segunda-feira, 30 de julho de 2007

Cansei! Estamos mudando este país? PARTE 1

Encabeçado por uma instituição de classe, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional São Paulo, começou na nesta sexta-feira, 27, a campanha Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, cujo título, Cansei, retrata uma indignação que já existia mas que foi deflagrada depois do dia 17 de julho. O nosso 11 de setembro de 2001 tem uma outra data. O vídeo de 30” (postado neste blog) tem um grito calado onde o exercício da palvavra está abafado e ao mesmo tempo exposto nas placas dos personagens, bem a cara do Brasil, que mostram cenas de uma realidade que aos olhos da população sofrida precisa ser mudada. Em off, o locutor encerra conclamando a todos que estão indignados a pararem durante um minuto no dia 17 de agosto, às 13 horas.

De acordo com o blog do movimento, http://blog.cansei.com.br/, não se trata de um ato político partidário mas de uma manifestação do povo, pelo exercicio da cidadania e por amor ao Brasil. Junto com a OAB/SP há várias entidades de classes como ABERT (Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV), CREA, Conaje, Conselho Regional de Medicina, FEBRABAN, Grupo de Mídia, entre outras categorias de trabalhadores, eleitores, cidadões...

Paralelo a este movimento, nasce também o protesto do “inventismo” de determinados grupos que trazem à baila o terrorismo de 1964. A volta do Golpe de Estado, a perda dos nossos direitos conquistados e o agito de que movimentos como estes estão ligados ao PSDB e Democratas (parece até que os profissionais políticos desses partidos que são inábeis em fazer oposição podem mesmo mexer com a população).

Assim, estamos caminhando. Só não sabemos bem para onde.

E a mídia neste contexto? Perdida. Totalmente perdida. Apenas cobrindo fatos do dia-a-dia. Afinal, o factual é a agenda. Numa análise menos desastrosa podemos citar algumas notas aqui outras ali, um debate provocante com algumas referências do nosso jornalismo, mas que só acontece na madrugada, o Observatório da Imprensa, incansável em fazer uma análise da própria mídia e alguns textos que navegam pela internet.

Realmente, parece mesmo que perdemos o horizonte do inimigo comum. E quem é nosso inimigo comum? Contra quem estamos lutando? O governo que elegemos a duras penas? Um Congresso Nacional desalinhado? Um governo que veio das bases e não se achou? Estamos lutando contra empresas que não sabem administrar o caos? Ou lutamos contra agências reguladoras que têm um bando de incompetentes (indicados por políticos) na direção?

Contra quem estamos lutando? Quem é o inimigo comum a todos?

O preocupante é que estamos tão perdidos, sociedade e imprensa, que qualquer que seja o movimento de indignação que aflore não sabemos de que lado podemos estar. Porque o mesmo jogador do bem de hoje, pode ser o gladiador do mal amanhã.

2 comentários:

  1. Basta de fascismo da burguesia. Chega de Veja, Folha, Estadão, Globo et caterva. Isso sim.

    A República possui mecanismos democráticos como a PF e o MP, além de ter duas CPI's no congresso investigando o caos aéreo, então não venham com tamanha falsidade.

    O que a elite quer? Derrubar o Lula? E assim que o fizer resolverá os problemas que ela própria criou por não investir no Estado, mas nos seus bolsos! Ah!

    Sejamos honestos, ao menos nós, se ela é competente pra resolver através de um FORA LULA é porque está nos bastidores da crise. Por que a elite demo-tucana não aceita que perdeu as eleições e está na hora dos vencedores governarem e dos derrotados fazerem oposição dentro da democracia.

    Mas realmente, a especialidade da direita é aplicar golpes contra o povo e atentados à liberdade democrática, vide Vargas e a ditadura militar. Basta e chega de fascismo!!!

    Saibam que a noite dos derrotados tem 4 anos de muito trabalho, democracia se exerce com vais, aplausos, passeatas (contra e a favor), não com sentimentos golpistas dos braços midiáticos e classistas que querem pegar carona na insatisfação da classe média como fizeram em 1964... E deu no que deu. Até hoje estamos removendo o entulho totalitário, principalmente na educação.

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  2. Tereza, segue um comentário do Fernando Barros na FSP de hoje sobre o movimento CANSEI. Você também pode acessar o Jânio de Freitas, o MIno Carta e o èlio Gaspari, que tem reflexões interessantes sobre o CANSEI. Cansaram de pobres, dizem os comentários... Abraços, Graça Pinto Coelho




    FERNANDO DE BARROS E SILVA

    Durval, o cansado
    SÃO PAULO - Durval nunca gostou de passeatas, manifestações públicas, pessoas
    reunidas na rua. Coisa de baderneiros, gente desocupada, tudo safado
    -esbraveja. Durval trabalha próximo da cracolândia, região que já foi chique,
    na franja do centro da cidade. Compra e revende carros usados na chamada
    "boca". Batalha duro desde pequeno. A vida o arrancou da escola cedo.
    Como tudo está pela hora da morte, Durval também arruma o seu por fora. Abriu
    um desmanche no fundo de uma garagem. Lugarzinho discreto, negócio modesto. A
    mesada da polícia é que anda salgada. O que sobra ajuda a pagar a faculdade da
    Ivonete, a filha mais velha, sua princesa. Ainda se forma em enfermagem -se
    Deus quiser.
    Durval detesta gente que se junta para protestar -coisa de comunista safado-,
    mas desta vez ficou atraído pela nova campanha: "Cansei". Taí, pensou.
    Identificação imediata. É verdade que não entendeu muito o nome oficial da
    coisa: Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros. Esse negócio de "cívico"
    não é com ele. Parece palavrão de doutor. Mas o slogan fisgou Durval: "Cansei"
    -repetia alto na sua cabeça, reconfortado. Quem foi o gênio? -matutou.
    Gostou mais ainda quando ouviu um dos bacanas: "Temos de nos defender. Se não
    garantirmos o nosso, quem vai garantir?". Durval concordou com o diretor do
    Comitê de Jovens Executivos da Fiesp, Sergio Morrison. Ficou tentado a seguir
    a passeata que foi ontem do Ibirapuera a Congonhas. Mas teve receio de ser
    reconhecido pelo governo. Um dos slogans diz: "Cansei de pagar tantos
    impostos" -e Durval, em falta com a Receita, achou mais prudente não sair de
    casa.
    Identificou o líder do movimento, João Dória Jr. Domingo à noite, costuma
    assistir ao "Mesa Redonda" na TV Gazeta. Quando muda de canal, lá está ele,
    aquela pinta de rico, todo engomado, sempre com alguma loira do lado, sempre
    falando de dinheiro. Se até esse cara cansou, pensou Durval, coitado de mim. E
    foi dormir, mais aliviado.

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