como se estabeleceram e ainda se estebelecem as maiores concessões?) 2) liberdade de imprensa, na maioria dos casos, só existe para quem é dono da empresa de notícias; 3) mesmo assim uma grande parte dos jornalistas “se acha”, ou seja, pensa que “é livre” e que mais ninguém entende de nada. Muitos dizem um monte de aberrações como se fossem a verdade e ponto; 4) aquilo que a gente tem chamado de “a sociedade da informação” tem se traduzido na sociedade da desinformação; do blefe, do “copy and paste”... Nesse sentido não posso achar que a sociedade está bem informada. Ela está confusa. As novas gerações não conseguem formular uma idéia do mundo, além daquilo que vêm nos programas bobos das rádios, das TVs, das revistas de fococa ou nas vitrines e nas relações meramente consumistas e capitalísticas. Analise o conteúdo dos veículos de comunicação de Juazeiro e Petrolina (com poucas exceções) e você mesma pode responder a essa pergunta. Ainda bem que tem gente que consegue viver e se informar para além dessa fronteira!
Teresa Leonel - A mídia também está sendo passada a limpo. O senhor acredita que a nossa forma de noticiar, hoje, tem mais a ver com o espetáculo do que propriamente com a informação?
Pinzoh - Não sei se a mídia está passando a limpo. Só sei é que temos uma mídia de péssima qualidade (com exceções), onde tudo virou espetáculo. A morte, o sexo, a intimidade, a pobreza, a corrupção. Tudo é espetáculo. Tudo é lançado para o jogo das audiências. Aliás, você que vive dentro dos meios de comunicação, pode falar melhor de como se estabelecem critérios para os programas, para as pautas; de como o índice de audiência virou uma paranóia e justifica programações extremamente idiotas. Há duas obras que acho boas para nos falar do que ocorre agora: “A sociedade do espetáculo” de Guy Debord; e “Simulacros e Simulação” (e outros escritos), de Jean Baudrillard. A mídia hoje é isso, com raríssimas exceções.
Teresa Leonel - Gostaria de fazer algum comentário específico?
Pinzoh - Queria acrescentar que eu sou filiado ao PT. Não me envergonho disso. Fui um dos fundadores do partido em Curaçá, lá pelos idos de 1986. Fizemos várias campanhas sem um tostão furado, recolhendo contribuições de centavos, fazendo cartazes em papel madeira e colando com cola caseira feita com soda; fazendo bottons e pintando camisetas com serigrafia caseira e vendendo tudo isso para fazer outros dinheiros para repetir todo o processo. Nunca ganhei um centavo em campanhas, pelo contrário, sempre botei dinheiro, sem pedir nada em troca. Nunca vivi de cargos públicos. Sempre fui professor concursado. Ultimamente tenho também feito palestras, seminários, assessorias para algumas prefeituras – inclusive em Curaçá, onde sou um dos autores da Proposta Pedagógica para as escolas municipais (atualmente não utilizada). E me orgulho muito disso, de nunca ter precisado baixar as calças para algum político. Essa autonomia muitos jornalistas não têm, porque seus patrões, com suas relações duvidosas, lhes tolhe a liberdade! E isso eu não invejo!
Quanto ao PT, este aprendeu a fazer o jogo que as velhas elites sempre jogaram – e isso me entristece. Nada justifica. Tenho sido um crítico dessas novas práticas do PT, principalmente do modo como atualmente as tendências e o critério de BU (Boletim de Urna) têm sido usados para praticar o patrimonialismo e privatizar a esfera pública em seu poder. Por um lado, as práticas pregressas dos outros partidos não justificam essas posturas do PT, tampouco algum partido pode dizer que não faz ou fez isso. Por isso, ver a elite pousando de defensora da ética, “da moral e dos bons costumes”, é algo que me deixa profundamente irado.
Por fim, obrigado pela oportunidade da entrevista e espero que você me permita postá-la também em meu blog.
Vendo esse histórico com um olhar pós-modernista poderíamos dizer que Pinzoh é um exemplo de homem que mesmo estando na roça e olhando para o sequeiro nordestino de piso rachado como algo além da natureza, visualizou também possibilidades de transformações. Não desistiu, não morreu e não deu pra ladrão. Hoje é um estudioso e questionador da forma como a mídia expõe a Educação. Enfático e agressivo (no bom sentido, claro) quando o assunto é política, não tive como deixar de abordar boa parte deste tema na entrevista com o professor Pinzoh onde ele coloca suas defesas e críticas, em parte sustentadas nas análises acadêmicas em outras pela sua prática do dia-a-dia. De Renan aos Coelhos em Petrolina segue a entrevista na integra.
Blog Teresa Leonel- Existe uma imagem propagada de que a educação é o único caminho pelo qual o Brasil pode mudar, ou melhor, desenvolver. Isso é genérico? Qual a sua avaliação?
Josemar da Silva Martin - Pinzoh - Eu fico com a opinião de Sérgio Buaque de Hollanda constante no livro Raízes do Brasil, do início do século XX, onde ele critica – já lá – os “pedagogos da prosperidade”, que se apegam a soluções onde se abrigam verdades parciais e as transformam em requisito obrigatório e único de todo o progresso. O problema é que, quando a gente pronuncia “educação”, em geral está dizendo “escola”. Certamente a educação é a chave para irmos melhor em muitos assuntos, mas desde que a encaremos como algo mais amplo. Pensemos bem: mirando o tamanho do paradoxo da sociedade que vivemos, dá para falar que “escola” resolve alguma coisa isoladamente? Os meninos de classe média que queimam índio em ponto de ônibus, achando que é mendigo (como se isso justificasse), ou espancam empregada doméstica achando que é prostituta (como se isso justificasse), ou matam o pai ou a mãe etc., por acaso eles não têm educação (escolar)? Então que “outra” educação lhes falta? Por acaso as outras instituições sociais, os profissionais liberais, os comunicadores, os políticos, estão preocupadas em educar? Será que não vivemos numa sociedade em que a própria família esqueceu de educar? Será que já nos tornamos reféns de nossa própria ilusão de liberdade – que no fim das contas não passa de liberalismo de mercado? Além disso, dizer que a educação resolve tudo, não é uma forma de desviar a atenção para as reformas de base? Nós estamos de acordo com uma Reforma Agrária ampla! Nós estamos a favor da taxação das grandes riquezas? Nós de fato queremos dividir riqueza? Ou nós apenas estamos satisfeitos com o dinheiro que ganhamos e com as prisões domicialiares que com ele podemos construir para nelas morar? Todo mundo ganha dinheiro e gera problema; depois a gente diz que é a educação que tem que resolver esses problemas. Esse é o problema! A educação continua sendo vista de modo restrito; é grande nos discursos mas não passa de pano de chão nas práticas sociais! Há até preconceitos contra ser professor. Exemplos não faltam!
