quinta-feira, 26 de julho de 2007

Movimentos sociais X partidos políticos 1



Num contexto sociológico, uma sociedade não passa do estágio de crescimento para desenvolvimento sem definições econômicas e políticas. As instituições constituídas que representam os diversos segmentos da sociedade calçam estas definições.

O que se confunde, muitas vezes, e que parece que nunca está muito claro é o envolvimento direto de partidos políticos na direção e na construção das reivindicações dos movimentos de classe. E aí podemos perguntar: o que a greve dos professores estaduais, por exemplo, tem a ver com o partido político X ou Y? Por que os movimentos tais como CUT, MST, UNE e Marcha Mundial das Mulheres e tantos outros que têm deliberações específicas, que tratam de questões relativas as categorias estão ligados (agarrados) a deputados ou senadores X ou Y dos partidos chamados de “esquerda”? (Ainda existe esquerda??)

O registro dos grandes partidos políticos, sem querer citar algum especificamente, mostra que a grande oposição deixa o discurso de oposição quando está no poder e deixa também seus conceitos e ideologia por amor a este poder. Ou é em causa própria? Há dúvidas quanto isso.

Estamos esquecidos que Carlos Prestes, a referência comunista deste país, de luta contra a desigualdade social, pela justiça e pela democracia (acho que a gente já leu este texto antes!!) subiu no palanque com Getúlio Vargas* (1947) o mesmo Getúlio que enviou a esposa do líder, Olga Benário, para o paredão na Alemanha Nazista, sistema este, inclusive, uma tendência apaixonante do próprio Getúlio? Esquecemos isto, foi? Esquecemos que os partidos e os políticos têm seus interesses completamente diferentes dos ideários dos movimentos de classes? Além de que cada um (movimento) tem características e necessidades totalmente relacionadas às suas realidades. E o que isso tem a ver com os políticos?

Parece que não ficou claro ainda para as organizações de classes que na medida em que seu discurso, enquanto movimento de categoria, se atrela, se entrelaça com os partidos servem apenas como elemento de barganha, de uso desses partidos em consonância a um discurso hipócrita de unidade, abaixo a elite, a classe dominante... e por ai vai...

Os representantes sim, das Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas, Câmara Federal e Senado (despois da limpeza geral) devem receber as indicações, reivindicações e outros. Mas este uso deve ser feito como canal e não como associação à categoria. Cada categoria ou segmento deve usar as suas assembléias para debater as solicitações, criar comissões e GTs (Grupos de Trabalhos) e fazer os encaminhamentos pelos tramites normais de plenária. A participação deve ser dos componentes das classes e não dos políticos.

Se assim não o for, estes movimentos vão apenas continuar elegendo alguém para representar a categoria, o que nunca acontece, ou consolidando uma cadeira política para um outro alguém que apenas usa o movimento em prol das “suas necessidades pessoais”.

* Acervo Online da Folha de São Paulo: Publicado na Folha da Noite, quarta-feira, 5 de novembro de 1947.

2 comentários:

  1. Bom texto. Aliás, bons textos. Publiquei uma nota sobre seu comentário acerca da propaganda da 'casa de shows' no www.ombudspe.org.br. Querendo, dê uma visitada. Saudações.

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  2. Obrigada Ivan,
    To ligada no site...
    abs,
    Teresa

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