Teresa Leonel- Como professor e vivenciando o debate Acadêmico sobre as diversas formas do exercício da nossa democracia, na sua opinião o PT (Partido dos Trabalhadores) mesmo depois do desgastes em relação aos escândalos sucessivos, ainda é a melhor opção para consolidar esta democracia?
Pinzoh - Eu não sei se o PT é ainda a melhor opção. O que eu sei é que a sigla PT virou bode expiatório. Quando a gente vai falar de corrupção a gente diz “corrupção do PT”. Eu sou sabedor das mutretas do Renan desde antes dele apoiar Collor (como político ele esteve sempre do lado do poder). Mas quando a mídia toca nisso (incluindo as “meninas do Jô” e o Jabor) parece estar vinculando a sua corrupção ao governo do PT. É como se a gente desconhecesse o elevado grau de corrupção de nossas elites. É como se um Coelho, por exemplo, nunca tivesse praticado coisa similar aos casos que agora Renan permite expor. É como se a gente esquecesse dos Anões do Orçamento e de outros tantos escândalos.
Eu ando muito decepcionado com o PT e espero sinceramente que a gente aprenda a fazer política de um outro jeito, que a gente disse que seria possível. Mas não aceito que um Arthur Virgílio venha pousar de paladino da moralidade; que um ACM Neto vire príncipe da ética – aliás todos nós sabemos que ACM e sua família também enricou com procedimentos similares aos de Renan, e de Jader Barbalho, e de Hildebrando Pascoal, e de João Alves etc. etc. etc., mas parece que ignoramos isso. Pelo amor de Deus! Aliás, o principal problema em relação ao Renan é que ele disse: “se é pra investigar, então vamos fazer uma investigação ampla”. Aí todo mundo gelou! Quem quer isso? E sabem porque o ACMzinho não está todo dia na mídia? Não será por que também apareceu nos registros da Operação Navalha? Mas o foco numa única pessoa ajuda a esquecer outras, não é mesmo?.
Teresa Leonel – Por que os petistas aos serem abordados sobre os escândalos políticos dentro da própria base do partido ficam sempre comparando e justificando os escândalos com os governos anteriores?
Pinzoh - Talvez seja para dizer ”atire a primeira pedra!”. Talvez seja para lembrar de nossa cordialidade (nos termos também de Sérgio Buarque de Hollanda) sempre flertou com o poder público para permitir o proveito próprio, o nepotismo, o fisiologismo, o apadrinhamento. Porque o curioso é que todo mundo faz isso. Dúvido que não haja caixa 2 nas campanhas em Juazeiro e Petrolina. Duvido que não haja os mesmos tipos de negociatas. DU-VI-DO! E quero é prova! Quero saber, por exemplo como é que o PFL custeava a compra de votos nos sertões, como caçamba de areia, como filtro caseiro, com óculos e dentadura? Quero saber o que foi a “Indústria da Seca” que vampirizou a SUDENE a ponto dela ter que ser desmontada? Quem fez isso? Foi o PT? Você nunca deu alguma gorjeta a um guarda ou policial rodoviário? Eu já! Numa situação onde era impossível não dar. E nem era porque eu estava ilegal, era porque a força não estava do meu lado. Presencio isso o tempo todo em viagens nas estradas de Pernanbuco, da Bahia, de Sergipe, de Alagoas... Por que a gente não faz o que Renan sugeriu? Vamos abrir a conta de nossas consciências, a gaveta de nossa ética com a coisa pública?
Teresa Leonel – Não foram os petistas que sempre defederam as badeiras da moralidade, da ética e da não corrupção?
Pinzoh - Não foi só o PT que fez isso. O PT tem errado e deve pagar pelos seus erros, principalmente pelos que continua a cometer. Mas é bom lembrarmos que desde que eu me entendo por gente; desde que leio... que vejo a elite empostar a voz para falar em moralidade, para defender “a moral e os bons costumes”. Ou estou errado? Você nunca viu/ouviu isso? Essa é a mesma elite que no âmbito oficial aparece empecável, com inabalável retidão de caráter, e é também a mesma elite que, fora dos holofotes da aparição pública, é promíscua, adúltera, incestuosa, preconceituosa, inescrupulosa e corrupta. Toda a nossa “nobreza” foi promíscua, especialmente com a coisa pública, e, no entanto, sustentou sempre um discurso moralizante. Não esqueçamos que Collor, por exemplo, foi eleito com o discurso de que “caçaria” os marajás, quando ele próprio era um marajá, que era sustentado pelos marajás e se portava como um marajá.
Teresa Leonel – E falando em ética, o senhor defendeu em um dos seus artigos sobre Ética e Comunicação que a palavra “ética” ainda é muito confundida e vulgarizada para nomear “código de conduta” de determinados grupos humanos. No caso específico dos políticos e do Partido dosTrabalhadores o que se pode e deve ser aplicado?
Pinzoh - Eu não imaginei que esta entrevista fosse sobre o PT. Mas, vamos lá! O que eu disse no texto, que está em meu Blog, (http://blogdopinzoh.blogspot.com/2007/03/tica-e-comunicao.html), foi que ética ainda é confundida com ética corporativa, por exemplo, quando falamos em “ética médica”, “ética jurídica” ou “ética jornalística”. Na verdade, em geral esses exemplos se tratam de códigos deontológicos, de códigos corporativos de conduta. Prefiro pensar a ética para além disso, fazendo froteira com a esfera pública, que excede o âmbito corporativo. Agora, se você quer discutir a ética dos partitidos políticos (incluindo o PT), podemos até discutir, desde que outras siglas possam compor seu repertório de referências. Pode ser?
Teresa Leonel - O senhor contestou a análise sobre reforma política feita pelo publicitário e marketeiro Zé Nivaldo postada neste blog (04/07) dizendo que o mesmo desdenha de sua importânica. Na sua opinão de que forma as campanhas políticas deveriam ser realizadas ou formatadas?
Pinzoh - Sou amplamente a favor de limitar o uso de propagandas (como aliás já se fez na última eleição, o que, ao meu ver, melhorou muito o perfil das campanhas). Seria uma forma de, por um lado, evitar que se fabricasse um perfil meramente fictício, cuja finalidade é meramente a enganação dos eleitores. Por outro lado, esse trabalho é feito pelo marketing político (um dos principais meios de gestão dos caixas 2). Então, limitando isso estaríamos limitando também uma parte das falcatruas. Sou a favor do financiamento público das campanhas, e do estabelecimento de um sistema rigoroso de análise das contas de campanha. Mas desconfio que uma boa reforma não saia a não ser que houvesse uma constituinte de “não políticos”, apenas para legislar sobre questões onde os políticos são extremamente corporativos e advogam em causa própria.
Teresa Leonel - Agora virando a mesa, qual a sua opinião sobre o papel da mídia em relação a divulgação dos escândalos políticos e apuração dos mesmos para manter a sociedade bem informada? A sociedade está sendo bem informada?
Pinzoh - Eu acho que:1) grande parte da mídia não tem isenção porque está na mão de uma elite comprometida até o pescoço com esses temas e essas mesmas tramoias (aliás, quem da imprensa apoiaria uma CPI da Comunicação – que desvelasse os modos como se estabeleceram e ainda se estebelecem as maiores concessões?) 2) liberdade de imprensa, na maioria dos casos, só existe para quem é dono da empresa de notícias; 3) mesmo assim uma grande parte dos jornalistas “se acha”, ou seja, pensa que “é livre” e que mais ninguém entende de nada. Muitos dizem um monte de aberrações como se fossem a verdade e ponto; 4) aquilo que a gente tem chamado de “a sociedade da informação” tem se traduzido na sociedade da desinformação; do blefe, do “copy and paste”... Nesse sentido não posso achar que a sociedade está bem informada. Ela está confusa. As novas gerações não conseguem formular uma idéia do mundo, além daquilo que vêm nos programas bobos das rádios, das TVs, das revistas de fococa ou nas vitrines e nas relações meramente consumistas e capitalísticas. Analise o conteúdo dos veículos de comunicação de Juazeiro e Petrolina (com poucas exceções) e você mesma pode responder a essa pergunta. Ainda bem que tem gente que consegue viver e se informar para além dessa fronteira!
Teresa Leonel - A mídia também está sendo passada a limpo. O senhor acredita que a nossa forma de noticiar, hoje, tem mais a ver com o espetáculo do que propriamente com a informação?
Pinzoh - Não sei se a mídia está passando a limpo. Só sei é que temos uma mídia de péssima qualidade (com exceções), onde tudo virou espetáculo. A morte, o sexo, a intimidade, a pobreza, a corrupção. Tudo é espetáculo. Tudo é lançado para o jogo das audiências. Aliás, você que vive dentro dos meios de comunicação, pode falar melhor de como se estabelecem critérios para os programas, para as pautas; de como o índice de audiência virou uma paranóia e justifica programações extremamente idiotas. Há duas obras que acho boas para nos falar do que ocorre agora: “A sociedade do espetáculo” de Guy Debord; e “Simulacros e Simulação” (e outros escritos), de Jean Baudrillard. A mídia hoje é isso, com raríssimas exceções.
Teresa Leonel - Gostaria de fazer algum comentário específico?
Pinzoh - Queria acrescentar que eu sou filiado ao PT. Não me envergonho disso. Fui um dos fundadores do partido em Curaçá, lá pelos idos de 1986. Fizemos várias campanhas sem um tostão furado, recolhendo contribuições de centavos, fazendo cartazes em papel madeira e colando com cola caseira feita com soda; fazendo bottons e pintando camisetas com serigrafia caseira e vendendo tudo isso para fazer outros dinheiros para repetir todo o processo. Nunca ganhei um centavo em campanhas, pelo contrário, sempre botei dinheiro, sem pedir nada em troca. Nunca vivi de cargos públicos. Sempre fui professor concursado. Ultimamente tenho também feito palestras, seminários, assessorias para algumas prefeituras – inclusive em Curaçá, onde sou um dos autores da Proposta Pedagógica para as escolas municipais (atualmente não utilizada). E me orgulho muito disso, de nunca ter precisado baixar as calças para algum político. Essa autonomia muitos jornalistas não têm, porque seus patrões, com suas relações duvidosas, lhes tolhe a liberdade! E isso eu não invejo!
Quanto ao PT, este aprendeu a fazer o jogo que as velhas elites sempre jogaram – e isso me entristece. Nada justifica. Tenho sido um crítico dessas novas práticas do PT, principalmente do modo como atualmente as tendências e o critério de BU (Boletim de Urna) têm sido usados para praticar o patrimonialismo e privatizar a esfera pública em seu poder. Por um lado, as práticas pregressas dos outros partidos não justificam essas posturas do PT, tampouco algum partido pode dizer que não faz ou fez isso. Por isso, ver a elite pousando de defensora da ética, “da moral e dos bons costumes”, é algo que me deixa profundamente irado.
Por fim, obrigado pela oportunidade da entrevista e espero que você me permita postá-la também em meu blog.
terça-feira, 10 de julho de 2007
Existe morte mais importante do que outra?
R$ 10 mil por um bandido? Existe morte mais importante do que outra? Por que uns podem e outros não?
É absurdamente inaceitável quando a própria polícia escolhe o “principal” crime para desvendar. Uma campanha lançada ontem pelo Disque-Denúncia e que será divulgada e apoiada pela grande mídia pernambucana, promete recompensar com R$ 10 mil qualquer pessoa que fornecer informações que levem à prisão dos assassinos do superintendente da Policia Rodoviária Federal em Pernambuco, Lourinaldo Vitorino de Moura, 58 anos, morto com dois tiros, quinta-feira passada (04) durante tentativa de assalto, em Bezerros, Agreste do Estado.
Poderia ser natural se não fosse tão hipócrita imaginar que o superintendente da PRF seja uma pessoa mais importante do que centenas de pessoas comuns que também foram brutalmente aniquiladas em nosso Estado, especificamente, na capital, Recife, e Região Metropolitana, cujos processos estão adormecidos em gavetas ou estantes cobertos com teias de aranhas. Querem saber mais? Vejam o blog da Segurança Pública http://www.pebodycount.com.br. O que não vão faltar são nomes e dados dos homicídios na região. No último acesso, 10/07, a contagem estava com 790 desde 1º de maio de 2007.
Com todo respeito ao profissional e a família do senhor Vitorino, mas o questionamento aqui é sobre a importância dada a uma morte em função da pessoa e o total abandono de uma outra morte de qualquer outra pessoa. Seja ela seu João da barraca que morava na Linha do Tiro, região Norte do Recife, ou doutor fulano de tal que tem título de Classe Alta. Numa cidade aonde o índice de violência chega a números alarmantes e que ficar em casa nem mesmo é mais seguro, é complicado para sociedade entender por que ela paga impostos e não é tratada de forma semelhante. É complicado entender porque a socialização das coisas só funciona quando se trata de perdas e não de ganhos.
O questionamento também vai para nossa imprensa que destaca em sua capa principal os “crimes mais relevantes ou não”. A depender da pessoa ou do crime a chamada terá um maior destaque ou não. Dos três jornais de maior circulação no Estado dois, Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco, deram na manchete de capa a importância que este crime tem em função do cargo exercido pela pessoa que foi morta. Isso ficou muito claro.
Estamos vivendo um momento de reflexão, sim. Onde precisamos passar a limpo as instituições representativas da nossa democracia. E aí entram o Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, as Câmaras de Vereadores, a Imprensa...
Vai o recado para nossa imprensa estadual: está mais do que na hora de termos ombudsman nos veículos. Pela importância da cidade do Recife no cenário nacional, para acompanhar a evolução do tempo, como bem fez o jornal O Povo de Fortaleza, a exemplo da Folha de São Paulo e de sites como Uol e Ig.
É absurdamente inaceitável quando a própria polícia escolhe o “principal” crime para desvendar. Uma campanha lançada ontem pelo Disque-Denúncia e que será divulgada e apoiada pela grande mídia pernambucana, promete recompensar com R$ 10 mil qualquer pessoa que fornecer informações que levem à prisão dos assassinos do superintendente da Policia Rodoviária Federal em Pernambuco, Lourinaldo Vitorino de Moura, 58 anos, morto com dois tiros, quinta-feira passada (04) durante tentativa de assalto, em Bezerros, Agreste do Estado.
Poderia ser natural se não fosse tão hipócrita imaginar que o superintendente da PRF seja uma pessoa mais importante do que centenas de pessoas comuns que também foram brutalmente aniquiladas em nosso Estado, especificamente, na capital, Recife, e Região Metropolitana, cujos processos estão adormecidos em gavetas ou estantes cobertos com teias de aranhas. Querem saber mais? Vejam o blog da Segurança Pública http://www.pebodycount.com.br. O que não vão faltar são nomes e dados dos homicídios na região. No último acesso, 10/07, a contagem estava com 790 desde 1º de maio de 2007.
Com todo respeito ao profissional e a família do senhor Vitorino, mas o questionamento aqui é sobre a importância dada a uma morte em função da pessoa e o total abandono de uma outra morte de qualquer outra pessoa. Seja ela seu João da barraca que morava na Linha do Tiro, região Norte do Recife, ou doutor fulano de tal que tem título de Classe Alta. Numa cidade aonde o índice de violência chega a números alarmantes e que ficar em casa nem mesmo é mais seguro, é complicado para sociedade entender por que ela paga impostos e não é tratada de forma semelhante. É complicado entender porque a socialização das coisas só funciona quando se trata de perdas e não de ganhos.
O questionamento também vai para nossa imprensa que destaca em sua capa principal os “crimes mais relevantes ou não”. A depender da pessoa ou do crime a chamada terá um maior destaque ou não. Dos três jornais de maior circulação no Estado dois, Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco, deram na manchete de capa a importância que este crime tem em função do cargo exercido pela pessoa que foi morta. Isso ficou muito claro.
Estamos vivendo um momento de reflexão, sim. Onde precisamos passar a limpo as instituições representativas da nossa democracia. E aí entram o Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, as Câmaras de Vereadores, a Imprensa...
Vai o recado para nossa imprensa estadual: está mais do que na hora de termos ombudsman nos veículos. Pela importância da cidade do Recife no cenário nacional, para acompanhar a evolução do tempo, como bem fez o jornal O Povo de Fortaleza, a exemplo da Folha de São Paulo e de sites como Uol e Ig.
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Diferenças
Soldado vigia ruas de Dili, em Timor Leste, após ocorrer choques entre grupos políticos rivais
Olhando bem esta foto da Agência Reuters com a legenda postada do site Uol, podemos fazer um simples questionamento: sem esta informação para situar o leitor onde o objeto foi clicado você diria que esta imagem poderia ser em qualquer lugar (no litoral, claro) do Rio de Janeiro? Ou do Recife?
Se gritar pega ladrão...
Usar esta frase em qualquer rua movimentada das médias ou grandes cidades brasileiras faz muita gente ter medo, procurar o ladrão e verificar a bolsa. Agora, se gritar pega ladrão dentro do Congresso Nacional a repercussão é totalmente diferente. Todos ficam paralisados, inertes, não saem do lugar e olham desconfiados para saber de quem estão falando, se de um ou de outro.
É triste saber disso. É triste saber que ao sair um desses larápios do Senado (entre tantos) o suplente não pode substituir pelas mesmas razões da renúncia do titular: corrupção. E mais, o tal suplente de senador, cargo inexplicável do ponto de vista eleitoral e trabalhista tem a função “fantasma” da campanha eleitoral, ou seja, não precisa aparecer. O suplente não faz campanha, não vai às ruas e muito menos fala com eleitores. Aliás, o eleitor nem sabe que ele existe. E como ele entra nessa? Simples: basta ser amigo intimo ou qualquer pessoa da família do candidato ao Senado ou ser alguém que banque a campanha (financeiramente) do senador X ou Y que o cargo já é dele. Tem caso de alguns senadores que nem tem idéia de quem são seus suplentes. Imaginem... se eles não sabem quem paga parte de sua campanha eleitoral que dirá das negociatas realizadas com formações de rede?
No site do próprio Senado (www.senado.gov.br) tem a parte histórica da constituição dessa Casa que tem suas raízes na tradição greco-romana, inspirada na Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha e influenciada pela doutrina francesa de divisão e harmonia dos poderes do Estado e dos direitos dos cidadãos. Em Roma o Senado (após 510 a.C) era a mais alta autoridade do Estado. Fiscalizava os cônsules, autoridades executivas máximas –, controlava o Judiciário, as finanças públicas, as questões religiosas e, sobretudo, dirigia a política externa, inclusive em seu componente militar.
Claro que sabemos que a universidade da cleptomania no Brasil não é de hoje e que tem suas raízes desde a primeira sessão ordinária do Senado do Império, realizada em maio de 1826, quando foi formada a primeira Mesa Diretora da Casa. No entanto, o que mais nos assusta como brasileiro e eleitor é saber que sendo o Senado uma consolidação do exercício da democracia esteja ele, neste momento, sem moral, enfraquecido, decaído no seu propósito e na sua missão como instituição representativa da sociedade.
Vale a pena refletir... para depois agir!
É triste saber disso. É triste saber que ao sair um desses larápios do Senado (entre tantos) o suplente não pode substituir pelas mesmas razões da renúncia do titular: corrupção. E mais, o tal suplente de senador, cargo inexplicável do ponto de vista eleitoral e trabalhista tem a função “fantasma” da campanha eleitoral, ou seja, não precisa aparecer. O suplente não faz campanha, não vai às ruas e muito menos fala com eleitores. Aliás, o eleitor nem sabe que ele existe. E como ele entra nessa? Simples: basta ser amigo intimo ou qualquer pessoa da família do candidato ao Senado ou ser alguém que banque a campanha (financeiramente) do senador X ou Y que o cargo já é dele. Tem caso de alguns senadores que nem tem idéia de quem são seus suplentes. Imaginem... se eles não sabem quem paga parte de sua campanha eleitoral que dirá das negociatas realizadas com formações de rede?
No site do próprio Senado (www.senado.gov.br) tem a parte histórica da constituição dessa Casa que tem suas raízes na tradição greco-romana, inspirada na Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha e influenciada pela doutrina francesa de divisão e harmonia dos poderes do Estado e dos direitos dos cidadãos. Em Roma o Senado (após 510 a.C) era a mais alta autoridade do Estado. Fiscalizava os cônsules, autoridades executivas máximas –, controlava o Judiciário, as finanças públicas, as questões religiosas e, sobretudo, dirigia a política externa, inclusive em seu componente militar.
Claro que sabemos que a universidade da cleptomania no Brasil não é de hoje e que tem suas raízes desde a primeira sessão ordinária do Senado do Império, realizada em maio de 1826, quando foi formada a primeira Mesa Diretora da Casa. No entanto, o que mais nos assusta como brasileiro e eleitor é saber que sendo o Senado uma consolidação do exercício da democracia esteja ele, neste momento, sem moral, enfraquecido, decaído no seu propósito e na sua missão como instituição representativa da sociedade.
Vale a pena refletir... para depois agir!
Deu no Jornal do Commercio
Coluna JC Repórter
Sérgio Scarpa
08/07/2007
Sem credibilidade
Pesquisa recentemente veiculada indicou que a Igreja Católica, hoje, seria a instituição brasileira com maior credibilidade no País: 15% dos entrevistados se lembraram de seus padres, bispos e pastorais sociais. O Congresso apareceu na última colocação, com apenas 1% de entrevistados lembrando-se dos parlamentares, dos políticos. Os dois índices - 15% e 1% - porém são pífios diante de mais de 180 milhões de brasileiros. A pesquisa não diz, mas o leitor atento conclui que falta crédito a todas as instituições no País. O mais assustador, porém, é que tanta falta de credibilidade parece não provocar ninguém e ninguém parece se importar com o chamado Estado Democrático de Direito. Ideal pelo qual se brigou muito neste País desde o fim da ditadura militar e da promulgação da Constituição de 1988.
Sérgio Scarpa
08/07/2007
Sem credibilidade
Pesquisa recentemente veiculada indicou que a Igreja Católica, hoje, seria a instituição brasileira com maior credibilidade no País: 15% dos entrevistados se lembraram de seus padres, bispos e pastorais sociais. O Congresso apareceu na última colocação, com apenas 1% de entrevistados lembrando-se dos parlamentares, dos políticos. Os dois índices - 15% e 1% - porém são pífios diante de mais de 180 milhões de brasileiros. A pesquisa não diz, mas o leitor atento conclui que falta crédito a todas as instituições no País. O mais assustador, porém, é que tanta falta de credibilidade parece não provocar ninguém e ninguém parece se importar com o chamado Estado Democrático de Direito. Ideal pelo qual se brigou muito neste País desde o fim da ditadura militar e da promulgação da Constituição de 1988.
domingo, 8 de julho de 2007
Novo layout....
Pois é gente,
Fiz umas mudanças no blog porque assim... tava meio feio, mesmo (rs). Depois da entrevista que fiz com Zé Nivaldo e um monte de e-mails que recebi... (quem disse que o povo posta a mensagem aqui? Manda por e-mail...) percebi que estava na hora de uma mudança quase que radical...kakaka
Então preciso que vocês, colaboradores e amigos comentem. Aos poucos vou fazendo novas mudanças... mas é importante a opinião de vocês.
Obrigada...
Fiz umas mudanças no blog porque assim... tava meio feio, mesmo (rs). Depois da entrevista que fiz com Zé Nivaldo e um monte de e-mails que recebi... (quem disse que o povo posta a mensagem aqui? Manda por e-mail...) percebi que estava na hora de uma mudança quase que radical...kakaka
Então preciso que vocês, colaboradores e amigos comentem. Aos poucos vou fazendo novas mudanças... mas é importante a opinião de vocês.
Obrigada...
sexta-feira, 6 de julho de 2007
O Senado brasileiro é paladino da moral?
A Mesa Diretora do Senado Federal, ali... no Congresso em Brasília, sim... é isso mesmo que você está pensando, aquela área onde a Secretaria de Limpeza Urbana não recolheu o lixo dos esgotos, quer desqualificar o estudo elaborado pela ONG Transparência Brasil em que comparam valores destinados em Orçamento aos Legislativo nacionais de doze países. Relembrando alguns dados desse estudo (material foi publicada aqui neste blog) o Congresso Brasileiro gasta R$ 11.545,04 por minuto com os 513 deputados e 81 senadores.
Pelos padrões europeus de gasto parlamentar este orçamento poderia manter o mandato de 2.556 integrantes. A pesquisa da Transparência Brasil comparou o orçamento do Congresso brasileiro com os da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, México e Portugal. De acordo a Transparência Brasil em 2007 o Brasil destinou para a manutenção do mandato de cada um de seus 594 parlamentares federais quase quatro vezes a média do gasto dos parlamentos europeus e do canadense. Na pesquisa, o Congresso brasileiro é o mais caro por habitante perdendo apenas para o Congresso dos Estados Unidos, mas ainda assim pesa menos no bolso de cada cidadão do país (EUA).
Pois não é que os nossos paladinos da moral (faz-me rir!!) dizem não concordar com o estudo e ainda posam de injustiçados pelos números! Não é trágico porque é cômico. Quem são estes baluartes da verdade que se dizem indignados com o resultado da pesquisa? Por acaso, seriam os mesmos (pares) que estão acobertando o caso Renangate?
Caro leitor/eleitor é preciso entender que são através de instituições fortes e de credibilidade como p Ministério Público, Transparência Brasil, Observatório da Imprensa e tantos outros que se pode fazer uma verdadeira transformação na nossa sociedade e que uma nova democracia nasça desse contexto, desse novo olhar, dessa nova reflexão.
Segue abaixo a resposta da Transparência Brasil aos nossos ma-ra-vi-lho-sos representantes.
Pelos padrões europeus de gasto parlamentar este orçamento poderia manter o mandato de 2.556 integrantes. A pesquisa da Transparência Brasil comparou o orçamento do Congresso brasileiro com os da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, México e Portugal. De acordo a Transparência Brasil em 2007 o Brasil destinou para a manutenção do mandato de cada um de seus 594 parlamentares federais quase quatro vezes a média do gasto dos parlamentos europeus e do canadense. Na pesquisa, o Congresso brasileiro é o mais caro por habitante perdendo apenas para o Congresso dos Estados Unidos, mas ainda assim pesa menos no bolso de cada cidadão do país (EUA).
Pois não é que os nossos paladinos da moral (faz-me rir!!) dizem não concordar com o estudo e ainda posam de injustiçados pelos números! Não é trágico porque é cômico. Quem são estes baluartes da verdade que se dizem indignados com o resultado da pesquisa? Por acaso, seriam os mesmos (pares) que estão acobertando o caso Renangate?
Caro leitor/eleitor é preciso entender que são através de instituições fortes e de credibilidade como p Ministério Público, Transparência Brasil, Observatório da Imprensa e tantos outros que se pode fazer uma verdadeira transformação na nossa sociedade e que uma nova democracia nasça desse contexto, desse novo olhar, dessa nova reflexão.
Segue abaixo a resposta da Transparência Brasil aos nossos ma-ra-vi-lho-sos representantes.
Resposta do site Transparência ao Senado
A Mesa Diretora do Senado Federal divulgou dia 02 de julho nota elaborada pela Diretoria Geral da Casa em que procura desqualificar estudo elaborado pela Transparência Brasil em que se comparam valores destinados em Orçamento aos Legislativos nacionais de doze países.
A Transparência Brasil repele os reparos e alegações expressos na nota em questão e esclarece:
É verdade que o estudo não desceu aos detalhes da composição dos Orçamentos legislativos de país nenhum, não tendo, portanto descontado do caso brasileiro os montantes relativos a encargos previdenciários e contribuições patronais, como gostaria a Mesa. Não se percebe bem onde a Mesa gostaria de chegar com isso, uma vez que, seja como for, quem paga por tudo isso é a população brasileira. Observe-se, aliás, que o “desconto” pleiteado pela Mesa teria efeito marginal no posicionamento do Brasil em relação a outros países. O Senado, em particular, continuaria a custar um despropósito.
O argumento produzido pela Diretoria Geral e subscrito pela Mesa é particularmente infeliz quando alega que o salário mínimo brasileiro não poderia ser usado para avaliar o peso de sustentar o Congresso porque esse salário mínimo é baixo em comparação com o salário mínimo de países mais ricos. É o ponto, exatamente. É evidente que se o salário mínimo brasileiro fosse o dobro, então o peso da contribuição individual para sustentar o Congresso seria a metade. Acontece que o salário mínimo é o que é, o custo do Congresso é o que é e a porcentagem de um em relação ao outro é mais de dez vezes maior do que na Grã-Bretanha, cinco vezes maior do que nos Estados Unidos e assim por diante.
A infelicidade do raciocínio presente na nota preparada pela Diretoria Geral continua nas considerações que se fazem a respeito das taxas de câmbio usadas no estudo. Afirma a Mesa, ecoando a Diretoria Geral, que se as taxas de câmbio empregadas para fazer as conversões monetárias fossem outras (ou seja, se o Banco Central brasileiro tivesse adotado alguma outra política cambial que não a existente), as porcentagens do custo por habitante em relação à renda per capita seriam diferentes. Em primeiro lugar, as rendas per capita usadas são compensadas pelo poder efetivo de compra. Mais importante, o argumento apresentado comete um equívoco aritmético elementar, uma vez que a porcentagem de uma coisa em relação à outra é obtida pela divisão de um número pelo outro. Qualquer fator constante presente nas duas grandezas é cancelado. Multipliquem-se os custos por habitante e a renda per capita por qualquer número que se queira e o resultado será o mesmo: em termos do porcentual sobre a renda per capita, o custo do Congresso brasileiro para cada habitante é 8,4 vezes maior do que o da Espanha, 5,7 vezes superior ao dos Estados Unidos, 5,4 vezes maior do que o da Argentina etc.
A nota senatorial faz inevitáveis referências às “dimensões continentais” do Brasil para tentar justificar os imensos gastos do Congresso. Esquecem-se os autores da nota que o estudo incluiu o Canadá e os Estados Unidos, dois países que são maiores e mais ricos do que o Brasil, e não obstante seus respectivos Parlamentos pesam muito menos no bolso de seus cidadãos do que o Congresso Nacional brasileiro.
Para finalizar, a Transparência Brasil gostaria de dirigir à Mesa do Senado uma pergunta singela: como é possível que uma Casa legislativa que impõe a cada habitante do país um custo verdadeiramente inaudito em comparação com outros países se comporta como vem se comportando na condução da apuração das acusações gravíssimas que pesam sobre seu presidente?
Atenciosamente,
Claudio Weber Abramo
Diretor executivo
A Transparência Brasil repele os reparos e alegações expressos na nota em questão e esclarece:
É verdade que o estudo não desceu aos detalhes da composição dos Orçamentos legislativos de país nenhum, não tendo, portanto descontado do caso brasileiro os montantes relativos a encargos previdenciários e contribuições patronais, como gostaria a Mesa. Não se percebe bem onde a Mesa gostaria de chegar com isso, uma vez que, seja como for, quem paga por tudo isso é a população brasileira. Observe-se, aliás, que o “desconto” pleiteado pela Mesa teria efeito marginal no posicionamento do Brasil em relação a outros países. O Senado, em particular, continuaria a custar um despropósito.
O argumento produzido pela Diretoria Geral e subscrito pela Mesa é particularmente infeliz quando alega que o salário mínimo brasileiro não poderia ser usado para avaliar o peso de sustentar o Congresso porque esse salário mínimo é baixo em comparação com o salário mínimo de países mais ricos. É o ponto, exatamente. É evidente que se o salário mínimo brasileiro fosse o dobro, então o peso da contribuição individual para sustentar o Congresso seria a metade. Acontece que o salário mínimo é o que é, o custo do Congresso é o que é e a porcentagem de um em relação ao outro é mais de dez vezes maior do que na Grã-Bretanha, cinco vezes maior do que nos Estados Unidos e assim por diante.
A infelicidade do raciocínio presente na nota preparada pela Diretoria Geral continua nas considerações que se fazem a respeito das taxas de câmbio usadas no estudo. Afirma a Mesa, ecoando a Diretoria Geral, que se as taxas de câmbio empregadas para fazer as conversões monetárias fossem outras (ou seja, se o Banco Central brasileiro tivesse adotado alguma outra política cambial que não a existente), as porcentagens do custo por habitante em relação à renda per capita seriam diferentes. Em primeiro lugar, as rendas per capita usadas são compensadas pelo poder efetivo de compra. Mais importante, o argumento apresentado comete um equívoco aritmético elementar, uma vez que a porcentagem de uma coisa em relação à outra é obtida pela divisão de um número pelo outro. Qualquer fator constante presente nas duas grandezas é cancelado. Multipliquem-se os custos por habitante e a renda per capita por qualquer número que se queira e o resultado será o mesmo: em termos do porcentual sobre a renda per capita, o custo do Congresso brasileiro para cada habitante é 8,4 vezes maior do que o da Espanha, 5,7 vezes superior ao dos Estados Unidos, 5,4 vezes maior do que o da Argentina etc.
A nota senatorial faz inevitáveis referências às “dimensões continentais” do Brasil para tentar justificar os imensos gastos do Congresso. Esquecem-se os autores da nota que o estudo incluiu o Canadá e os Estados Unidos, dois países que são maiores e mais ricos do que o Brasil, e não obstante seus respectivos Parlamentos pesam muito menos no bolso de seus cidadãos do que o Congresso Nacional brasileiro.
Para finalizar, a Transparência Brasil gostaria de dirigir à Mesa do Senado uma pergunta singela: como é possível que uma Casa legislativa que impõe a cada habitante do país um custo verdadeiramente inaudito em comparação com outros países se comporta como vem se comportando na condução da apuração das acusações gravíssimas que pesam sobre seu presidente?
Atenciosamente,
Claudio Weber Abramo
Diretor executivo
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Entrevista José Nivaldo Junior
Bacharel em Direito, mestre em História, jornalista e publicitário desde a juventude, José Nivaldo Junior ou o marketeiro político Zé Nivaldo, como muitos gostam de chamar, tem uma trajetória longa nesta área. É diretor da Makplan, uma das agências com maior experiência em marketing político do Brasil. No seu portfólio estão várias campanhas eleitorais entre elas a de Leonel Brizola para presidência da República em 1989, a de Marta Suplicy para o governo de São Paulo em 1994 e para prefeitura em 2000. Neste mesmo ano, levantou a estrela petista para João Paulo à prefeitura do Recife, e em 2004 esteve ao lado de Paulo Maluf à prefeitura de São Paulo. Zé Nivaldo assessora e presta serviços para governos em todas as regiões do País.
Já fiz outras entrevistas com o mestre, mas esta exclusiva para este blog tem um sabor diferente. Afinal, com tantos compromissos de Zé Nivaldo ele tirou um tempinho para ler meu e-mail com as perguntas e retornar quase que de imediato com as respostas que vocês podem apreciar agora.
Blog Teresa Leonel - Depois dos vários escândalos do governo PT e da falta de credibilidade dos políticos em geral que análise você faz em relação as eleições de 2008?
José Nivaldo - Ainda é cedo para pensar 2008. Tem muito depende pela frente. Depende da reação do Congresso às denúncias, do nível de indignação (ou torpor) da sociedade e das regras eleitorais que vão vigorar. Além disso, as eleições serão municipais e a crise, até agora, é federal.
Blog Teresa Leonel - Com os escândalos em todos os níveis e partidos, você acredita que haverá uma mudança no perfil dos novos candidatos?
Zé Nivaldo - Sinceramente, não acredito.
Blog Teresa Leonel - Que perfil e discurso político você acredita que o eleitor está esperando dos candidatos?
Zé Nivaldo - Creio que o discurso ético vai ganhar força. Além disso, como sempre, o eleitor mandará um recado aos poderes nacional e estaduais.
Trabalho com a hipótese de que candidatos com perfil oposicionista partirão com alguma vantagem, pelo menos nas cidades maiores.
Blog Teresa Leonel - O marketing político é o melhor instrumento para apresentar as propostas dos candidatos e convencer o eleitor? O que fazer para conquistar o eleitor?
Zé Nivaldo - O marketing político não tem receitas mágicas. Em princípio, oferece as melhores opções estratégicas e de comunicação para que o candidato se apresente ao eleitor da melhor forma. Também não existe uma fórmula genérica para conquistar o eleitor. Cada caso tem que ser estudado de acordo com um conjunto de fatores, que incluem a realidade local, o perfil e histórico do candidato, seu posicionamento político/ideológico e os compromissos que está disposto a assumir diante do eleitorado que se propõe a conquistar.
Blog Teresa Leonel - Em geral, que análise você faz sobre a chamada reforma política? Explique um pouco essas questões como voto em lista; financiamento público de campanha, voto distrital.
Zé Nivaldo - A reforma política é mais uma atitude casuística do Congresso, uma forma de se livrar das pressões e dar uma satisfação à sociedade. A prioridade da reforma política deveria ser a consolidação das regras eleitorais, que nunca amadurecem porque são modificadas periodicamente. Caso fosse adotado, o voto em lista significaria que o eleitor não mais votaria em candidatos e sim em partidos. Cada partido apresentaria sua lista de candidatos, que seriam eleitos pela ordem, conforme o voto que a legenda recebesse. Essa opção está temporariamente arquivada. O financiamento público significa o Estado, isto é, a sociedade, arcar com os custos das campanhas, acabando a arrecadação de recursos privados. O voto distrital significaria a divisão do País em distritos eleitorais. Cada distrito elege seus deputados pelo voto majoritário, ou seja, os candidatos concorrem uns contra os outros naquele determinado distrito e só um é eleito.
Blog Teresa Leonel - Os tópicos da reforma política não estão mais voltados para o processo eleitoral do que para mudanças significativas no processo político?
Zé Nivaldo - Você tem inteira razão. O que se chama de reforma política é na verdade mais uma alteração das regras eleitorais, uma fórmula repetidamente adotada para jogar a crise para o alto.
Blog Teresa Leonel - Um dos tópicos da reforma é o voto facultativo. Ou seja, o voto torna-se um direito, e não um dever. O eleitor não é obrigado a comparecer às urnas. Isso já não deveria fazer parte da democracia no Brasil?
Zé Nivaldo - O voto deveria ser facultativo, sempre. Votar é um direito e as pessoas deveriam ter a prerrogativa de utilizar ou não desse direito.
Blog Teresa Leonel - Provocando um pouco o seu olhar crítico, que tipo de análise você faz em relação aos chamados “políticos de interior”, como é o caso de Petrolina? Eles interferem, têm força, no cenário estadual?
Zé Nivaldo - Uma coisa é o político local, outra é o político estadual e outra o nacional. Depende da dimensão e dos papéis que as lideranças assumem. Todos os políticos são importantes, todos têm sua contribuição. Petrolina é pródiga em gerar políticos que assumem uma dimensão estadual, com grande contribuição para o progresso econômico e social de Pernambuco e também da Bahia.
Blog Teresa Leonel - Pelo seu conhecimento em assessoria de campanhas políticas como o eleitor que é leitor/ouvinte/telespectador pode analisar as pesquisas publicadas meses antes da eleição? Que dicas você daria como especialista em relação aos cuidados que ele deve ter na leitura dessas pesquisas?
Zé Nivaldo - A melhor e a mais repetida avaliação da pesquisa é o chavão de que ela representa o retrato do momento. A pesquisa é de opinião. Voto é decisão. A opinião coletiva pode mudar - e frequentemente muda - até na hora do voto. Por isso, muitas vezes fica a imagem de que as pesquisas erraram. Pesquisa só erra se for mal feita, ou dentro das margens de erro e do intervalo de confiança. O que muda é a opinião do eleitor no momento do voto.
Blog Teresa Leonel - Filosofando um pouco, por que muitas pessoas querem ser candidatos a um cargo político? É apenas para estar no poder?
Zé Nivaldo - A política faz parte da sociedade. Em todos os ambientes existe liderança. É natural que pessoas com capacidade para liderar sejam impulsionadas para a vida pública. É uma convocação da qual as pessoas não podem fugir e muitas vezes sequer conseguem explicar. Enquanto houver sociedade, haverá poder. Enquanto houver poder, haverá disputa por ele, em todos os níveis.
Blog Teresa Leonel- Agora pra gente fechar com chave simbólica, existe alguma campanha política que você como marketeiro/publicitário vai fazer aqui em Petrolina?
Zé Nivaldo - Eu não escolho clientes. Os clientes é que me escolhem. Também não discrimino partidos ou lugares. Já fiz campanha em Floresta e em São Paulo, por exemplo, e trabalhei para candidatos de praticamente todas as legendas. Por enquanto, tenho várias sondagens, mas nenhuma campanha fechada para o próximo ano. Ainda tem muito chão pela frente.
Já fiz outras entrevistas com o mestre, mas esta exclusiva para este blog tem um sabor diferente. Afinal, com tantos compromissos de Zé Nivaldo ele tirou um tempinho para ler meu e-mail com as perguntas e retornar quase que de imediato com as respostas que vocês podem apreciar agora.
Blog Teresa Leonel - Depois dos vários escândalos do governo PT e da falta de credibilidade dos políticos em geral que análise você faz em relação as eleições de 2008?
José Nivaldo - Ainda é cedo para pensar 2008. Tem muito depende pela frente. Depende da reação do Congresso às denúncias, do nível de indignação (ou torpor) da sociedade e das regras eleitorais que vão vigorar. Além disso, as eleições serão municipais e a crise, até agora, é federal.
Blog Teresa Leonel - Com os escândalos em todos os níveis e partidos, você acredita que haverá uma mudança no perfil dos novos candidatos?
Zé Nivaldo - Sinceramente, não acredito.
Blog Teresa Leonel - Que perfil e discurso político você acredita que o eleitor está esperando dos candidatos?
Zé Nivaldo - Creio que o discurso ético vai ganhar força. Além disso, como sempre, o eleitor mandará um recado aos poderes nacional e estaduais.
Trabalho com a hipótese de que candidatos com perfil oposicionista partirão com alguma vantagem, pelo menos nas cidades maiores.
Blog Teresa Leonel - O marketing político é o melhor instrumento para apresentar as propostas dos candidatos e convencer o eleitor? O que fazer para conquistar o eleitor?
Zé Nivaldo - O marketing político não tem receitas mágicas. Em princípio, oferece as melhores opções estratégicas e de comunicação para que o candidato se apresente ao eleitor da melhor forma. Também não existe uma fórmula genérica para conquistar o eleitor. Cada caso tem que ser estudado de acordo com um conjunto de fatores, que incluem a realidade local, o perfil e histórico do candidato, seu posicionamento político/ideológico e os compromissos que está disposto a assumir diante do eleitorado que se propõe a conquistar.
Blog Teresa Leonel - Em geral, que análise você faz sobre a chamada reforma política? Explique um pouco essas questões como voto em lista; financiamento público de campanha, voto distrital.
Zé Nivaldo - A reforma política é mais uma atitude casuística do Congresso, uma forma de se livrar das pressões e dar uma satisfação à sociedade. A prioridade da reforma política deveria ser a consolidação das regras eleitorais, que nunca amadurecem porque são modificadas periodicamente. Caso fosse adotado, o voto em lista significaria que o eleitor não mais votaria em candidatos e sim em partidos. Cada partido apresentaria sua lista de candidatos, que seriam eleitos pela ordem, conforme o voto que a legenda recebesse. Essa opção está temporariamente arquivada. O financiamento público significa o Estado, isto é, a sociedade, arcar com os custos das campanhas, acabando a arrecadação de recursos privados. O voto distrital significaria a divisão do País em distritos eleitorais. Cada distrito elege seus deputados pelo voto majoritário, ou seja, os candidatos concorrem uns contra os outros naquele determinado distrito e só um é eleito.
Blog Teresa Leonel - Os tópicos da reforma política não estão mais voltados para o processo eleitoral do que para mudanças significativas no processo político?
Zé Nivaldo - Você tem inteira razão. O que se chama de reforma política é na verdade mais uma alteração das regras eleitorais, uma fórmula repetidamente adotada para jogar a crise para o alto.
Blog Teresa Leonel - Um dos tópicos da reforma é o voto facultativo. Ou seja, o voto torna-se um direito, e não um dever. O eleitor não é obrigado a comparecer às urnas. Isso já não deveria fazer parte da democracia no Brasil?
Zé Nivaldo - O voto deveria ser facultativo, sempre. Votar é um direito e as pessoas deveriam ter a prerrogativa de utilizar ou não desse direito.
Blog Teresa Leonel - Provocando um pouco o seu olhar crítico, que tipo de análise você faz em relação aos chamados “políticos de interior”, como é o caso de Petrolina? Eles interferem, têm força, no cenário estadual?
Zé Nivaldo - Uma coisa é o político local, outra é o político estadual e outra o nacional. Depende da dimensão e dos papéis que as lideranças assumem. Todos os políticos são importantes, todos têm sua contribuição. Petrolina é pródiga em gerar políticos que assumem uma dimensão estadual, com grande contribuição para o progresso econômico e social de Pernambuco e também da Bahia.
Blog Teresa Leonel - Pelo seu conhecimento em assessoria de campanhas políticas como o eleitor que é leitor/ouvinte/telespectador pode analisar as pesquisas publicadas meses antes da eleição? Que dicas você daria como especialista em relação aos cuidados que ele deve ter na leitura dessas pesquisas?
Zé Nivaldo - A melhor e a mais repetida avaliação da pesquisa é o chavão de que ela representa o retrato do momento. A pesquisa é de opinião. Voto é decisão. A opinião coletiva pode mudar - e frequentemente muda - até na hora do voto. Por isso, muitas vezes fica a imagem de que as pesquisas erraram. Pesquisa só erra se for mal feita, ou dentro das margens de erro e do intervalo de confiança. O que muda é a opinião do eleitor no momento do voto.
Blog Teresa Leonel - Filosofando um pouco, por que muitas pessoas querem ser candidatos a um cargo político? É apenas para estar no poder?
Zé Nivaldo - A política faz parte da sociedade. Em todos os ambientes existe liderança. É natural que pessoas com capacidade para liderar sejam impulsionadas para a vida pública. É uma convocação da qual as pessoas não podem fugir e muitas vezes sequer conseguem explicar. Enquanto houver sociedade, haverá poder. Enquanto houver poder, haverá disputa por ele, em todos os níveis.
Blog Teresa Leonel- Agora pra gente fechar com chave simbólica, existe alguma campanha política que você como marketeiro/publicitário vai fazer aqui em Petrolina?
Zé Nivaldo - Eu não escolho clientes. Os clientes é que me escolhem. Também não discrimino partidos ou lugares. Já fiz campanha em Floresta e em São Paulo, por exemplo, e trabalhei para candidatos de praticamente todas as legendas. Por enquanto, tenho várias sondagens, mas nenhuma campanha fechada para o próximo ano. Ainda tem muito chão pela frente.
Assinar:
Postagens (Atom)